“Há mais Drag Race chegando a mais países, com certeza”
Após 12 temporadas, vários spin-offs e incontáveis rainhas, RuPaul’s Drag Race oficialmente se tornou a Copa do Mundo gay, celebrando o talento queer na mídia popular como nunca conseguido antes. Drag Race é mais do que apenas uma competição. Em um momento em que as pessoas LGBTQ + ainda enfrentam preconceito diariamente, é vital que as estrelas drags como RuPaul nos lembrem de nossa força e resiliência como comunidade.
O cofundador da World of Wonder, Randy Barbato, nos disse que “Drag salvará o mundo”, e ele pode estar no caminho certo. Não importa quem você seja ou de onde você vem, nosso Charisma, Uniqueness, Nerve e Talent [carisma, originalidade, coragem e talento] merecem brilhar, e programas como Drag Race ajudam as pessoas a aproveitarem isso, inspirando-nos a viver nosso ser mais autêntico. Me dão um amém?
O Digital Spy sentou com com Randy Barbato e o co-fundador da World of Wonder, Fenton Bailey, para discutir o futuro de RuPaul’s Drag Race e por que ele ainda é tão importante neste momento de criação de narrativas LGBTs.
Por que você acha que Drag Race está mais popular do que nunca em 2020?
RANDY BARBATO: É tudo sobre RuPaul, e tudo sobre as rainhas e seus corações. Este show é sobre conectar a quem muitas pessoas pensam que são heróis improváveis. Eles não são heróis improváveis para nós. Eles são nossos heróis. Amamos essas rainhas, e acho que você pode sentir isso quando assiste ao show. As pessoas são inspiradas, emocionadas e entretidas. Então essa é a cocaína [viciante] do show, todas essas estrelas. Seu sucesso contínuo, e o fato de que este show genuinamente lança carreiras, é uma prova de que elas são, na verdade, todas superestrelas.
Para manter o programa sempre atualizado, temos uma equipe incrível de produtores que estão sempre tentando criar novas ideias e coisas divertidas. E Ru está constantemente pressionando todo mundo. Tipo, o que está por trás desse desafio? O que realmente estamos tentando fazer aqui? Todo mundo está realmente motivado para fazer uma boa TV.
FENTON BAILEY: O que as rainhas estão fazendo está se tornando essa manifestação de sua imaginação. E isso é uma coisa universal, seja você uma rainha ou não – acho que é universalmente atraente e identificável.
As rainhas são o motor do sucesso do espetáculo, não só nos Estados Unidos, mas também internacionalmente. Acho que as pessoas ficaram felizmente surpresas com o sucesso de outros países também… Elas ficam tipo, “Oh, não tínhamos ideia que tínhamos tantas drag queens na Holanda”.
Drag Race faz um trabalho maravilhoso explorando os desafios que as rainhas individuais enfrentaram em suas vidas, apenas por serem pessoas queer no mundo de hoje. Qual foi a parte mais desafiadora de desenvolver essa franquia para vocês dois?
RB: Nós tivemos muita sorte durante a história desse show. Quando o revelamos pela primeira vez, poucas pessoas estavam interessadas em comprá-lo. Mas assim que encontramos uma casa, tivemos parceiros incríveis. A VH1 tem sido um parceiro fenomenal de RuPaul’s Drag Race. Eles encorajam nosso tipo de insanidade criativa.
Portanto, temos muita sorte de termos ótimos parceiros que respeitaram o talento na frente e atrás da tela. Porque tivemos programas que enfrentaram problemas.
FB: Mas também acho, Randy, que demorou um pouco para encontrar aquela casa. Realmente, tem sido persistência, e não aceitar não como resposta. Temos uma pintura em nossa sala de reuniões, pintada por um amigo nosso, Trey Speegle, que diz apenas “SIM”. E a razão de termos esta pintura é porque gostamos de dizer:
“Não é o começo do sim”.
Ru chama isso de “perseverar”. Isso é absolutamente o mesmo para as próprias rainhas. É uma questão de perseverança e persistência. Portanto, esperançosamente, Drag Race permanecerá conosco por muitos, muitos mais anos. Gerações que virão!
Como é o futuro da Drag Race para vocês?
FB: No início deste ano, lançamos um show ao vivo em Las Vegas no [hotel] The Flamingo – Drag Race Vegas Live. Infelizmente, com o COVID, isso teve que ser pausado, mas estamos muito animados para trazê-lo de volta e reabri-lo. Também estamos empolgados em continuar reunindo programas relacionados à Drag Race, como UHNhhh e Gap Chat com Heidi N Closet, em nossa plataforma de streaming WOW Presents Plus.
Porque o interessante disso é que está disponível em todo o mundo. E eu sinto que isso é parte dessa mudança fundamental, em rápida evolução, na maneira como as pessoas veem e assistem as coisas. Também há o surgimento de uma audiência global. Este é um show que começou nos Estados Unidos, tem público estadunidense, mas também encontrou, ao mesmo tempo, um público global.
Todo mundo agora espera ver Drag Race no dia em que o show for lançado, em qualquer país em que esteja. E eu acho que é algo que definitivamente gostaríamos de construir. Porque isso também carrega consigo, implicitamente, a ideia de que somos um mundo, somos todas as mesmas pessoas e estamos todos conectados. Este não é um momento para nacionalismo. Não é hora de construir paredes. Este é um momento de abertura e inclusão. E eu acho que é o que significa Drag Race.
RB: Eu acho que o que Fenton está dizendo é:
“Drag vai salvar o mundo”.
FB: [risos] Aí está.
RB: Nós realmente acreditamos nisso. Não somos movidos apenas por números ou negócios. Há algo realmente especial em estar conectado à nossa tribo e ser capaz de conectar pessoas. E então, seja DragCon ou WOW Presents Plus, é uma oportunidade de tornar essas conexões mais fortes. É também, obviamente, uma oportunidade de negócio, mas para nós sempre houve outra coisa que motivou isso.
Mesmo na World of Wonder em geral, Fenton e eu nunca estivemos dentro – estávamos sempre fora. Sempre fizemos programação gay – você sabe, há 100 anos! Temos milhares de anos. É tudo o que já fizemos e é tudo o que sabemos fazer. Porque o que fazemos é movido por nossa paixão e nossa identidade.
Existem planos para expandir potencialmente ainda mais em novos territórios?
FB: Sim, existem planos! Há mais Drag Races chegando a mais países, com certeza, sim.
Como vocês decidem para quais países Drag Race será expandido?
RB: Eles nos escolhem, de certa forma. O sucesso da expansão global depende da parceria com mercados e entidades de produção e redes que são tão apaixonadas por Drag Race quanto nós. É por isso que teve sucesso. Se você observar a versão de Drag Race de cada mercado, saberá que é Drag Race, mas cada uma tem sua própria identidade. A equipe de produção e o elenco informam o sabor. E é por isso que acho que a Drag Race tem tido tanto sucesso em todo o mundo. É tudo uma questão de ir para a cama com as pessoas certas.
FB: Tivemos alguns falsos começos em alguns lugares, porque a série tem uma perspectiva particular e quem quer que esteja produzindo em seu território tem que entender isso.