A premissa de Drag Me Down The Aisle* é simples, uma noiva em “apuros” recorre a quatro desconhecidas para ajudá-la a fazer o casamento de seus sonhos. Até aí tudo bem, nada muito diferente do que já assistimos, seja em programas de TV ou até mesmo em filmes.
Contudo, o diferencial de Drag Me é que as ajudantes são quatro drag queens maravilhosas que já conhecemos de RuPaul’s Drag Race: Bebe Zahara Benet (S1 e AS3), Jujube (S2 e AS1), Thorgy Thor (S8 e AS3) e Alexis Michelle (S9). E é nelas que reside toda a magia do programa. Tudo bem que o mote principal seja ajudar Emilly a realizar seu casamento dos sonhos, mas assistir esse quarteto inesperado de queens trabalhando juntas aquece o coração e coloca um sorriso largo em nossos rostos.
Trailer de Drag Me Down to The Aisle, programa em que a @BeBeZaharaBenet @jujuboston @ThorgyThor @AlexisLives ajudaram uma noiva a fazer seu casamento dos sonhos. Estreia em 9 de março na TLC dos EUA. ANSIOSA!!!! #DragMe pic.twitter.com/75FboaeVGC
— Draglicious | draglicious.com.br #dragrace (@dragliciouz) February 18, 2019
Cada rainha tem uma função básica no planejamento do casamento: Bebe é encarregada da decoração; Jujubee cuida da parte fashion, vestido e demais looks; a maquiagem e cabelo fica por conta de Alexis; e Thorgy, sendo uma musicista graduada, se encarrega da música.
“Eu posso falar que por aquela blusa xadrez, Emilly tem medo de moda” – Jujubee
Em Drag Me não vemos a tradicional briga de egos entre as queens recorrente em Drag Race, em que as competidoras precisam mostrar o seu valor para RuPaul, mesmo que seja “derrubando” a concorrência. Aqui as drags seguem unidas para realizar uma maravilhosa cerimônia e atender as expectativas da noiva. Claro que há shade, e manas, eles são os melhores. E a vontade que a gente tem é de virar noiva também e entrar na tela para deixar as rainhas nos gongarem à vontade.
Entretanto, o show não é somente sobre maquiagem, vestidos, humor e shade. Há uma carga emocional muito forte proveniente da noiva. Já no início ela pede Thorgy para se desmontar e encontrar seu pai, que é super conservador e não lida bem com toda essa ideia de ter drags no comando do casamento da filha. Claro que Thorgy, preocupada em tornar o dia especial de Emilly menos estressante possível topa ir desmontada ao encontro com o pai dela. E não é apenas os pais de Emilly que não se dão com as drags, até mesmo em sua festa as nossas queridas rainhas recebem alguns olhares julgadores. Pelo visto, mesmo com o estrondoso sucesso de Drag Race, drag queens ainda tem um grande caminho a percorrer para terem maior aceitação social. E programas assim, que atingem um público completamente diferente (majoritariamente heterossexual e conservador) são ótimos para normalizar e democratizar a arte drag cada vez mais presente em nossa sociedade.
“Eu simplesmente não me sinto bonita” – Emilly
Neste programa é bacana ver o lado mais humano das queens que ajudam Emilly a descobrir sua beleza interior. Aqui não há espaço para julgamentos e mensagens negativas que visam minar a auto-confiança da noiva, que não se sente confortável com seu próprio corpo. As queens com muito humor e empatia trabalham a auto-estima de Emilly, para que ela sinta-se bem como ela é, independentemente do formato de seu corpo ou peso.
Os clássicos depoimentos se fazem presentes o tempo inteiro, seja das queens ou da noiva. E isso é ótimo, pois nos dá uma perspectiva mais profunda sobre o que elas estão sentindo e esperando de toda essa experiência.
Aí você me pergunta: “E o noivo?”
Bem, John aparece também. Mas a grande estrela do programa é a noiva e como o quarteto de drags vai ajudá-la na sua jornada até chegar no altar no seu grande dia. É reconfortante ver as rainhas em um ambiente nada competitivo, mostrando seus talentos para organizar uma cerimônia e deixar todos contentes e satisfeitos. E o resultado final disso tudo é um lindo casamento digno de Hollywood.