Das quatro finalistas, ela teve o melhor histórico. Xantara Thompson venceu o primeiro e último desafios principais da história da Academia de Drags, nunca soube nem qual cheiro o bottom tem, porém, em seu primeiro lipsync, aquele com o bilhete premiado com destino a grande final, a câmera preferiu fechar na lata e Gysella Popovick sobreviveu para arrasar outro dia.
“Não foi dessa vez, pessoal, mas estou aqui para agradecer ao apoio, a torcida e as mensagens carinhosas que venho recebendo e pedir desculpas a todos. Desculpem, mas infelizmente, minha inexperiência no palco me derrubou. O Academia de Drags foi incrível, uma experiência única”, disse em seu perfil no Facebook, no dia 17 de novembro de 2014, sobre sua eliminação, no episódio seis.
De fato, o currículo de Xantara, na época de gravação do Academia, não a ajudava muito. Sua persona drag foi criada em 21 de janeiro de 2013, deu seus primeiros passos na boate Victoria Haus brasiliense, entretanto, problemas de saúde a tiraram de circulação por um tempo. Mais a frente, em outubro do mesmo ano, ela ganhou o concurso “Choque de Monstro”, na Victoria Haus, apresentado por, veja só, a chapa afrouxou? Silvetty Montilla. Com essa bagagem e, como diria Monique Heart, “glitter e Jesus”, ela passou pela competição.
Natural de Brasília, Xantara tem uma relação de amor com as plumas e o carnaval. Cresceu dublando e dançando “Wuthering Heights”, da cantora e compositora inglesa Kate Bush, artista que a faz recordar do porque faz drag. Também é fã de Madonna e, no Brasil, acompanha nomes como Aretuza Lovi, Flavio Verne (coreógrafo da Pabllo Vittar), Thália Bombinha, Pikineia, Lysa Bombom, entre outros.
No Facebook, além de contar que, aos 16 anos, ver Nicolly Francine montada lhe indicou o caminho a seguir, profissionalmente falando, ela complementa revelando o que pensa sobre sua profissão e qual recompensa tem:
“Dá trabalho. Sã várias camadas, horas de preparo, dias cacheando peruca, cortando, costurando roupa, enfim, ser drag é trabalhar e muito. O pagamento para isso é a admiração do público, os olhares, as fotos, os closes, as risadas, a recepção”.
Assista a primeira temporada completa de Academia de Drags aqui.
O investimento árduo no trabalho lhe permitiu apresentar-se em outros estados, ganhar seguidores, fãs e, não menos importante, a regalia de poder comemorar aniversário de carreira, como quando refletiu, nas redes sociais, em 21 de janeiro de 2016, sobre seus três primeiros anos como drag.
“Ser DRAG é ser uma peça de arte em constante mudança, uma tela de pintura que dura poucas horas, mas que leva dias, semanas e às vezes meses para ser montada. Ela gasta seu tempo, seu dinheiro e cobra do seu emocional por diversas vezes, por isso ser drag é um desafio. Eu lancei esse desafio a mim mesmo, falhei em muitos, e no drag aprendi que a vida não está no acertar, no fazer bonito sempre, ninguém consegue isso até porque cada vez que você melhora você cria outra meta”.
No momento, as metas da Xantara são outras. Quando entrei em contato para saber como anda a vida, ela me confirmou que não se monta há dois anos.
“Agora faço mais as coisas para as drags. Fiquei na produção e abandonei o palco”.
Quando li essa mensagem, fui refazer, online, os passos dela. No Instagram, no perfil @xantaratop, todas as 23 publicações são anteriores ao Academia de Drags. O curioso é que, além de ser uma conta desatualizada, cujo último post foi uma foto com Laurie Blue, amiga de Brasília e irmã de temporada, seguidores como Duda Dello Russo e Tempero Drag permanecem por lá.