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Drag Queens

Who’s That Queen? Kennedy Davenport

“O programa (Drag Race) é apenas uma pequena representação de drag”, afirma Kennedy Davenport nesta entrevista exclusiva para a Who’s That Queen?

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🕓 10 min de leitura

Neste artigo você encontra:

Introdução: Muito mais do que a diva dançante do Texas
Antes da Kitty Girl, o ser humano por trás da rainha
Em ritmo de descoberta, os primeiros passos
Vida pessoal, lutas e bullying
Marinha
Nasce uma drag
Nome drag e a época de Baby Queen
Família
Concursos e competições
RuPaul’s Drag Race temporada 7
Snatch Game
Curiosidades 7° edição Drag Race
RuPaul’s Drag Race All Stars temporada 3
RuPaul’s Drag Race All Stars temporada 5
A música segundo Kennedy Davenport
Conclusão: Faça o mundo lembrar seu nome

Introdução: Muito mais do que a diva dançante do Texas

Existem muitas formas de apresentá-la, mas nenhuma delas é tão eficaz e sonora como:

LaGuardia, Newark, Kennedy Davenport”.

Déjà Ru? Acredito que sim.

Você lembrou da forma como RuPaul chamava Kennedy Davenport durante a 7° temporada de RuPaul’s Drag Race, exibida de 2 de março à 1° de junho de 2015.

Revelada para o grande público neste programa, Kennedy repetiu o feito 2 anos depois, ao ingressar, em 2017, na 3° edição do spin-off RuPaul’s Drag Race All Stars.

Até aqui, nada disto é novidade para você, então, me diga, afinal, Who’s That Queen?

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Antes da Kitty Girl, o ser humano por trás da rainha

Reuben Asberry Jr poderia ser considerado um contador de histórias.

Suas narrativas falariam sobre diversos causos que levariam a imaginação das pessoas a milhas de distância, porém, com uma grande reviravolta.

Ele mesmo é o protagonista das muitas vidas que viveu até aqui e agora são a elas que você será apresentado.

Em ritmo de descoberta, os primeiros passos

Desde que nasceu, em 9 de setembro de 1980, na cidade de Dallas, no Texas, Estados Unidos, Reuben demonstrava aptidões artísticas, sendo assim, começou a cantar aos 4 anos de idade.

Aos 8, adotou inconscientemente um hábito que o acompanha feito uma sombra: competir.

Muito extrovertido quando jovem, Reuben estava no ensino fundamental, entre a 5° e a 6° série, quando começou a sentir seu corpo, os elementos do ar e a dança.

Mesmo sem saber nada sobre esta arte, se viu envolvido pelos movimentos, por exemplo.

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Em paralelo a este universo, a realidade, nua e crua, continuava a existir.

Vida pessoal, lutas e bullying

Neste contexto, Reuben cresceu com muitas responsabilidades, o que lhe fez amadurecer rápido e engrossou sua pele para enfrentar um inimigo comum de LGBTQIA+: o preconceito.

Para Reuben, assumir-se como um homem gay nem foi a parte mais dolorosa do processo.

O difícil fora lidar com o bullying em seus primeiros anos de vida, com as pessoas apontando para ele, chamando-o de bicha, afetando diariamente sua saúde mental.

A homofobia era tanta que, aos 13 anos, Reuben tentou se suicidar ao lidar com tanta pressão.

Ao analisar esta fase, ele acredita que pode ter se originado deste ponto a sua depressão, um quadro que durou até quase os seus 30 anos.

Com a terapia descobriu seus gatilhos e aprendeu que, ao encontrar o seu propósito, esta doença cede.

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Ao lado disto, Reuben enfrentou um problema com drogas, experimentou cocaína e ecstasy, vindo até mesmo a ter uma overdose.

Ao se deparar com os excessos do mundo, encontrou na religião um lugar seguro para si mesmo.

Investir no lado espiritual o ajudou também a superar um relacionamento abusivo.

Todas estas situações o levaram a um caminho curioso.

Marinha

Então com 23 anos em 2003, Reuben, que precisava se reestruturar e voltar a ter disciplina, passou 3 anos como militar.

