De um lado nós o temos, Frank Diaz, um homem gay cisgênero, com aproximadamente oito anos de experiência profissional no mundo das vendas. Uma pessoa sossegada, daquelas que almejam mesmo é a adrenalina de ficar em casa, seja com os amigos assistindo filmes ou apenas celebrando com a família.
Do outro nós a temos, a sensação latina em atividade desde cerca de 2006, com passagens pela sétima temporada de RuPaul’s Drag Race, na qual foi a quinta eliminada, e The Switch Drag Race: Desafío Mundial, de onde saiu como oitava colocada. Kandy Ho’ e Frank dividem o mesmo corpo, mas até se conhecerem, um longo caminho teve que ser percorrido. É ele que você conhece agora, nesta edição da Who’s That Queen?
Frank nasceu no dia 24 de setembro de 1987, em Connecticut, nos Estados Unidos, porém, grande parte de sua vida aconteceu em Cayey, uma cidade montanhosa de Porto Rico. Desde criança alimentava a vontade de ser artista, dançar para uma plateia e, no caso dele, realmente se aplica a máxima do: “Cuidado com o que você deseja”, como comprovarei mais à frente.
Anos mais tarde, alguns amigos de Frank precisaram de um substituto para um show de talentos em Porto Rico, oportunidade na qual ele estreou como drag queen, fazendo Madonna, no videoclipe de Hung Up, do álbum Confessions on a Dance Floor. É aqui que Kandy Ho’ veio ao mundo, nervosa depois das cortinas serem abertas pela primeira vez para ela e um novo universo ser descoberto.
Como requisito da competição, Frank tinha que ter um nome como rainha. Ao reunir-se com um grupo de amigos, começaram a especular sobre qual seria o dele. Alguém disse: “Candy”, devidamente aprovado por ele, entretanto, com K em vez de C. Seu ex-namorado pontuou que ficou fofo, mas faltava algo para, digamos, esquentá-lo. Eis que surge a ideia final: Ho’ com um apóstrofo para que o público saiba que é de uma prostituta. Frank aceitou e o nome artístico vingou.
Em seguida, os amigos de Frank estavam ensaiando um número do grupo The Pussycat Dolls para a Parada Gay de Porto Rico e precisaram de uma garota a mais no elenco. Solidário, ele topou a empreitada, apesar de ter admitido à imprensa que parecia abatido nesta montação, a segunda de sua vida, todavia, desta vez ele curtiu o processo como um todo e algo diferente aconteceu, sabe o quê? A vontade de se montar novamente.
No final das contas, a apresentação se transformou em uma irmandade, a The Doll House, uma casa famosa em Porto Rico, com nove drags dispostas a tudo, menos passar despercebidas, claro; logo, não é de se estranhar quando elas começaram a competir em certames de beleza e talento, ganhando coroas e títulos. Neste balaio encontramos April Carrión, da sexta temporada de RuPaul’s Drag Race.
Irmãs desde 2009, April não só aconselhou Kandy a ser ela mesma no reality show, sem exagerar para ganhar tempo de tela, como ainda usou uma camiseta com a foto dela durante sua participação. Este apoio seria fundamental momentos depois, quando Kandy, após ter feito somente um teste para entrar no programa, conseguiu sua vaga e começou a chorar e gritar de emoção, tendo que ligar para sua mãe para compartilhar a boa notícia.
E muitos, ao lembrarem desta Rugirl no programa de Mama Ru, ainda insistem em associá-la a uma briga inexistente entre ela e Tempest DuJour devido a um suposto shady sobre idade, o que não faz o menor sentido, já que ambas são amigas e a própria Kandy admitiu que, com sorte, quando tiver 50 ou 60 anos, ainda fará drag e trabalhará no palco, uma característica que admira bastante em Tempest, Rugirl que não pôde chegar ao sexto episódio, Ru Hollywood Stories, a despedida de Kandy.
Eliminada uma semana antes do Snatch Game, ela teve duas ideias distintas para este desafio clássico: a primeira, Britney Spears, que havia feito na fita de audição, mas havia o receio de fazê-la após Tatianna celebrizar sua personificação da Princesa do Pop, então, restou a apresentadora norte-americana de TV e empresária Martha Stewart. Esta imitação não aconteceu, ainda, mas as devidas mudanças ocorreram, como é comum com quem é integrado a máquina associada a RuPaul’s Drag Race.
