Quando Yvie entrou pela primeira vez na sala de trabalhos da Season 11 de RuPaul’s Drag Race causou o impacto que desejava: estranheza. Uma rainha entrando na werkroom com um carrinho de controle remoto nos fez questionar se ali era seu reality mesmo, afinal Drag Race Kids ainda não é realidade. Brincadeiras à parte, essas e muitas outras esquisitices fizeram parte da trajetória de Oddly no show e quanto mais ela entregava, mais a gente desejava suas esquisitices.
E o fator “estranheza” de Yvie não estava apenas em seu look. Sua risada é uma obra-prima. Quanto mais a rainha ria, mais queríamos ouvi-la. E esse desejo não era apenas dos fãs, pois vários jurados que passaram pela bancada da S11 também se viciaram na risada da queen.
Sobre a trajetória de Yvie no show, isso sim foi algo ainda mais espetacular de acompanhar. A estranha rainha que nunca seria linda ou glamurosa e que ainda fedia, de acordo com algumas de suas “irmãs”, foi subestimada desde o momento em que pisou nos estúdios de gravação. Mas Oddly não se abalou e deixou claro desde o início que sua única competição ali dentro era ela mesma e sua jornada em Drag Race seria para provar como sua arte era tão válida quanto qualquer outra, mesmo que causasse assombro muito dos looks que desfilou na passarela. Mas essa também era sua intenção.
Como não é só de desfiles que vive Drag Race, vimos Yvie já no segundo episódio mostrar seu talento para atuação, ao vencer ao lado de Scarlet o desafio das paródias de filmes. Já na Igreja de Britney assistimos Oddly fazer uma gótica que se converteu à palavra de salvação de Santa Spears graças à pastora Miss Vanjie e suas técnicas nada ortodoxas de conversão. Isso só provou que na hora de colocar a mão na massa Yvie não teve medo de dar o seu melhor, mesmo que fosse preciso sair de sua zona de conforto.
E em busca de uma competição justa e equilibrada que vimos a honestidade brutal de Yvie ir de encontro com suas companheiras de competição ao dar opiniões não solicitadas de seus desempenhos. Mesmo que a postura de Oddly saísse de um lugar de apoio e compreensão, o que pareceu para suar irmãs era que a estranha rainha estava tripudiando delas, passando-se por jurada sem ser. E isso nos garantiu barracos memoráveis com Ra’Jah, Vanessa Vanjie e Silky. Foi preciso chegarmos na Reunião para Yvie explicar, mais uma vez, que sua intenção era ver as drags aplicando em sua arte as críticas recebidas dos jurados, mas a lição que ficou é que numa competição é cada um por si e que vença a melhor.
E nessa busca pela perfeição de apresentar o melhor desempenho que assistimos chocados a queda de Yvie, ao lado de Brooke Lynn, no fatídico Snatch Game. A dupla que se mostrava a melhor da competição apresentou o seu pior no desafio de personificação de celebridades e não foi para nossa surpresa que ambas tiveram que dublar por suas vidas… E que dublagem fantástica! Foi sem dúvidas um dos melhores duelos de lipsync da história de RuPaul’s Drag Race, em que as duas rainhas fizeram acrobacias, revelações e acima de tudo: DUBLARAM DE VERDADE. E quando mama Ru deu double shantay para Hytes e Oddly confirmamos ali que estávamos diante do top2 da temporada.
Contudo, nem só de glórias, mesmo durante a tempestade, foi a trajetória de Yvie. E por isso acompanhamos no decorrer da temporada o drama da rainha com sua saúde, pois ela é portadora de Ehlers Danlos, uma doença rara que causa hiper flexibilidade devido à falta de produção de colágeno (leia mais aqui). Dessa forma vimos Yvie sofrer em certos desafios que exigiam muito de suas articulações, mas que devido à sua doença, ela acabava não conseguindo mostrar todo seu potencial. Tanto que no desafio Draglympics a queen sofreu um acidente com seu tornozelo que a fez usar muletas por mais de um episódio.
Entretanto, Ehlers Danlos já faz parte da realidade de Yvie e isso não impediu que a queen continuasse na competição mostrando toda suas habilidades e estranheza que aprendemos a amar. Logo, Oddly chegou ao top 5, e mesmo com apenas uma vitória mostrou que merecia seu lugar no top 4, especialmente após apresentar um desempenho espetacular no clipe de Queens Everywhere.