A primeira temporada de Drag Race UK chegou ao fim e agora faço minha avaliação final de tudo que assistimos durante oito semanas. Embora tenha suas diferenças marcantes com a versão original, eu confesso que A-D-O-R-E-I Drag Race UK, pois acima de tudo atendeu minhas expectativas.
A coisa mais importante a ser pontuada é a diferença básica entre as versões UK e USA, as drags britânicas prezam pela PERFORMANCE, enquanto as estadunidenses focam mais em LOOKS. Por isso para alguns foi frustrante ver UK, pois em comparação a USA os looks deixaram muito a desejar. O que acho bem problemático, pois arte drag é algo subjetivo, amplo e universal que contempla inúmeras manifestações artísticas e não apenas desfiles de moda. Por isso acredito que enquanto o fandom do show original não se desvencilhar da ideia de que drag é apenas desfilar looks deslumbrantes vão continuar achando DRUK fraco.
Mas se as drags pecaram em visuais, compensaram muito em personalidade. Mesmo estreando com apenas dez rainhas, vimos uma diversidade de queens de encher os olhos. Teve drags para todos os gostos, desde as mais barulhentas, até aquelas quietas e estranhas. O carisma transbordou em algumas, o que me deu vontade de ficar conversando com elas por horas. E o humor ácido característico do povo britânico se faz presente na maioria delas.
Além de personalidade, as rainhas arrasaram nas performances. Foi muito divertido assisti-las atuando, mesmo que algumas tenham sido fracas, a maioria arrasou e tirou muitas gargalhadas dos jurados e de nós, espectadores. É perceptível o nível de comprometimento delas com a atuação, focadas em uma boa performance, assim como em acatar as críticas de Visage por exemplo, quando foi diretora.
O Snatch Game foi um show a parte. Há tempos não me divertia tanto vendo drags personificando personalidades famosas. As drags britânicas deram uma aula de humor e interpretação. Elas provaram que não é preciso conhecer a celebridade para curtir o desafio, o importante é torná-lo engraçado. Espero que as RuGirls americanas tenham tomado nota e aprendido como se faz um Snatch Game de verdade.
Já os dramas, tão recorrentes na versão USA, não vimos aqui. As rainhas são amigas, várias se conheciam antes mesmo de participar do show, logo elas não se apegaram a conflitos entre si para ganhar tempo de tela. O objetivo maior das drags foi mostrar seu trabalho, especialmente para conseguir bons trabalhos do lado de fora do programa (que não paga prêmios em dinheiro, entenda aqui). Os dramas que vimos foram questões pessoais, muito importante de assistirmos. Pois não só humanizou as queens, como nos tornou mais próximo delas, ao provar que ser LGBT continua sendo um ato de amor e resistência em qualquer parte do planeta.
Por fim, chegamos nos lipsyncs, que ao meu ver sim foram o ponto fraco da versão britânica, mas nada que pese contra as drags, pois são questões de estilos. E com DRUK vimos um jeito diferente de fazer drag, que ficamos acostumados em assistir com RPDR USA.
Outro ponto positivo, e gritante, foi ver como RuPaul, Visage e a maioria dos jurados convidados se divertiram com o show, o que conta muito a favor, pois é sempre bom lembrar que RPDR é um programa de tv, feito para nos entreter, então não é para ser levado tão a sério!