Senhoras, senhores, minha cara gente queer: a previsão do tempo diz que o céu fechou. Trovões surgem no horizonte anunciando uma tempestade carregada de paetês, brilhos, glamour e faixas de miss. A responsável por esse climão tem nome e sobrenome: Lavynia Storm.
“Eu sou Lavynia Storm, Filha da Tormenta, a Não Queimada, Mãe de Dragões, Rainha de Mereen, Rainha dos Ândalos dos Roinares e dos Primeiros Homens, Quebradora de Correntes, Protetora dos Sete Reinos, a Renascida do Fogo”, afirma.
Nascida em Cascavel, oeste do Paraná, Lavynia é conhecidíssima como a noite de Paris no mundo dos concursos de beleza, uma típica pageant queen – coroada, por sinal – apaixonada pela cor vermelha, uma das assinaturas de sua persona drag. Junto do lado miss, Lavynia também é showgirl, daquelas que fazem um espacate desafiando a gravidade e ainda mantém a cara sexy. Ao lado da performance, sabe da importância hierárquica no mundo drag, por isso saúda nomes como Meime dos Brilhos, Miss Biá e Uber Stripperella.
Todo este conjunto de talentos pôde ser visto, mesmo que “cru”, segundo a própria Lavynia, a partir de 13 de outubro de 2014, com a estreia da primeira temporada de Academia de Drags. Na época ela contava com seis de anos de experiência na área. Imatura ou não, não foi suficiente para lhe impedir de chegar a grande final do programa.
Neste web reality Lavynia teve uma trajetória coesa, garantindo um histórico consistente. Salva nos três primeiros episódios, dublou no quarto deles a música “Cha Cha Boom” contra Musa Von Carter, eliminando-a. Foi safe novamente no quinto episódio, perdendo a dublagem seguinte, para Yasmin Carraroh, na semifinal, sexto episódio. Resultado? Terceiro lugar.
“Ontem enquanto Silvetty falava passava um filme na minha cabeça de todos os momentos da minha caminhada, de tudo que já enfrentei e ainda enfrento pra manter a Lavynia de pé e em crescimento. Cada lágrima representava cada momento de alegria e realização que o meu trabalho já me proporcionou. Obrigado, Deus, por me permitir continuar em busca do meu sonho de ser uma showgirl! Obrigado, meninas, eu amo todas vocês. Musa Von Carter, me doeu muito ir para a dublagem com você, mas nós ainda vamos dar muito o que falar juntas. #AcademiaDeDrags”, relembra, no Instagram, em quatro de novembro de 2014.
Assista a primeira temporada completa de Academia de Drags aqui.
Aos 12 anos de carreira, atualmente Lavynia vive em Santo André, São Paulo, com o marido. Ao contrário do que a imagem dessa profissão possa passar a você, leitor, esta drag não passou impune a mais de uma década de trabalho, pois teve que enfrentar a doença do século.
“Devido a uma depressão muito profunda em 2017, eu decidi me afastar dos palcos por um tempo, e não falei nada pra ninguém, enfrentei sozinho. Até mesmo pensei em suicídio, diante de uma frustração muito grande, mas juntei meus cacos e aos poucos eu consegui me levantar. Foi quando fiz um show no Drag Danger daquele ano e tive uma crise absurda de choro depois que fui desclassificado. Quem esteve lá no dia sabe. Resolvi apostar novamente nas passarelas pra buscar realizar meu sonho de ser uma miss. E consegui”, analisa em rede social.
Hoje em dia Lavynia está ótima, produtiva, bem montada, claro, e aberta para o que o futuro lhe trouxer. Quando entrei em contato com ela para fazer esta matéria que você lê agora, obtive uma resposta tão cortês que me fez disponibilizar nossa conversa na íntegra, a qual você confere agora mesmo:
O que te levou a inscrever-se no programa?
Eu não me inscrevi no programa, foi minha irmã Roberta Faustino que me inscreveu sem eu saber. Fui surpreendido com a ligação do programa dizendo que Silvetty Montilla escolheu pessoalmente minha inscrição e eu não sabia do que se tratava. Como morava no Rio de Janeiro, e me ligaram algumas vezes com o prefixo 11, achei que era do Serasa.
Quase seis anos depois da exibição do Academia, quais são seus três momentos favoritos nele?
Eu particularmente quando revejo a Academia de Drags 1 fico muito envergonhado, pois hoje eu faria completamente diferente. Eu sou muito autocrítico e achei meu desempenho muito fraco mediante o potencial que eu sei que eu tenho, mas os três melhores momentos pra mim:
- Minha chegada com o barulho dos trovões. Amei a edição.
- Minha recuperação com a Musa, pois ali o mundo descobriu ao que vim .
- O meu show em dupla com a Yasmin Carraroh, pois além de amar a Yasmin, nós entregamos um trabalho limpo e de qualidade e eu amei fazer.
Eu acabei de entrevistar a Yasmin.
Manda beijos pra Yasmin. Amo todas e sinto saudades de todas as gurias.
Mando sim. Ela mora aqui em Curitiba. Falando nisso: já ia perguntar da sua relação com o casting. Mantém contato e tudo mais?
Não nos falamos sempre, mas todas moram no meu coração. Às vezes nos falamos e sempre nos ajudamos mesmo a distância. Elas já me ajudaram muito. Eu por minha vez também ajudei. Formamos uma família