Ela é a sua clássica gayngster de Hollywood que está aqui para entreter você com suas roupas e adereços, tudo fruto da máxima trabalhe duro ou morra tentando. Segundo a própria diz: “Eu coloquei fun no funeral e também meus braços são peludos”.
Felony Dodger, ou melhor dizendo, Jonny Wells, nasceu no dia cinco de maio de 1988, em Los Angeles, Califórnia (Estados Unidos), onde vive até os dias de hoje. Pule as folhas do calendário para o dia sete de julho de 2017, quando ele faz teste para um programa que transforma sua jornada para sempre. Chama The Boulet Brother’s Dragula.
Exibida de 31 de outubro de 2017 à 16 de janeiro de 2018, a segunda temporada de Dragula apresentou dez episódios nos quais dez rainhas, montadas e abençoadas por Satã e as Boulet Brothers, claro, disputaram pelo título de próxima drag super monstra da América. Felony entre elas, mesmo que pelo tempo de um respiro, Feiosa!
Em Get Hooked, estreia desta edição, as competidoras começaram os trabalhos com um desafio principal cuja premissa pedira a confecção de uma roupa que traga elementos da sua própria estética e dos cenobites, espécie de demônios. Em seguida, na hora das críticas, começa o calvário de Felony.
Ao lado das Boulet Brothers na bancada de jurados, o maquiador de efeitos especiais Gage Hubbard e a Rugirl Willam não facilitaram a vida desta monstra. A drag disse para Felony desistir da carreira. Tudo isto contribuiu para lhe levar a um desconfortável bottom três ao lado de Monikkie Shame e Erika Klash. No desafio de extermínio o trio fora furado com agulhas hipodérmicas e Felony saiu do programa cortada por uma motosserra.
Se por um aspecto a experiência durou pouco, por outro serviu para manter o foco desta monstra no que é realmente importante, neste caso, sua sobriedade total, o que inclui álcool, maconha e drogas no geral. Nesta época ela comemorou dois anos como uma pessoa sóbria no dia 11 de setembro de 2017, mesmo mês que, veja só, ainda reservava mais surpresas…
Ainda em setembro, Felony fez sua primeira roupa por encomenda para outra pessoa. Um casaco e um chapéu que compuseram a fantasia de Onassis Negra de Meatball, da primeira temporada de Dragula, a ser usada na DragCon de Nova York. A faceta de costureira é consequência natural de uma pessoa atraída pela arte desde sempre.
Enquanto estava na faculdade, Felony ouviu de seu professor que, embora fosse realmente boa em diversos ramos artísticos, tinha que optar por um caminho só, e seguir nele, em vez de atirar para todos os lados. A tarefa se mostrara ingrata para alguém que, basicamente, queria se expressar de todas as formas possíveis, porém, a inquietude logo daria lugar a uma nova paixão.
Ao descobrir a existência do universo drag, Felony se iluminou de formas diversas. Como drag queen poderia fazer suas próprias roupas e acessórios, criar rostos diferentes a partir da maquiagem, elaborar ensaios fotográficos, cantar ao vivo em bares, por fim, ser a peça artística retirada da galeria de arte para que o público aprecie.
Indo além disto, ao se montar, Felony dá vida a pessoa que não conseguiu ser durante sua infância. Assim como muitos outros homens gays, ela foi criado em um lar que não era nada amigável as pautas LGBTQIA+. Isto fez com que se assumisse homossexual apenas em 2008, quando tinha 20 anos de idade. O frescor da idade é igual a primeira vez como drag.
O movimento Radical Faeries organizou um acampamento com show drag para seus adeptos. Ali, no meio da floresta, com um alto-falante e uma roupa feita de peças usadas por outras pessoas, Felony debutou como drag queen. Mas a primeira vez como tal não virou um hábito, pelo menos não frequente.
Quando deu por si, Felony percebeu que estava exagerando na vida noturna e decidiu parar de usar qualquer substância química que fosse. A nova fase, de “cara limpa”, começa em 11 de setembro de 2015 e é marcada pelo novo hobby da costura. Depois de ganhar uma máquina de costura, ela substitui as noitadas e drinques por roupas que vão sendo criadas por suas próprias mãos. O que começou com Felony indo a brechós para comprar peças e remodelá-las para sua silhueta acabou com a mesma costurando vestidos do zero.
Na sequência, o nome Felony Dodger lhe caiu como uma luva. Apreciadora da cultura das décadas de 20 e 40, ao lado do jazz, Hollywood antiga, filmes noir, gangsters e fotografia dessaturada, ela ouviu Felony como sugestão de um amigo. Em português pode ser traduzido como crime e reflete o clima que sua estética transmite. O sobrenome dá o ar mafioso e foi usado como requisito obrigatório para as redes sociais.
Com sua drag persona “montada”, com o perdão do trocadilho, Felony inscreveu-se em Dragula e RuPaul’s Drag Race no mesmo ano (2017). O objetivo era igual: levar seu trabalho para o próximo nível. Como sabemos, o programa de RuPaul não aconteceu, entretanto, talvez por ter competido em shows ao vivo das Boulet, em Los Angeles, anos atrás, e de se fazer presente no momento, tenha pesado na hora de sua escalação para a segunda temporada de Dragula, ao lado de seus looks.
Baseado na santíssima trindade do Filth, Horror e Glamour, da qual Felony considera-se uma representante, a fita de audição para Dragula não poderia deixar por menos. Em drag, ela despela um animal morto, anda de bicicleta e é penetrada com um vibrador por outra drag queen. Segundo a mesma já disse a imprensa, Dragula não é hora para hesitar.
Por fim, Felony havia ficado feliz com a possibilidade de participar do desafio do episódio seis, Til Death Do us Part. Para esta tarefa ela faria algo no estilo renascimento gótico com pitadas de O Exorcista. Nesta fase a roupa, algo como Virgem Maria com peitos grandes pontiagudos e um pênis avantajado, tinha sido finalizada, mas somente exibida no Instagram.
E foi por esta rede social que entrei em contato com Felony pela primeira vez para fazer a entrevista que você lê, agora, caríssimo. Quando ela viu minha solicitação de imprensa, me disse: “Você sabe que eu fui para casa primeiro, sim? Não há muito o que falar sobre”.
Respondi para Felony que absolutamente sabia disto, mas não penso que colocação em uma competição delimita seu valor como artista. Então você foi a primeira eliminada, ou não, eu não me importo. Dito isto, leia logo abaixo nossa entrevista. Confira!
Felony, infelizmente você foi a primeira eliminada da segunda temporada de The Boulet Brothers’ Dragula. Quando você pensa sobre sua trajetória no programa, o que você acha que não deu certo?
Sim, fui a primeira eliminada de Dragula temporada dois. Às vezes as coisas não saem da maneira que você planejou, tudo bem. Eu estava fazendo drag há apenas 10 meses quando fiz o teste. No momento em que começamos a filmar, cerca de 18 meses. Eu era a rainha “mais jovem” lá. Não creio que as Boulet tivessem fé que eu estivesse no mesmo nível das demais competidoras. Isso é algo que não posso controlar.
Como foi sua audição para a segunda temporada de Dragula?
Eu esfolei um gambá em drag para minha audição. Definitivamente chamou a atenção deles!
O que não foi mostrado sobre você no primeiro episódio que o público deveria ter visto?
Nada foi mostrado sobre mim em qualquer episódio… então, literalmente, qualquer coisa.