No começo, Kandy estava se acostumando a ficar em casa por dois dias, pegar um avião e voltar um dia depois para executar a mesma rotina, a vida de uma rainha a colher os louros por sua participação na maior competição drag mundial, não é mesmo?
Foi assim que ela recebeu um e-mail dos produtores do The Switch Drag Race, interessados em tê-la na segunda edição do programa, proposta recebida com muitas horas de reflexão antes de ser aceita. Nele, um concurso musical, só faltou mesmo ela cantar Can’t Take That Away From Me”, da Mariah Carey, uma música com uma boa mensagem, cuja qual mantém uma relação especial. Mas tudo bem, suas quatro vitórias bastam, concorda comigo?
Por fim, Kandy atualmente vive em Orlando, na Flórida, Estados Unidos, e eu posso te adiantar, como prévia da entrevista disponibilizada logo abaixo, que ela não pode viver sem três coisas: seus iluminadores da Anastasia Beverly Hills, gloss nude e sua gata Bibi. Quer saber mais? Confira!
Ao longo de 13 temporadas americanas, RuPaul apresentou 166 drag queens ao mundo, as Rugirls, no entanto, apenas duas delas participaram de RuPaul’s Drag Race e The Switch Drag Race – Desafío Mundial: Gia Gunn e você. Como estas duas experiências influenciaram sua drag?
Primeiro, gostaria de agradecê-lo pela entrevista. Ainda não fui ao Brasil, mas espero poder visitar em um futuro próximo. RuPaul’s Drag Race e The Switch 2 influenciaram minha drag de muitas maneiras. Quando eu estava no Drag Race eu era uma bebê, realmente não me conhecia ou a minha drag além de que eu era uma artista feroz. Estar no Drag Race me mostrou que eu ainda tinha muito a aprender sobre mim mesma e sempre serei grata por isso. O Switch 2 foi um momento muito especial na minha vida. Eu nunca tinha ido ao Chile e poder trabalhar com garotas de diferentes partes do mundo foi algo que me fez crescer também.
Vou te oferecer um desafio: o que os fãs brasileiros não sabem até hoje sobre sua participação na sétima temporada de RuPaul’s Drag Race e você adoraria contar pela primeira vez?
Acho que a maioria dos fãs do Drag Race conhece todo o babado, mas um momento muito especial para mim foi quando Ariana Grande veio me abraçar para me parabenizar por estar no programa. O que vocês provavelmente não sabem é que antes da minha temporada os jurados famosos e o elenco nunca tiveram qualquer comunicação após os lip syncs, então, quando Ariana Grande pediu para vir me ver pra me parabenizar eu estava tão feliz e, mesmo tendo sido eliminada, eu sei que saí com um estrondo. Acho que todos podemos dizer que amamos Ariana Grande.
Quando penso em drag queens, automaticamente penso nesta performance no link abaixo. Qual a importância do palco para você? Que lembrança este dia te traz?
Nunca esquecerei esse momento. Robotika me lembra amigos, trabalho duro, paixão, madrugadas. Me lembro da prática intensa e de como todos nós nos unimos e fizemos desse talento o que ele é. Estar no palco é tudo para mim. Toda a preparação que faço é para aquele momento de estar no palco e ser eu mesma, livre. Há algo sobre estar no palco que me faz sentir poderosa e imparável.
Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com mais três drag queens, quem você escolheria e por qual razão?
Se eu tivesse que formar um grupo pop eu escolheria Nina Flowers pelas batidas, Jessica Wild para que ela pudesse trazer aquela sensação latina, April Carrión pelo corpo e eu. Eu vou ser responsável pelo show e coreografia.
“Armour”, seu primeiro single, não está mais disponível no Spotify. O que aconteceu? Quatro anos após o lançamento deste single, como é ouvi-lo?
Armour foi uma das primeiras músicas que gravei, mas Solo Hoy era a música que eu tinha no Spotify. Talvez eu coloque a faixa no Spotify de novo, quem sabe.
Por que escolheu Marcela Thais para trabalhar na composição do seu novo single, “Solo Hoy”?