Uma das drag queens mais famosas do mundo atualmente, Trixie Mattel conquistou uma base de fãs internacionais que não se cansam da estética de Barbie e Dolly Parton e da personalidade igualmente brilhante. Mas, de acordo com a nativa de Milwaukee de 29 anos – conhecida em casa e fora do drag como Brian Firkus – sua vida não é apenas brilho e glamour, como pode ser visto em seu novo documentário Trixie Mattel: Moving Parts.
O filme, dirigido por Nick Zeig-Owens, estreou na noite de quinta-feira (25 de abril) no Tribeca Film Festival para uma multidão de fãs obcecados por Trixie Mattel – muitos dos quais compareceram à exibição com camisetas com a era da queen estampada ou até mesmo versões dos looks clássico que a Mattel apresentou na TV. Embora ela tenha andado no tapete vermelho com um vestido magenta que abraça o corpo cheio de enchimentos com uma peruca loira, Trixie disse ao The Hollywood Reporter que está ansiosa para mostrar uma versão mais despojada de si mesma com este projeto.
“Quando eu me inscrevi para fazer esse filme, eu honestamente pensei que seria uma história que destaca-se como eu sou incrível e linda. Mas uma vez que as câmeras começaram a gravar, as coisas ficaram mais pesadas do que eu esperava. Mas isso é a vida real. E eu decidi que nada estaria fora dos limites. Este filme é realmente sobre o lado mais obscuro do drag”.
Enquanto o Moving Parts segue a empolgante ascensão de Mattel para novos níveis de fama depois de vencer Drag Race All Stars 3 em 2018, o documentário também explora o lado vulnerável da rainha. Mattel não apenas reflete sobre o inesperado colapso de Katya Zamolodchikova, melhor amiga e co-estrela do programa The Trixie & Katya Show, mas também compartilha histórias sobre os abusos que sofreu na infância, nas mãos de seu padrasto agora falecido.
Abaixo, Trixie fala mais sobre Moving Parts, este novo capítulo em sua carreira e o que acontece quando a maquiagem é apagada e ela volta a ser Brian.
Em que ponto das filmagens você percebeu que esse filme seria um retrato mais cru da cultura do drag?
A cena de abertura é só eu. Está chovendo lá fora à noite e eu estou abrindo caixas de perucas. Não há iluminação para a fantasia, não há espelho iluminado, não há pó HD-amaciador. Ficou bem real muito rápido.
Moving Parts [Partes Móveis] mostra a sua amiga e companheira de temporada de Drag Race, Katya, tendo um colapso nos bastidores de The Trixie & Katya Show – o que levou a sua passagem pela reabilitação e um momento conturbado em sua amizade. Foi difícil filmar isso?
Nos bastidores de The Trixie & Katya Show, as câmeras estavam lá para pegar minhas filmagens no trabalho e, em vez disso, a coisa toda tomou outro rumo, como todos nós veremos no filme. E há muitas coisas que achamos que seriam divertidas. Mas, da mesma forma que na moda, nada é fácil e nada é simples. Tudo está dando errado e há grampos visíveis e você está caindo das escadas. Como eu disse, este é o lado tenso do drag. É muito real, muito cru. [Moving Parts] realmente tem tudo – o bom, o ruim e o feio.
O que os fãs vão aprender sobre você e a cultura drag que eles não entenderiam simplesmente assistindo à RuPaul’s Drag Race?
Este filme vai mostrar às pessoas como eu levo isso a sério. As outras 23 horas do dia, eu não estou apenas cutucando meu nariz e esperando para me montar em drag. Há todo um sistema de polia de fumaça e espelhos que deve ser operado o dia todo. Como uma drag queen, você é um negócio em miniatura – e você não é uma verdadeira celebridade. Eu não posso dizer “Pegue meu pessoal!” Eu sou minha equipe, infelizmente.
Para os jovens LGBTQ que assistem a este filme, o que você espera que seja a mensagem principal que eles absorveram a cerca do abuso que sofreu quando criança?
Honestamente, isso parece ruim – mas todo mundo é uma vítima e coisas assim aconteceram com todos. Então, vadia, você não é especial. O mundo não vai quebrar porque algo de ruim aconteceu com você. Pegue uma peruca e faça acontecer. Siga em frente. O que quer que tenha acontecido no passado, acho que é sua decisão se você pega isso ou não e repete na sua mente várias e várias vezes. Siga em frente. Seja sua própria história de sucesso! Seja alguém que quando você menciona o que aconteceu com você, as pessoas fiquem tipo: “Sério? Você parece normal”. Eu fico tipo, “Sim, eu sei”. Porque normal é o fato de todo mundo ter algo ruim acontecendo com eles. Olhe para mim, fui atropelado por um carro a caminho daqui e estou ótima. [Risos]
Quando você assistiu Moving Parts em sua totalidade pela primeira vez, quais partes eram suas favoritas para reviver?
Quanto tempo você tem? Porque, como eu disse, quando decidi fazer o documentário, achei que seria apenas um videoclipe da minha vida com cortes de mim posando, mostrando as melhores partes da minha carreira por uma hora. E quando assisti ao filme, percebi que era tudo isso e muito mais. As partes incríveis me fazem ficar tipo, “Uau, esse é o momento mais legal da minha vida”. A parte no filme quando eu ganhei Drag Race, aconteceu tão rápido. Quando assisto ao filme, penso comigo: “Essa é a coisa mais legal”. Eu sinto que posso morrer agora. Isso é o quão legal foi.