Tivemos um ano e tanto de Drag Race até agora, não foi? As várias temporadas de 2021 nos ensinaram algo diferente sobre a franquia. A 13ª temporada mostrou como é importante encontrar o momento, enquanto a 2ª temporada do Reino Unido demonstrou que mesmo uma pausa de sete meses nas filmagens não pode derrubar um grande elenco de todos os tempos. A Drag Race España provou como abraçar as raízes de um país de origem pode tornar a temporada excelente, enquanto a Drag Race Down Under sofreu por nunca realmente se estabelecer na Austrália e na Nova Zelândia. (Além disso, racismo.)
Mais recentemente, o triunfante All Stars 6 revelou através da vitória de Kylie Sonique Love que nem o tempo longe do show nem um histórico menos que perfeito é um obstáculo para a vitória. Enquanto isso, a eliminação prematura de Keta Minaj em Drag Race Holland S2 prova que o histórico ainda deve significar algo. (Sério, como isso aconteceu?) Mas todo o pacote resulta em uma franquia em meio a grandes mudanças. Ele está se expandindo em todo o mundo, com o estrelato global no horizonte para suas rainhas. (Parabéns, Symone, por ter sido escalada para a nova comédia romântica de Billy Eichner)
E com isso, é claro, vêm algumas dores de crescimento. Embora ela fosse a favorita dos fãs e sua vitória fosse amplamente celebrada, houve alguns resmungos de que a performance de Kylie no All Stars 6 não merecia uma coroa. Isso levantou mais questões sobre o quanto o histórico deveria importar – um debate que a base de fãs tem tido desde que Sasha Velour e suas pétalas de rosa ganharam a temporada 9. Além disso, Down Under foi nada menos que um desastre (estou francamente chocado que voltará para uma segunda temporada), e serviu como um conto de advertência sobre a expansão muito rápida de uma franquia.
Então, entramos na terceira temporada do spinoff internacional mais popular do show, o Drag Race UK, com muitas perguntas no ar sobre exatamente como essa série irá evoluir. Felizmente, no seu melhor, o Reino Unido é ótimo em nos fazer esquecer todas aquelas questões importantes sobre o futuro da franquia. As duas primeiras temporadas foram um arraso absoluto na maioria de seus episódio, apenas para cair de rendimento na reta final do jogo com episódios fracos. A terceira temporada do Reino Unido cairá na mesma armadilha? Quem sabe! Mas esperamos ter muitos momentos divertidos pela frente, então podemos lidar com essa questão mais tarde.
Depois de uma curta retrospectiva de destaque apresentando alguns dos melhores momentos da 2ª temporada do Reino Unido, começamos com a reentrada de Veronica Green – pintada inteiramente com maquiagem verde! Aqueles que assistiram à segunda temporada de UK vão se lembrar que Veronica foi desclassificada e não pôde retornar após contrair COVID-19 logo antes de as filmagens serem retomadas. Ela recebeu um convite aberto para voltar, um convite sobre o qual me lembro que ela parecia um tanto hesitante na época. Eu questionei se ela não voltaria – foi assim que ela soou evasiva.
Ao vê-la retornar… honestamente, eu entendo. Veronica tem uma nova introdução, mas não há muito que ela possa dizer que seja diferente do que mostrou antes. Ao contrário das rainhas que voltam para o All Stars, ou mesmo rainhas que retornaram como Eureka! e Vanessa Vanjie Mateo, ela não teve tempo para fazer uma turnê ou se apresentar ao vivo. Esta temporada começou a ser filmada no início deste ano, o que significa que Veronica teve pouco tempo fora do confinamento entre as duas temporadas. O resultado é alguém que está reiniciando da estaca zero sem ser por culpa dela, apenas de seu sistema imunológico.
Ela fala com esperança sobre não ser subestimada pelas outras garotas desta vez, mas eu realmente acho que ela perdeu uma vantagem crucial que tinha na 2ª temporada: o elemento surpresa. Veronica subverteu as expectativas em sua primeira tentativa, mas agora temos uma ideia melhor do que ela é capaz. Ela realmente precisa demonstrar algo novo, especialmente com outras cantoras e atrizes este elenco. Ela parecia muito nervosa ao ver Ella Vaday entrar na sala de trabalhos – difícil ser a rainha que quer estar em Wicked in the West End quando sua colega de elenco literalmente esteve em Wicked in the West End.
Depois de passarmos por Veronica, temos algumas apresentações sólidas para as outras garotas, incluindo a rainha do teatro, Ella. Kitty Scott-Claus (Claus se pronuncia “claws [garras]”, fazendo o nome soar como “Kitty’s Got Claws” [gatinha tem garras]) é uma rainha da personalidade com um conhecimento diversificado da cultura pop. Vanity Milan é relativamente novata com apenas um ano de drag em seu currículo, mas um tremendo nível de polimento e roupas feitas por seu marido. Choriza May é a primeira rainha espanhola nesta franquia, que responde a possíveis perguntas sobre ela estar no Drag Race UK com um simples “Ouça, Linda, comecei a fazer drag em Newcastle”.
