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Who’s That Queen? Divina de Campo

“Não gosto muito de competições. Acho que, a menos que sejam feitas com sensibilidade, tendem a ser exploradoras”, afirma Divina de Campo nesta entrevista exclusiva para a Who’s That Queen?

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🕓 7 min de leitura

Ela não inventou a roda do drag, só ajudou a melhorá-la. Estamos falando de uma rainha que tem a nítida impressão de que a Michelle Visage não gosta dela, porém, você com certeza pensa diferente: todo mundo viu seu like em uma certa foto com peruca vermelha e vestido prateado.

Celebrizada com a transmissão da primeira temporada de RuPaul’s Drag Race UK, feita de três de outubro a 21 de novembro de 2019, Divina de Campo é muito mais do que a vice-campeã da principal competição drag mundial. E é sobre isto que falaremos agora.

Para entender a criação, temos que ir direto ao criador. Neste caso, Owen Richard Ferrow, inglês de 36 anos, nascido em cinco de maio de 1984, em Brighouse, West Yorkshire (Inglaterra).

Fascinado pelo universo feminino desde criança, Owen naturalmente se vestia como menina, usando vestidos com frequência. Independente do tema das brincadeiras, suas personagens acabavam sendo sempre a bruxa má ou a princesa.

Enquanto crescia, este interesse prosseguia com Owen. Em 1998, aos 14 anos, ele inicia o processo de descoberta da própria sexualidade. Aos 18, quando fora convidado para festas à fantasia, continuava se caracterizando como mulheres, sejam elas fictícias, como Lara Croft, ou reais, como Christina Aguilera.

E foi como esta cantora pop que Owen fez drag pela primeira vez, homenageando sua participação no videoclipe de Lady Marmalade. Logo em seguida, montado, ele foi encontrar seu melhor amigo, que não o reconheceu. A experiência lhe marcou profundamente e serviu como um bom indício do que ainda viria pela frente.

Alguns anos depois, Owen se forma na Manchester Metropolitan University. Na sequência, dois acontecimentos definem os rumos de sua vida: o dia em que conheceu Paul Yarwood e o começo, agora oficial, como drag queen.

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Era um domingo à tarde, dia 17 de julho de 2005, quando Paul, então na parte externa do Old Club, viu pela primeira vez Owen. O que começou como encontros casuais durante dois meses, virou noivado em 11 de maio de 2011, após uma viagem a Veneza para; por fim, transformar-se em casamento em 11 de fevereiro de 2012. Hoje em dia estão casados há nove anos, uma parceria que se estende a vida profissional.

Paul foi a primeira pessoa que incentivou Owen a fazer drag. Com mais de vinte anos de experiência como gerente de locais LGBTQIA+, ele detectou o potencial do parceiro e disse: “Você é uma dançarina, você pode cantar e você é quase engraçada”.

O apoio deu certo: Divina de Campo fez sua primeira performance como drag queen ao participar de um evento de artes em uma pequena vila de mineração no norte do País de Gales. Na ocasião, usou um vestido azul e um cocar de penas pretas. Seu nome homenageia Divine e faz, também, um trocadilho com o chef italiano Gino D’Acampo. O sobrenome brinca com o conceito de camp, algo exagerado. Para ela, é um nome que diz que você pode esperar o inesperado.

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Enquanto explorava suas primeiras experiências como drag, um pensamento seguia a acompanhando: música. Desde criança, lá pelos três, quatro anos, Owen já era considerado um pequeno Pavarotti nas plateias onde marcara presença, portanto, não é de se estranhar sua presença, tempos depois, no coral da igreja e teatro amador.

O lado compositor de Owen data de antes da primeira temporada de RuPaul’s Drag Race UK. Nesta época, escrevia letras, ideias e fragmentos musicais, algo natural para quem cresceu ouvindo teatro musical, com ênfase em Elaine Paige, Barbara Dickson e música de coral.

Na adolescência, por volta dos 15 anos, Owen descobre outro universo musical, tão saboroso quanto suas primeiras influências: o pop. A partir daí, nomes como Spice Girls e Céline Dion passam a frequentar suas playlists, ao lado de seu amor pelo Eurovision, Kate Bush e Peggy Lee.

Se pudesse fazer um dueto dos sonhos, Divina o faria com Tori Amos, uma cantora que ela considera incrível, assim como reafirma sua admiração por seu professor de canto, a maior influência no trabalho musical desenvolvido até este momento.

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Quando perguntada se podemos esperar mais música vindo dela, Divina afirma que sim, que não será sempre igual, mas será sempre divertido. Isto justifica a discografia construída por ela até aqui.

No último dia oito de janeiro, Gothy Kendoll, irmã de temporada de Divina, lançou seu primeiro single, “Switch”, com participação da própria e também do DJ e produtor Forbid.

Esta faixa é a mais recente de um trabalho fonográfico iniciado em 31 de outubro de 2019, com a edição do single “Break Up (Bye Bye)”, feita no episódio “Girl Group Battle Royale”, por sinal, a primeira gravação oficial de Divina como drag cantora.

