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Wigstock: o festival drag de New York está de volta

🕓 6 min de leitura

Com nova programação, o festival retorna pela primeira vez em anos, na era em que drag se tornou popular na TV e se luta cada vez mais maior pela igualdade de gênero, mas também é uma demonstração ousada contra o fanatismo na era de Trump.

Sherry Vine, Jackie Beat, Lady Bunny e Bianca Del Rio.

Burning Man, hoje em dia, é o festival mais rico, mais branco, super dosa e tecno-futurista dos festivais, atraindo hordas de todo o mundo, o evento começou no deserto de Nevada no último fim de semana. Mas Nova York teve uma resposta cheia de glitter.

O Wigstock está de volta. O festival drag de moda, lantejoulas, salto alto, perucas grandes e, de todas as maneiras imagináveis, o oposto de Burning Man, ressurgiu em Manhattan pela primeira vez em anos.

Mais de uma década desde a última vez que ocorreu, a nova versão de Wigstock “está de volta a NY como os problemas de convergência hormonal na época dos aspargos”, explica sua fundadora original nos anos 80, Lady Bunny, para o Guardian no sábado.

Mas qual dos dois deve ser considerado de maior relevância cultural é algo em aberto.

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O festival de Nova York, realizado em um píer no extremo sul de Manhattan na tarde de sábado e até as primeiras horas da madrugada, prometia um espetáculo extravagante de quem é quem no mundo drag e além de apresentações de cabaré da cidade. Bianca Del Rio, Lypsinka, Joey Arias, Justin Vivian Bond, Murray Hill, Sherry Vine, Bob The Drag Queen, Peppermint, Alaska e Amanda Lepore estavam entre os 50 artistas drags, todos organizados pela drag queen veterana, comediante e ativista Lady Bunny.

“Nova York tornou-se muito corporativa e tediosa”, disse Bunny, o nativo do Tennessee Jon Ingle, que lançou o Wigstock em 1984. Começou então com uma performance improvisada de drags no Tompkins Square Park, na parte de Manhattan conhecida como Cidade do Alfabeto, para um público cativo de moradores de rua que viviam no pequeno parque. Com o passar do tempo o festival desapareceu e as tentativas de relançamento, mais recentes, tiveram sucesso moderado.

Lady Bunny, fundadora original do Wigstock nos anos 1980.

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“Mas, em vez de reclamar como é o que tem rolado no nosso cenário atual, eu prefiro fazer uma festa, um evento divertido para encerrar o verão, espero que anualmente”, disse Bunny, que é conhecida por suas perucas loiras altasespalhafatosas e humor provocativo.

Ela acrescentou: “O festival de Wigstock ainda não se enrolou e foi tingido!” [comparação com um processo de tratamento capilar]

A duas mil e seiscentas milhas de distância, em Black Rock City, Nevada, dezenas de milhares de frequentadores do festival Burning Man na sexta-feira à noite observaram dois trens de madeira colidirem em meio a uma série de explosões. Os eventos pirotécnicos do festival foram cercados por guardas em um esforço para evitar a repetição da tragédia fatal do ano passado, na qual Aaron Joel Mitchell, de 41 anos, se chocou contra a efígie do Burning Man.

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Neil Patrick Harris e Davi Burtka.

Wigstock foi um pouco mais caseiro, uma celebração mais folclórica na era da TV tradicional e da igualdade queer e trans – e ainda uma demonstração contra a divisão e o fanatismo na era da presidência de Donald Trump. Houve um aceno ao comercialismo, claro, não é tão pós-moderno. Wigstock é um evento que precisa de ingresso, não é mais gratuito para todos sob o céu estrelado. Foi organizado não apenas por Bunny, mas pelo proeminente ator Neil Patrick Harris e seu marido, David Burtka.

Wigstock é lendário, surgiu durante a crise da Aids e a reação contra o Orgulho LGBT. O título, obviamente, é uma brincadeira com Woodstock, depois do icônico festival de música hippie em Nova York, em 1969; no mesmo verão, os distúrbios de Stonewall na cidade provocaram o movimento de libertação LGBT.

Bob The Drag Queen

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Dirigindo-se ao local do centro da cidade no início da tarde de sábado, Paul Alexander, compositor e um dos astros originais de Wigstock: The Movie, de 1995, disse:

“A sociedade abriu muito e reconheceu que somos parte disso. Estamos lentamente adquirindo empregos de destaque e não apenas marginalizados para trabalho sexual. RuPaul teve muito a ver com isso. Ele abriu os olhos do mundo para nossa aceitação”.

Ele não estava em drag nesta ocasião, usava apenas um chapéu incrível de dreadlocks jeans. Nikki Exotica, autoproclamada pop star, ostentava uma longa peruca escura, orelhas de gato peludas, uma máscara e uma saia de borracha sobre uma tanga, com saltos altos. Ela disse: “Estou muito animada por estar aqui. Estamos trazendo os anos noventa de volta. Mas agora é sobre inclusão e é sobre isso que trans se trata”.

Lady Bunny usava um vestido psicodélico e uma peruca que se estendia cerca de meio metro além do topo da cabeça dela.

O Wigstock de New York mais memorável da história foi quando o artista australiano Leigh Bowery cantou All You Need is Love, que culminou, impossivelmente, com ele “dando à luz” a seu assistente Nicola, que estava escondido de cabeça para baixo em seu extravagante traje.

“O ano em que Leigh Bowery participou foi o melhor”, lembrou Kim Hastreiter, estilista de moda e co-fundador da Paper, uma revista independente de cultura pop.

De acordo com Hastreiter, Wigstock emergiu do Pyramid Club, um minúsculo bar na Avenue A, na esquina da Tompkins Square Park, que era o lar noturno de artistas drags lendários como Ru Paul e Joey Arias, e bandas como Deee-Lite e  Ultra Naté, do artista Taboo e dos designers de moda Marc Jacobs e Stephen Sprouse.

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Latrice Royale e Lady Bunny ao fundo.

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“Era tudo sobre crianças e jovens simplesmente enlouquecendo. Eu não sei se eles estavam com ácido ou o que, mas era definitivamente psicodélico. Muitos eram artistas ou amantes das artes e a moda era fantástica”, disse Hastreiter.

Mas o efeito foi de longo prazo. Bowery ficou conhecido como um precursor da modificação extrema do corpo, enquanto a queen do Pyramid Club, RuPaul Charles, transformou drag em educação-entretenimento para ao americano comum com seu premiado programa de TV RuPaul’s Drag Race.

Bianca Del Rio

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Neil Patrick Harris, protagonista da recente reencenação de Hedwig e de Angry Inch na Broadway, promete homenagear este ano a Aretha Franklin, cujo funeral foi na sexta-feira. A Rainha do Soul será interpretada pela drag queen e competidora de Drag Race, Latrice Royale.

Harris atirou perucas na multidão com uma pistola de ar. Peppermint, outra estrela de Drag Race, dublou. A multidão foi a loucura. Teve muitos apetrechos de penas para a cabeça e dança erótica.

“Então esqueça os cartões laminados, as pulseiras e a cara exclusividade tecnológica que o Burning Man se tornou”, diz Lady Bunny.

Há algo para todos neste show [Wigstock], desde música ao vivo até a dublagem, de drag Kings para artistas da house music. Estou muito feliz que as pessoas sintam a necessidade de serem tão inclusivas agora – mas na Wigstock sempre fomos inclusivos.

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Mais fotos das RuGirls que participaram do Wigstock

Alaska

Peppermint

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Sharon Neddles

Willam

Com informações do The Guardian.

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