Drag Race Brasil 1 | Resenha do episódio 11: Reunião

Falta pouco para coroarmos a primeira campeã de Drag Race Brasil, mas antes disso é preciso fazer uma reunião com todo elenco para que as rainhas apararem qualquer rusga que tenha ficado no ar.

E assim que o episódio começa vemos as rainhas colocando numa ura seu voto para a Miss Simpatia da primeira temporada de Drag Race Brasil que seria anunciado ao fim do episodio.

Como Reunião é um bate papo daquilo que consideram os momentos mais marcantes da temporada, vou pontuar os assuntos que mais me chamaram atenção.

Começando por Rubi, gostei que a rainha mencionou que havia uma união entre as rainhas do Rio que prontamente assumiram que sim, afinal se conheciam e havia essa ligação devido a cidade de onde viviam. Como estavam longe de casa e de seus amigos e familiares era normal apoiarem-se uma nas outras. E Aquarela reforçou que isso é normal, tanto que ela se apoiou em Naza que também é mineira.

Diva More falou sobre a torcida durante sua dublagem, na qual foi eliminada, e ela disse que é algo que ela acha normal, mas que aquilo a desestabilizou pelas palavras usadas. E Grag reforçou que deveria ter rolado um exercício de empatia de quem torceu, de que não se deve derrubar uma drag para enaltecer outra. Diva aproveitou para desmentir as fakenews de que seria apoiadora do ex-presidente, e já postamos isso aqui.

Quando vamos pra Melusine, seguimos no drama da torcida durante uma dublagem e a rainha pontuou que seu incômodo tem a ver com sua história, de que aquilo acabou sendo um tipo de gatilho para o que ela já sofreu no passado. Por fim Shannon e Organzza se desculparam com Diva More por suas palavras e Organzza pontuou bem “não era minha intenção, mas as vezes a gente causa coisa sem intenção mesmo”.

E aí vamos para um novo embate quando Organzza diz que reconhece que as palavras usadas foram inadequadas para o momento, mas discorda do papel que Melusine a colocou de que suas falas eram pra ferir Diva, quando Organzza e Shannon estavam apenas nervosas com a possibilidade de ver a amiga Betina sendo eliminada. Foram palavras da força da emoção e não para atacar a rival da amiga.

“Eu já ganhei esse desafio, vou deixar para quem precisa de mais tempo de tela”, foi o read que Betina mandou pras suas sisters, quando rolou o mini-desafio da Biblioteca. Foi legal ver as rainhas que não tiveram a chance de se gongar fazê-lo.

Aquarela falou sobre achar que Dallas foi arrastada, mas a outra nem deu ideia. Já Dallas levou na esportiva as críticas e shades das amigas no decorrer das gravações, reconhecendo que foram coisas da competição, que não iria levar isso para o coração.

Importante a Hellena falar mais uma vez que é uma pessoa vivendo com HIV, falando da importância de se combater a sorofobia e conscientizar a sociedade de que qualquer um pode se infectar, pois não é uma patologia exclusiva de pessoas LGBTs como se acreditou por muito tempo devido ao preconceito

Shannon comentou como foi difícil fazer o desafio de propaganda e falar de “inclusao”, já que vivemos numa sociedade racista que nos impede de acessar oportunidades e não jos deixa de ser dignamente representado nos espaços. Porém a lenda arrasou em seu vídeo e mandou uma mensagem poderosa para os espectadores. A rainha ainda ficou satisfeita com sua participação no show, se considerando vitoriosa por tudo que serviu na temporada.

Em um segmento Grag pediu as que avaliassem seus looks na temporada. Entre Bábado (bom) e Cágado (ruim). E achei curioso Hellena ter considerado Cágado o look “maracatu” que usou, sendo que ele foi uma peça emprestada por Tristan, já que a Malditta não levou várias peças e recorreu ao empréstimo das sisters. Cadê a gratidão, gata?? Coisas de Drag Race.

Com três votos do elenco Aquarela foi escolhida a Miss Simpatia da temporada e eu curti. Os depoimentos da queen eram sempre engraçados e insanos, fora o convívio na sala de trabalhos. Então foi muito merecido, mesmo porque as rainhas que votam e somente elas sabem o que viveram além do que foi mostrado.

O top 4 pôde falar sobre sua passagem no show e as expectativas pra final e achei linda a fala de Miranda sobre o show ter renovado sua fé em seu próprio trabalho e arte. Hellena ficou satisfeita com o que fez e falou. Organzza se sente realizada e auto-validada. E Betina se sente preparada para vencer e entende que o show vai abrir novas oportunidades pra cena drag brasileira.

DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que as rainhas somente assistem à edição quando ela vai ao ar, não faz muito sentido uma reunião gravada durante as filmagens regulares da temporada. Logo toda repercussão que vimos aqui fora, incluindo tretas entre as drags e torcidas, acabam sendo ignoradas desse momento que serviria para passar uma clara mensagem para o público: não sejam babacas com as drags, não está certo serem racistas, gordofóbicos, xenofóbicos, sorofóbicos ou qualquer tipo de ataque e ódio que vai além do programa.

Drag Race é uma competição roteirizada que merece críticas, mas de forma alguma dá aval para que seus pseudo-fãs de arte drag, que na verdade são apenas fãs de um programa de TV, sejam odiosos com o elenco de competidoras e seus jurados. E infelizmente são esses telespectadores que estragam a experiência de acompanhar o show e curti-lo plenamente, pois em vez de aproveitar os episódios e celebrar suas rainhas, muitos fãs acabam se desgastando defendendo as drags do ódio online.

Essa foi uma temporada de estréia muito boa de assistir, com um elenco poderoso, poucas coisas precisam ser ajustadas para uma segunda temporada, mas algo que precisa mudar definitivamente é o comportamento dessa parcela odiosa do fandom de Drag RTace que consegue estragar a experiência de apreciar o show.

Essa reunião merece 4 coroas.

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