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Who’s That Queen? Rhubarb Rouge

A rainha brasileira Rhubarb Rouge, que vive na Nova Zelândia, nos concedeu entrevista exclusiva em que relembra o começo da carreira, explica sua paixão por Madonna, fala de seu single e da importância da diversidade na televisão.

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🕓 6 min de leitura

Bitch I’m Rhubarb!

13 anos atrás, a drag queen Lady Trenyce precisou de alguém para performar em uma sexta à noite. Neste dia, um rapaz chamado Henrique candidatou-se e Rhubarb Rouge, sua drag, foi oficialmente criada.

Natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Henrique Beirão nasceu em 1987 e mudou-se da terra natal com a família, aos 13 anos de idade, rumo a Palmerston North, Nova Zelândia.

Lá, na terra da longa nuvem branca, Rhubarb deu seus primeiros passos artísticos e foi coroada Miss Drag Wellington, em 2008.

Entre espetáculos temáticos e diversos shows feitos ao longo dos últimos anos, Rhubarb pôde mostrar seus talentos, em rede nacional, ao participar da segunda temporada de House of Drag, reality show competitivo nos moldes de RuPaul’s Drag Race.

Apresentado por Kita Mean e Anita Wigl’it, House of Drag foi exibido de janeiro à abril deste ano e contou com 12 drags no elenco.

Nesta competição, a Brazilian Drag Diva perdeu o lipsync contra Willy SmacknTush e acabou durando apenas dois episódios.

Quatro meses depois de sua passagem pelo programa, Rhubarb concedeu entrevista para a Draglicious onde relembra o começo da carreira, explica sua paixão por Madonna, fala de seu single e da importância da diversidade na televisão.

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Você faz drag desde 2007. De lá para cá, 2020, o que mais mudou nessa profissão?

Acho que originalidade. Quando eu comecei drag não havia RuPaul’s Drag Race pra todo mundo comparar. Hoje, para mim, eu sinto que todo mundo que vê um show de drag local compara com o que assiste na TV e não é a mesma coisa. Não tem o mesmo orçamento, não tem a mesma qualidade. Aliás, a qualidade é maior as vezes fora, não tem a mesma mágica e qualidade de ver ao vivo. Eu acho que em 2007 a gente fazia, pelo menos aqui na Nova Zelândia, as coisas muito mais sem pensar no que os outros vão falar e usando muito mais teatralidade nos shows. Hoje é muito o que é fashion, o que todo mundo faz, copiar looks. Mas também coisas boas mudaram. A qualidade das perucas e maquiagem! Eu olho minha cara no passado e agora não reconheço! Dou graças a deus que o tempo ensina você a ser melhor e aperfeiçoar o seu trabalho.

Quais as diferenças de fazer drag aqui no Brasil e aí na Nova Zelândia?

Eu sinto que drag aqui na Nova Zelândia é mais respeitado como uma arte. Quando eu comecei em 2007 e comentei com a minha família daí do Brasil, ainda tinha muito daquele pensamento antigo de drag ser uma coisa só para gays em boates, ou os transformistas do show de calouros do Silvio Santos. Acho que isso mudou muito e foi uma das coisas boas que Drag Race trouxe pro mundo de drag. Virou uma febre e o pessoal vê o trabalho e as horas que são investidas. Eu curto muito ver a diferença nos estilos de drag. Eu sinto que as drags no Brasil são muito mais femininas e tem aquela coisa mais de querer parecer com mulher e aqui eu sinto mais aquela coisa de drag ser mais palhaça, exagerada, engraçada. Mas tem dos dois tipos nos dois países. Acho que aqui também tem muito mais respeito em questão de segurança. Eu me sinto mais seguro caminhando aqui na rua de drag, uma coisa que nunca faria aí no Brasil.

Como você foi parar no elenco do House of Drag 2? Assistiu a temporada anterior?

Eu assisti a temporada anterior e já conhecia as drags que apresentavam. Eu me inscrevi online achando que eu nem faria parte. Daí me ligaram, fizeram uma entrevista, e depois outra e de repente recebo um email. Parabéns, você foi selecionado! Foi uma experiência bem interessante. Acho que faria muito diferente se eu entrasse novamente! Você fica o tempo inteiro se auto censurando pensando como o que você vai falar vai ser editado ou como os outros irão reagir. Eu devia ter ido muito mais livre, leve e solta e teria concorrido mais!

Você lançou um single. E o processo de criação? Pretende fazer mais música?

