Estanislao Fernández, filho de 24 anos do candidato à presidência argentina Alberto Fernández, falou com a rádio argentina La Once Diez sobre a infância, de seu pai, e sobre sua relação com o falecido Néstor e com Cristina Kirchner, que é vice na chapa de Fernández. E, além disso, sobre como começou a se apresentar como drag queen.
“A minha primeira vez em drag foi para uma sessão de fotos da minha amiga Victoria. Ela precisava de fotos de homens e mulheres, e eu disse: faço dos dois”.
Contou o jovem à rádio, segundo o jornal argentino “Perfil”, que repercutiu a entrevista. Na noite portenha, é conhecido sob o nome de Dyhzy. Estanislao confidenciou:
“No começo, me escondia um pouco, tinha medo da rejeição dos meus pais. Por causa do que nos ensinam desde que somos pequenos — como a homossexualidade era um processo de degradação. Era isso que me diziam na catequese, geram esse medo em você”.
Como sabemos, drag queen é o nome dado a essa maravilhosa expressão artística que envolve a construção de um persona que borra o conceito de gênero. Apesar de socialmente associada à comunidade gay, a arte drag não tem a ver com gênero ou sexualidade.
Além de drag, Estanislao é fã de anime japonês, ilustrador e militante queer. Define a si próprio como cosplayer, crossplayer, além de drag queen. Recentemente, participou da convenção de quadrinhos mais importante de Buenos Aires, onde fez cosplay do Pokémon Pikachu.
Na entrevista repercutida pelo jornal, ele falou do que chamou de precarização laboral das drags e de como foi estudar em um colégio católico e descobrir, ali, que era gay. (Há três anos, ele namora com uma mulher, Natalia Leone, com quem afirma ter uma relação monogâmica).
Estanislao costumava ouvir palavras ofensivas direcionadas a ele pela sua homossexualidade, o jovem disse:
“Me lembro bem que nunca senti empatia com os que insultavam gays ou trans. Quando me diziam aquelas coisas, eu não sabia que era gay”.
Sobre o namoro, o jovem afirmou que não vê possibilidade de uma relação aberta, porque não tem tempo. Durante o programa ele alou mais sobre sua relação:
“A sexualidade é um espectro infinito. Eu escolhi estar junto com minha namorada, Natalia Edith Leone, e estamos juntos há três anos. Vivemos juntos, optamos por ter uma relação monogâmica. Não temos tempo para outras pessoas, só tenho tempo para ela. Chegamos a um nível de confiança em que não poderia ter um encontro casual em minha vida e acredito que o mesmo acontece com ela.
Minha relação com Natalia é a minha primeira mais longa. Antes, tive relações com homens, mas duraram pouco — eram semanais. Natalia é realmente o amor da minha vida. Na minha casa, ela é amada quase como uma filha”.
Não sou peronista, declarou Estanislao
O jovem esclareceu, ainda, que não trabalha na campanha do pai, a menos que seja pago para isso. Ele revelou:
“Ele é meu pai e eu o amo. Tampouco me sinto peronista, porque não me eduquei tanto com isso, e nem kirchnerista. Cresci com Néstor e Cristina vindo à minha casa — Cristina sempre foi muito amorosa comigo. Para mim, eles eram como tios”.
A última pesquisa de intenção de voto na Argentina, divulgada pelo Instituto Isonomía, um dos mais confiáveis do país, mostrou empate técnico entre a chapa de Fernández e a de Mauricio Macri, atual presidente.