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Drag Race Philippines

Pop ON Ade – Drag Race Filipinas estreia com uma temporada 1 (quase) clássica (demais)

Drag Race Philippines chega à sua última volta no circuito com todo o encantamento de uma bunsong kapatid e cujo reinado como a bebezinha de Drag Race durará 15 segundos. Confira a análise de Philosopop sobre a primeira temporada da franquia filipina.

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🕓 4 min de leitura

Drag Race Philippines chega à sua última volta no circuito com todo o encantamento de uma bunsong kapatid (a criança mais nova da família) e cujo reinado como a bebezinha da franquia Drag Race ao redor do mundo durará provavelmente 15 segundos já que uma nova Drag Race geolocalizada é produzida e jogada ao mundo logo atrás da outra. As drags chegam de baciada às nossas telas, telas essas programadas para nos agradarem (claro que por “nós” eu me refiro a todes com algum dindin pra gastar, e por “agradar” eu me refiro a nos dar mais daquela média mediana mediatriz formada pelos gostos de “todo mundo” e com algum dindin pra gastar).  E essas mesmas drags, muitas em construção, várias nos seus auges, algumas já sumidas, as tadinhas, em seus países fazem parte de jogos muito maiores. 

A “arte drag” inclui em seu núcleo central a performatividade de gênero e o questionamento da ideia de gênero não apenas no mundo do espetáculo como nas interações humanas sociais. Só que a existência das franquias globais (do Chile com sua spin off “The Switch” inaugurando os trabalhos e passando por França, Austrália, Tailândia, Holanda, etc.) faz com que o Grande Prêmio Mundial de Automontadrag adquira uma outra faceta muito reveladora pra uma boa parte dos fãs e apreciadores do programa da RuPaula. Como são as realidades diárias das drag queens em partes do mundo que não são tão liberais quanto os Estados Unidos o são?  

O Drag Race Filipinas, por estar em sua estreia, pode convidar e abrir audições para vários expoentes da cena drag no país, a começar pela apresentadora, a drag queen Paolo Ballesteros. No júri uma drag queen de origem filipina mas que ficou conhecida pelo mundo por participar da versão estadunidense, Ms Jiggly Caliente, fez o esperado… foi muito mal no geral, mas esse senso de reconhecimento, de algo familiar, é essencial quando se montam pequenas máquinas de “tradução semiótica”. Temos um palco que é o mesmo, mas diferentinho… Temos as provas que são as mesmas, mas com ingredientes locais, tipo um McDonald’s fazendo receitas locais, todas com um retrogosto de Milwaukee and Vanilla… Temos girl groups que parecem com todas as outras de todas as Drag Races do mundo, mas cantando em filipino.

>  RPDR 14 | RuView do episódio 4
>  Jiggly Caliente é jurada fixa de Drag Race Phillipines

Mas o que tem então de tão especial em Drag Race Filipinas que mexe tanto com o Philo? São as histórias, que são semelhantes a várias das juventudes LGBTQIAP’s ao redor do mundo, mas sempre únicas e individuais, resultantes de fatores culturais, históricos, e societais de uma região do mundo autônoma mas que virou colônia e depois serviu de base para americanos. Por isso é tão interessante a história de Xilhouette, uma drag com uma história de família de abandonos e solidão e que nunca conheceu amor de mãe, tornar-se uma das grandes Drag Mothers da cena de Manila.  Isso também explica as relações tensas entre algumas de suas filhas drag como Marina Summers, Minty Fresh (aliás que nome maravilhoso pra uma drag), e Eva la Queen. Ver as alfinetadas e também as conversas entre as queens do interior, village life, e das cidades cosmopolitas, as city queens, nos encheu de uma percepção de que “o mundo é todo igual, só muda o endereço”.

Uma outra coisa que é sempre igual no mundo, em especial onde há camp, glamour, e pobreza, são as divas que as LGBTQIA+ admiram, só que ver isso com as divas filipinas atravessa as dimensões de tempo, espaço, e senso estético, nos levando ao mais puro entretenimento camp, cafona e açucarado com camadas e camadas cítricas da realidade das vidas dessas mulheres num país que também tem um machismo muito arraigado. A pressão visagista e gordofóbica pra cima de Turing, a única big girl na competição, conseguiu ser ainda mais perversa por ser multiplicada como uma realidade indissolúvel de nossa sociedade e da televisão que a molda por ninguém menos que a jurada Jiggly Caliente. Nossas drag sisters também contaram diversos incidentes de violência que as vitimizaram enquanto tratavam de montar-se para o deleite de quem aprecia o prazer estético e espiritual de uma arte sendo feita com amor, gana e dedicação (e quase zero de orçamento, o que força muita gente a pensar lateralmente, trazendo ainda mais emoção à batalha pela coroa da rainha das drags filipinas até a próxima temporada).

>  DRPH S02E08 | Categoria: Rainbow Runway Realness
>  DRPH S01E08 | Runway: Twinning

No fim das contas existe no Drag Race Filipinas aquilo que também aconteceu na estreia do Drag Race Tailândia: onde esperamos a vida inteira pelo mais exótico dos espetáculos exóticos (e uso aqui exótico da maneira mais porca hollywoodiana, que anula o “eu” de todes que não são brancos de uma certa classe social), acabamos recebendo um show humanizador, particularizador e (até um certo ponto) sofisticado.  São nessas pequenas notas destoantes do “mundo RuPaul’s Drag Race” que encontramos novas maneiras de ser drag bem como espaços com ressonâncias completamente diferentes das sociedades judaico-cristãs afluentes de onde surge a franquia. Sejam bem-vindas, nossas pequenas futuras Ates (Atê é como é chamada a irmã mais velha da família em filipino).

Leia mais notícias de Drag Race Filipinas 1 aqui.

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