Visibilidade, defesa e esperança foram os grandes temas na 30º GLAAD AWARDS anual, que foi apresentado por Shangela (leia aqui) e contou com a maior participação que a cerimônia já teve com mais de 1.300 convidados.
Madonna foi homenageada com o prêmio Advocate for Change [Defensora da Mudança]. Ela começou dizendo que 2019 é um “ano monumental”, lembrando a Revolução de Stonewall (leia aqui) que ocorreu há 50 anos e provocaram um “clamor” revolucionário.
“Crescendo, eu sempre me senti excluída, como se eu não me encaixasse. Não foi porque eu não depilavai debaixo minhas axilas, eu simplesmente não me encaixava.
Por que sempre tive vontade de mudar? É uma pergunta difícil de responder. É como tentar explicar a importância da respiração ou a necessidade de amar”.
Ela falou sobre se sentir como uma pessoa excluída até conhecer seu professor de balé, Christoper Flynn, que morreu de AIDS em 1990. Seu mentor ajudou-a a chegar a Nova York, onde ela floresceu e encontrou aceitação dentro da comunidade LGBT.
“O primeiro homem gay que conheci se chamava Christopher Flynn. Ele era meu professor de balé no ensino médio e ele foi a primeira pessoa que acreditou em mim. Isso me fez sentir especial como dançarina, como artista e como ser humano. Eu sei que isso parece trivial e superficial, mas ele foi o primeiro homem a me dizer que eu era bonita. Ele me levou à minha primeira boate gay no centro de Detroit. Eu disse ao meu pai que estava tendo uma festa de pijama na casa de uma amiga – isso me deixou de castigo pelo resto do verão”.
Quando a arte da comunidade foi obscurecida pelo ataque da epidemia de AIDS, ela viu isso como uma oportunidade para a defesa de direitos da comunidade LGBT.
“Isso me fez sentir triste, me fez sentir mal, me fez querer chutar o traseiro de todo mundo. Para citar uma música do meu novo disco, a vida é um círculo, a morte e a perda trouxeram uma nova vida, me trouxeram à vida, me levaram ao amor. E assim estamos de volta ao começo do meu discurso, a importância do amor. Porque assim que você entende o que significa amar, você entende o que é preciso para se tornar um ser humano. E é dever de cada ser humano lutar, defender, fazer tudo o que pudermos e o que for preciso”.
Este tipo de visibilidade e manifestação de amor pôde ser visto durante todo o evento, já que os convidados abraçaram e falaram sobre como a visibilidade e a ruptura de comportamentos arcaicos tem sido uma batalha difícil, mas isso tem gerado esperança.
Os criadores da série Pose quebraram essas fronteiras com o maior elenco de atores trans num porgrama de televisão roteirizado, contando a história da cena ballroom dos anos 80. O show ganhou o prêmio GLAAD por Melhor Série Dramática. Quando perguntada sobre o impacto do programa, a escritora e produtora Our Lady J disse que tem sido uma oportunidade para provar que os descrentes estão errados.
“Foi incrível ver Hollywood nos abraçando. Tem havido muita pressão, mas também é uma grande responsabilidade. Eu sinto que a comunidade trans pode provar para Hollywood que podemos fazer arte que as pessoas possam sintonizar, porque por muitos anos as pessoas diziam que o talento não estava lá, o que nós sabíamos que não era verdade”.