Esta experiência o ensinou a falar com as pessoas e também lhe fez dar um tempo de algo que se interessara pela 1° vez aos 16 anos. Drag.

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Nasce uma drag

Certa vez, Reuben estava numa boate e seus olhos localizaram algo que prendeu sua atenção: uma drag queen.

A fusão causada pela imagem dela e a recepção do público, calorosa, despertaram nele uma vontade que, logo, logo, seria saciada. E como.

Em outra oportunidade, um amigo de Reuben o abordou e ressaltou que ele ficaria bonito montado, além de também apresentá-lo à falecida Nikki Foster.

Nikki não aceitou ser sua mãe drag por sentir-se atraída por Reuben, mas isto não a impediu de colocá-lo em drag algumas vezes.

Nesta época ela o chamava de Barbie Doll.

Nome drag e a época de Baby Queen

Enquanto dava seus primeiros passos como rainha, o mesmo amigo de Reuben fez a ponte entre ele e Kelexis Davenport, sua futura mãe drag.

Nos primórdios, seu nome era Mia, mas, nesta fase, quem entrava para a família Davenport tinha que adotar um nome que começasse com a letra K.

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Um dia Reuben fez uma ligação telefônica para Kelexis e ela o batizou como Kennedy.

Segundo a mesma, é um nome unissex e apela para públicos variados.

O sobrenome é uma homenagem à Divine no papel de Dawn Davenport no longa-metragem Female Troubles.

Devidamente iniciada, Kennedy agora tem uma nova carreira para focar, porém, ao mesmo tempo teve que resolver a situação com sua mãe biológica.

Ela não queria vê-la em drag porque Kennedy ainda era menor de idade e estava no ensino médio.

Vivendo uma era rebelde enquanto se ambientava no drag, Kennedy teve todo apoio e mentoria de Kelexis, que cuidava de sua vida escolar.

Indo além, Kelexis participava, inclusive, da rotina da família de sangue de sua filha. Falando nela.

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Família

A mãe e a irmã de Kennedy são 2 das figuras mais importantes de sua vida.

Todas elas viveram o luto pelo falecimento, em 25 de outubro de 2013, de Reuben Asberry Jr, o patriarca da família.

Fora a saudade, outra batalha ocorreu, daquelas que exigem nervos de aço.

Kennedy cresceu e viveu bons anos na mesma casa em Oak Cliff.

Depois da morte de seu pai, a empresa hipotecária cobrou o valor de 33 mil dólares para evitar que a casa fosse executada.

Uma campanha foi criada no GoFundMe e um evento drag, com Rugirls, aconteceu com o objetivo de arrecadar o valor.

Com a ajuda dos fãs, Kennedy e mais 4 membros de sua família, que moravam na casa, conseguiram, em menos de uma semana, coletar mais ou menos a metade da meta, cerca de 550 doações, até atingirem o sucesso total desta empreitada.

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Por fim, Kennedy precisava ter êxito porque sua irmã, uma pessoa com transtorno mental, tem nela a sua guardiã legal.

Concursos e competições

Fora das demandas da vida adulta, no fantástico mundo das drag queens, Kennedy, que aprendeu desde cedo a perder para poder ganhar, investiu na carreira de concursos.

Sem internet, era a opção viável para construir um trabalho sólido dentro e fora de sua região.

Parte da House of Ebony, Kennedy iniciou drag em período integral a partir de 2005, mas…

Ao levarmos em conta sua biografia ao pé da letra, neste ano de 2022 ela completa 26 anos de carreira.

Este tempo de trabalho mostrou para Kennedy que drag não se resume a levantar, maquiar-se e emular uma mulher.

Drag é sobre um sentimento imortal, liberdade de expressão.

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Desta forma, Kennedy, uma competidora por natureza, encarou o America’s Got Talent em 2013, sendo cortada na rodada de Vegas.

Bom, se este reality show não ‘quis’ alguém que participou do programa de dança BFA na University of North Carolina School of The Arts, em outros certames seria melhor, não?

De 2009 à 2019 Kennedy competiu em cerca de 20 concursos, ganhando vários deles.

No pacote como um todo podemos destacar o Miss Gay USofA, um objetivo a ser alcançado desde que começou sua carreira.