Talvez a entrada mais notável seja a de Victoria Scone, que recebe uma rodada de suspiros e aplausos ao aparecer. Ela é a primeira mulher cisgênero da série a competir, e a segunda rainha designada mulher no nascimento (ou AFAB) após Gottmik da 13ª temporada. “Eu nasci com uma vagina e ela ainda está forte”, diz ela em um confessionário. (Ela também é lésbica – e há um momento fofo depois que ela adivinha corretamente o título do filme “Robocock”, em um jogo de mini-desafio de Dirty Charades, quando ela deixa escapar: “Eu nem gosto de pau!”) Muita atenção é colocado durante todo episódio sobre a natureza histórica de seu elenco e, de fato, é um grande passo para Drag Race incluí-la. Às vezes, pode soar como uma autocomplacência, mas considerando o discurso que eclodiu na sequência da escalação de Victoria, estou feliz que a série esteja dedicando um tempo extra para enfatizar a história que está sendo feita.
Victoria é uma das melhores no desafio principal desta semana, que vê as rainhas estrearem com dois looks separados: um inspirado em sua cidade natal e outro inspirado em uma de suas coisas favoritas. A primeira categoria está um pouco desatualizada neste ponto, já que estamos em nossa terceira iteração dela, enquanto o prompt de “coisas favoritas” está absurdamente aberto para interpretação. As coisas variam de “ABBA”, o favorito de Kitty, ao conceito geral de “música” – que duas rainhas, Scarlett Harlett de East London e River Medway de Kent, fazem. O visual floral de Victoria em Cardiff é ótimo, mas aposto que é a roupa do chá da tarde que ganha as melhores notas.
Scarlett se sai bem o suficiente para ganhar uma pontuação alta, tornando-se o melhor visual de “música” e um deslumbrante conjunto de “Pérolas mais Rainha Elizabeth I”. Mas é Krystal Versace, de 19 anos, que se junta a Victoria no top 2. Seu visual de cidade natal revestido de hera é sólido, enquanto seu visual de coisas favoritas inspirado em lince é um vencedor absoluto. Sua maquiagem em ambos é impressionante também. Os juízes notam a atenção de Krystal aos detalhes, e é claramente um fator vencedor para ela esta semana. Ela me lembra Aquaria, tanto na idade (Krystal acomoanha Drag Race desde os 13 anos e se autodenomina “Geração Ru”) e no sentido da moda.
Em uma reviravolta, Victoria e Krystal devem dublar pela vitória, o que normalmente é feito em episódios de não eliminação ou All Stars. A música é “Total Eclipse of the Heart” de Bonnie Tyler, e está claro que Krystal está mais em sintonia com a emoção da música. Victoria tenta se igualar, mas seu traje é restritivo, e ela não se inclina o suficiente no camp para fazer funcionar. A jovem de 19 anos supera Victoria, ganhando o primeiro emblema RuPeter da temporada. (Sim, ainda estamos na BBC Three, não há prêmios reais.)
River cai no bottom 3 por causa de sua visão pouco inspirada de “música” – mais uma vez, a falta de especificidade! – mas sua visão incrivelmente engraçada de uma estátua no topo de um cone de trânsito para seu visual de cidade natal a salva. Isso deixa notavelmente a pequena rainha Elektra Fence no bottom 2, enfrentando o outro garoto de 19 anos deste elenco, Anúbis. Ambas as rainhas mostram uma promessa em suas entradas, com Elektra explicando que seu nome vem de ser literalmente eletrocutada por uma cerca (acompanhado do vídeo engraçado), e Anúbis observando que é raro ver rainhas mais jovens com pegada camp em Drag Race. Infelizmente, os looks de cidade natal da dupla são apenas bom, enquanto Anúbis recebe o temido rótulo de “básica” para sua segunda roupa de criatura do mar.
A dupla dubla “Sweet Melody” do Little Mix e, honestamente, este acaba em segundos. Anúbis dá o seu melhor para se emocionar e se destacar, mas Elektra é como um raio no palco. Ela é incrivelmente flexível e seus saltos, splits e movimentos que desafiam os ossos (como ela fez algumas dessas coisas?) são mais do que suficientes para garantir a vitória dela.
É uma triste despedida de Anúbis, que apresenta um novo tipo de jovem rainha para o show. Mas, mesmo desde o início do episódio, parece haver uma sensação de que este elenco só é grande o suficiente para um garoto de 19 anos. Krystal vence, enquanto a rainha egípcia (que, deliciosamente, diz que não é nenhuma “Gizé”) leva sashay away.
Esta é uma estreia agradável, com reviravoltas suficientes (sem mini-desafio de sessão de fotos, duas dublagens) para manter as coisas interessantes. Ainda assim, o fato de que todas as três temporadas agora começaram com o desafio principal de duas passarelas me faz esperar por uma sacudida ainda mais drástica. Eu nunca acho que vamos ter a melhor impressão das bonecas com este único desafio, e como Asttina Mandella provou na temporada passada, vencer não é garantia de longevidade na competição. (Justiça para Asttina!) Esta temporada foi filmada logo após o sucesso da segunda, e tenho algumas preocupações sobre os elementos parecerem apressados. Mas um desafio com o tema de pelotão com pegada cômica para os looks na próxima semana está acalmando meus medos. Drag Race UK está de volta, baby.
DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para o que é uma estreia bastante divertida, temos um segmento que é uma verdadeira mudança de tom. River revela que sua mãe faleceu de COVID-19, enquanto Choriza fala sobre as lutas por estar isolada de outras pessoas durante o confinamento. Parece que o programa está tentando nos lembrar do lugar e da hora em que foi filmado, mas é uma mudança de humor bastante brusca (e momentânea).
Choriza é excelente no mini-desafio Dirty Charades [charadas safadas] com seu toque atrevido em títulos de filmes, mas não há vencedor – apenas bons momentos para todos.