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Sim. Essa música eu escrevi parte de uma peça de teatro que eu fiz chamada “Confessions of a Drag Queen”, retratando minha vida saindo do Brasil, vindo para a Nova Zelândia e descobrindo drag e o mundo gay. Gravei ela originalmente uns dez anos atrás. Quando House of Drag saiu eu achei que seria legal lançar algo e essa música veio na cabeça. Um amigo meu gravou, fiz o clipe e saiu. Estou planejando uns remixes pra música. Quem sabe vira sucesso!? Também estou escrevendo outras e procurando pessoas para colaborar. Se alguém quiser, manda mensagem.

Fala para a gente sobre sua paixão por Madonna. Vi nas suas redes sociais muitas postagens sobre ela. Nível fã-raiz.

Madonna pra mim, junto com o Pedro Almodóvar, são uma das minhas maiores inspirações artísticas e como pessoa. Eu sou grande fã dela desde os meus três anos. Fascinado! Tanto que já viajei até o outro lado do mundo pra ver ela ao vivo. Admiro a garra dela e sua atitude tipo: “Foda-se, vou fazer o que eu quero. Não importa minha idade, sexo ou religião”. Eu acho que ela foi a grande razão pela qual eu comecei drag. Querer ser que nem ela, me vestir como ela e dançar/performar como ela. Muita gente prefere ela dos anos 80/90, mas pra mim ela é como vinho, mais velha fica melhor. Tive o prazer de ir num show privado dela só para fãs em Melbourne, Austrália. Foi o dia mais feliz da minha vida estar na primeira fila e ela falar comigo. Missão cumprida.

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Quais foram os 3 conselhos que Ellie Katt, sua mãe drag, lhe deu, e você levou para toda vida e carreira?

  1. Blend – Misturar / aplicar bem a maquiagem.
  2. Be nice (seja legal). Não precisa ser rude quando você está em drag. Não entendo porque muitas drags são assim.
  3. E seja profissional. Profissional sempre!

Sua temporada teve, além de você, brasileira, pessoas da Guatemala e Estados Unidos. Qual a importância de mostrar diversidade na TV?

Muita, ainda mais nos dias de hoje, com tudo que a gente tem vivido. Existe mais do que só gente branca e bonita na TV. Na vida real somos de todas as cores, tamanhos, línguas e nacionalidades. A gente quer ver a realidade, isso é muito mais entretenimento do que o mundo de fantasia.

Você foi eliminada em um desafio de dança, no episódio dois. Ao relembrar desse dia, pensa que poderia ter feito algo diferente? Como avalia sua trajetória no programa?

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Quase ninguém sabe mas naquele dia de gravação eu estava passando muito mal! Acordei com uma enxaqueca horrível e eu estava desidratada. A equipe estava fazendo soro caseiro para eu tomar e tentar acordar. Eu tava meio desligada.. Acho que também com nervosismo não ajudou. Eu sei dançar. Vê lá meus vídeos de apresentações antigas e veja que eu sei balançar. Mas acho que foi uma combinação de tudo que eu podia ter feito melhor, ter feito mais caras e bocas. E na verdade muita gente acha que fui eliminada injustamente porque a drag que escolheu quem era o bottom 2 não escolheu o outro grupo porque eram amigas. Eu acho que fui muito legal demais com todo mundo, o que eu sou naturalmente. Não sou uma pessoa rude ou shady, mas acho que podia ter sido um pouquinho mais venenosa na competição, hahaha! O tempo inteiro eu pensava: não quero parecer rude porque eu não quero que o povo pense que eu sou rude. Quem vai querer contratar uma drag queen rude pra sua festa? Acho que foi assim que conquistei sucesso também.

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Por qual motivo o programa não é exibido aqui no Brasil?

Realmente não sei. Adoraria que fosse para meus amigos e família verem. Sei que é exibido no Canadá… e se você procurar com jeitinho tem online.

Nesse momento delicado na política, com Bolsonaro no poder, queria que você deixasse uma mensagem para a comunidade LGBTQIA+ aqui no Brasil. É preciso se impor contra o fascismo.

Importante todo mundo ser e crer em si mesmo. Essa é a maior arma que podemos usar para fazer os outros abrirem os olhos e acordarem. Juntos somos mais fortes.

Para conhecer mais de Rhubarb Rouge visite seu site oficial rhubarbrouge.com/; e a siga em suas mídias sociais: FacebookInstagram, Twitter e YouTube.


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