Entre uma vitória e outra, eis que chega a hora dele mesmo, RuPaul’s Drag Race.

RuPaul’s Drag Race temporada 7

Logo que começou a assistir o programa de RuPaul, Kennedy consumia tudo, embora achasse que não fosse para ela.

Foi quando Rugirls como Latrice Royale e Coco Montrese convenceram-na a tentar entrar na competição.

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Incentivada, fez uma fita de audição com duração de 13 minutos.

Então com 34 anos, Kennedy achava que precisava se elevar, o que a ajudou a ficar mais firme de sua decisão.

Anunciada como uma das 14 Rugirls da 7° temporada em 2 de março de 2015, é aqui que Kennedy, mais uma vez, se reinventa.

4° lugar geral, esta rainha registrou um histórico competitivo interessante!

Ela venceu 2 desafios principais e mini desafios, dublou pela vida 2 vezes, mandando Jasmine Masters e Katya para casa, até enfim ser eliminada.

O Sashay Away veio no episódio 12, depois do lip sync contra Ginger Minj, Pearl e Violet Chachki.

Snatch Game

E no intervalo entre sua entrada e saída, um fato em especial virou uma marca histórica em sua corrida.

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A 1° celebridade masculina personificada no Snatch Game, o precursor Little Richard.

Kennedy foi apresentada ao cantor ainda criança porque seus pais ouviam a música dele.

Apesar da familiaridade, interpretá-lo no Snatch Game não era seu plano inicial, pelo contrário.

A ideia original consistia em fazer Hattie Mae, do seriado Love Thy Neighbour, de Tyler Perry.

Na noite anterior a gravação deste desafio, Kennedy pegou um casaco, colocou na bolsa e pensou que, se fosse difícil, escolheria Little Richard, sua última opção.

Encerrando este assunto, uma conversa de Kennedy com RuPaul não foi ao ar. Veja só.

Nela, a apresentadora lhe disse algo como:

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Eu nunca tinha visto isso antes”.

A reação se deve ao personagem vivido por ela, Little Richard.

Mama Ru preferia que Kennedy o fizesse em vez de Sweet Brown.

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Curiosidades 7° temporada Drag Race

Ainda sobre a 7° edição, no 12° episódio, 2 momentos específicos chamam atenção e são dignos de nota.

O discurso da final que, segundo a própria declarou à imprensa, foi cortado e mal editado; e o vestido de arco-íris com o qual saiu de cena.

Criado por Rico Cavali, de Houston, Texas, este look foi encomendado por Kennedy quando ela se preparava para um desfile.

Ao escolher um estilista, além de acreditar no talento do artista, esta drag quase nunca apresenta uma ideia do que quer porque parte do princípio que é a musa deles.

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Como tal, quer representá-los com algo que seja feroz, memorável, exatamente o que aconteceu na feitura desta roupa.

Extrapolando o Ruverso, Kennedy, após o programa, participou de um episódio do reality show Skin Wars, na companhia de outras Rugirls até, adivinhe só, voltar para…

RuPaul’s Drag Race All Stars temporada 3

Exibido de 25 de janeiro à 15 de março de 2018, este spin-off rendeu à Kennedy um honroso 2° lugar, uma vitória em desafio principal e 4 bottoms até a grande final, no episódio 8.

Ah, e 10 mil dólares, claro!

Infelizmente, tudo tem seu lado ruim e Kennedy rompeu com Trixie Mattel, a vencedora da temporada, devido aos seus comentários maldosos durante o programa, sempre criticando-a.

Aqui cabe a icônica frase:

Fuck my drag, right?

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Kennedy Davenport em foto promocional para RuPaul’s Drag Race All Stars 3.

Embora toda esta turbulência, ambas gravaram, em julho de 2021, o Pit Stop do All Stars 6.

Sinal de que tudo se normalizou, não acha?

A cargo de curiosidade:

Kennedy usou o vestido de arco-íris novamente na final porque o programa é focado na comunidade gay e, para ela, não existiria forma melhor de encerrar este ciclo.

Finalmente, ela faria uma abordagem diferente da Janet Jackson do episódio Divas Lip Sync Live, transmitido em 1° de fevereiro de 2018.