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A partir deste ponto, Divina já disponibilizou dois EPS e diversos singles, sozinha ou com seu grupo, as Frock Destroyers. E é para falar de música, mais especificamente a música segundo Divina de Campo, que a convidei para a entrevista que você pode ler logo abaixo, na íntegra. Confira:

Olá, Divina. Parabéns pelo seu EP de Natal e os últimos singles das Frock Destroyers. Você conhece o trabalho de alguma drag queen brasileira?

Obrigada, querido! Sim, Pabllo é incrível! Estou tão animada por nossa música.

Aqui no Brasil a situação causada pelo coronavírus saiu do controle. O número de pessoas mortas está muito alto.

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Todos nós temos observado. Com a remoção do Trump, porém, parece haver uma mudança política. Estou esperando o melhor para todos vocês.

Vamos falar de coisas mais agradáveis: seu primeiro single, “A Drag Race Song”, foi lançado em 22 de novembro de 2019, pouco mais de um ano atrás. Qual análise você faz da sua estreia hoje?

Que trajeto e alegria. Ser capaz de criar música e lançá-la ao mundo e fazer com que as pessoas respondam tão positivamente tem sido maravilhoso!

É curioso notar que todas as seis músicas do seu EP, “Decoded”, foram escritas por você com Ashley Levy, Paul Coultrup e Tomas Constanza. Como foi o processo de trabalho em equipe e por que escolheu estas pessoas?

A equipe foi sugerida pela minha empresa de gerenciamento PEG. Eles têm um histórico de fazer música com os ex-participantes de Drag Race e são uma equipe muito forte. O trabalho aconteceu da seguinte forma: a criação de uma faixa de baixo a partir de referências e influências que enviei e então Ashley e eu trabalhamos nas letras e melodia juntas. Eu tinha coisas que queria falar e explorar e fizemos isso pegando meu monte de ideias e transformando elas em algo que eu amo.

Para mim, “Gratify” é o seu grande momento como cantora: com esta faixa, você mostra até onde drag pode ir. Como surgiu a ideia desta mistura eletrônica/pop? Desde a primeira vez que a ouvi, sinto que esta música é “grande”.

Gratify é um verdadeiro momento de cruzamento colocando muitos aspectos diferentes da minha carreira e minha experiência vocal em jogo. Tem um elemento autobiográfico liricamente como um prazer para as pessoas. Quero fazer as pessoas felizes e satisfazer elas. Melodicamente e correndo o acompanhamento é uma batalha entre o clássico e o contemporâneo.

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Em 31 de outubro de 2019 foi exibido o episódio dos girl groups. O que não foi mostrado que você gostaria que o público tivesse visto?

O processo, risos! Eu nos mantive executando a coreografia de novo e de novo. É chamado de perfuração aqui. Você apenas repete e repete até que você não precise pensar sobre isso. Há tão pouco tempo para fazer qualquer coisa que realmente é uma corrida.

Precisamos falar sobre você no Rumix de “To The Moon”, no último episódio: quando você se lembra deste dia, qual é a primeira lembrança que vem a sua mente?

O que é Rumix?

Rumix, no seu caso: “To, to, to the moon”. Os versos que você compôs com as finalistas para a música Rock It: (To The Moon), de RuPaul.

Ahhhhhh, isso faz sentido agora, hahaha! Que de alguma forma eu tinha recebido a coreografia mais fácil de nós três. Foi louco! Então eu disse não. Eu argumentei e pressionei e disse a eles como ia acontecer. Eu não andaria de um lado para o outro do palco. Nem uma maldita chance. Risos!

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Sobre sua participação no The Voice UK, em 2016, cantando “Poor Wondering One”, na segunda fase das audições às cegas: foi quando eu vi/ouvi você cantar pela primeira vez.

Isso é ótimo! The Voice foi o primeiro round.

O que acha que aconteceu? Mudaria a música? Você tinha uma segunda opção?

Essa foi a minha primeira audição e meu plano era que fosse a última. Não gosto muito de competições. Acho que, a menos que sejam feitas com sensibilidade, tendem a ser exploradoras. A voz definitivamente não é aquela na minha experiência. Era um ambiente muito favorável e bem administrado para os competidores. Eu queria cantar isso porque causaria um rebuliço e ninguém se viraria. Não se trata de quão bom você é, mas se eles acham que podem trabalhar com sua voz.

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Por fim, confesso que não esperava um álbum do seu grupo, Frock Destroyers. Isso me fez muito feliz! Como foram as gravações?

Foi feito durante a pandemia, por isso foi muito rigoroso com testes e distanciamento e tentando ser o mais seguro possível. O processo de gravação e escrita foram ótimos, uma conversa real e um desenvolvimento de ideias juntos. Eu amo as Frock Destroyers.

Obrigado pelo seu tempo e atenção, Divina Divine.

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Beijo, doll!

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Para ler outras entrevistas exclusivas do Who’s That Queen clique aqui.

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