RuPaul’s Drag Race All Stars 5

Mais a frente, em julho de 2020, Kennedy confirma que a boa filha a casa retorna, afinal, ela volta ao All Stars 5, desta vez, como assassina de lip sync.

Junto à Miz Cracker, ela dublou Fancy, de Reba McEntire, mas foi derrotada, o que nos leva a um porém. Dois, na verdade.

Kennedy teve apenas 2 dias para aprender a letra desta música.

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Além do mais, em uma entrevista anterior a sua participação nesta competição, feita para a NewNowNext, ela admitiu que sua faixa menos preferida para dublar é…

Fancy, de Reba McEntire:

São palavras demais para aprender. Muitas!”, afirma.

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A música segundo Kennedy Davenport

Por outro lado, Kennedy também teve experiências positivas.

No campo musical, por exemplo.

Fora Throw Ya Hands Up, single e videoclipe oriundos do álbum RuPaul Presents CoverGurlz 2, de 2015, as faixas Drag Up Your Life e Kitty Girl ganharam seus versos e vocais.

Em 2017, Kennedy participou do single natalino One Last Christmas Card, feat Mrs. Kasha Davis e Eureka O’Hara.

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Em 16 de março de 2018, a primeira música autoral, Moving Up, com participação especial de Dresia Dee.

E agora eu lhe pergunto: e fora da música?

Conclusão: faça o mundo lembrar do seu nome

Kennedy não se vê fazendo drag, se montando para o resto da vida.

Ela se enxerga atuando nos bastidores, ajudando as rainhas mais jovens.

Indo mais longe, deseja fazer trabalhos voluntários que lidem com adolescentes sem-teto.

E tem mais coisas?

Sim, como você poderá ver logo abaixo, na íntegra, na nossa entrevista exclusiva.

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Confira, Dragliciosa!

Kennedy: em que estado fica a saúde mental da rainha que participa duas vezes de RuPaul’s Drag Race? É possível passar “impune” por estas experiências?

Com qualquer coisa em que você coloque tudo em que seja física e mentalmente exigente, existe algum tipo de punição. Mas não acho que seja uma punição ruim. Quanto à minha saúde mental me sinto ótima e sou muito grata pela oportunidade.

A arte drag é bem representada por RuPaul’s Drag Race?

Drag é uma evolução, nem mesmo Drag Race pode acompanhar. O programa é apenas uma pequena representação de drag.

Tem medo que sua personagem Kennedy Davenport tenha ficado maior que a artista que você é?

De forma alguma, porque sempre confiei em quem eu sou, dentro e fora do drag. É através da Kennedy que posso ser a artista que sou.

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Qual é o momento exato, um fato que te fez ter certeza de que você era uma pessoa LGBTQIA+?

O momento em que minha avó me disse que eu era gay. Eu tinha estado ativamente no armário, então quando ela me contou, a autorrealização entrou em ação e daquele ponto em diante eu estava assumida e orgulhosa disso.

Há um abismo de diferença quando se olha para as primeiras temporadas de RuPaul’s Drag Race e as edições mais atuais. Quem mudou? As rainhas ou o programa?

O programa, é claro. Ele tem que evoluir quando se trata da produção do programa e como ele é apresentado ao mundo. Isso é o que mantém o programa em primeiro lugar.

Dizem que RuPaul é uma pessoa de temperamento forte, difícil de lidar no dia-a-dia. Ser julgado por ela requer muito controle dos nervos, Kennedy?

Não, porque não me intimidei com ela ou com o processo do programa. Sou uma artista muito confiante e entendo quem ela é e como ela trabalha.

Meet & Greet com Kennedy e Shangela.

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O que quer uma drag que já percorreu um longo caminho? Normalmente, o padrão é querer alcançar dinheiro e fama. Para quem já tem os dois, o que vem a seguir?

Não me considero rica ou famosa. Ainda estou caminhando no meu propósito. Com este processo não há limite para o meu sucesso. Então continuarei entretendo as massas para garantir que o bem-estar da minha família esteja seguro.

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Para ler outras entrevistas exclusivas da Who’s That Queen clique aqui.

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