Em homenagem ao final da 10ª temporada de Drag Race e às inúmeras indicações ao Emmy, HuffPost abordou oito das vencedoras do programa para discutir suas vidas desde o show, o fenômeno cultural que RPDR se tornou e o que elas esperam para o futuro do show. Confira a seguir a segunda parte.
VENCEDORA 5ª TEMPORADA: JINKX MONSOON
Como tem sido sua vida desde que você ganhou?
A maneira mais sucinta com que posso descrever o que RuPaul’s Drag Race me ofereceu é que agora tenho a carreira que sempre desejei/planejei ter – apenas cerca de 15 anos antes do esperado.
Eu trabalhei no teatro como ator até entrar em Drag Race, com um misto de trabalho drag em paralelo para me manter ocupada. Em um determinado ano, eu faria um papel em um musical em um dos muitos teatros de Seattle, eu apresentaria e participaria de programas de variedades, e meu parceiro de música, Major Scales, e eu criaríamos espetáculos de cabaré para serem executados em qualquer lugar – desde piscinas públicas à restaurantes teatrais. Depois de vencer Drag Race, ainda faço todas essas coisas – mas em escala global!
Posso levar meus shows de cabaré autorais em turnê: meu show, The Vaudevillians, foi exibido em uma turnê off-Broadway de quatro meses em NY. Desde então, Major e eu criamos novos shows autorais de cabaré a cada ano que nos levaram em turnê pelo Reino Unido, Austrália, Europa e muitas residências durante o verão em Provincetown, Massachusettes. Uma coisa que foi um sonho absoluto que se tornou realidade foi ter os meios para produzir dois álbuns completos, apresentando músicas originais minhas e de Major Scales. The Inevitable Album saiu em 2014 e The Ginger Snapped em 2018. Eu apareci em programas de televisão aqui e ali, incluindo [a série policial] Blue Bloods com Donnie Wahlberg em sua estréia como diretor, no episódio Manhattan Queens. O documentário sobre minha jornada drag antes, durante e depois de Drag Race – Drag Becomes Him – dirigido por Alex Berry e produzido por Basil Shadid, meu pessoal projeto favorito, já que não só lhe dava um vislumbre da vida de uma drag queen, mas o projeto foi financiado coletivamente pelos meus fãs e novos seguidores.
Eu sinto como se tivesse tido tantas oportunidades que eu nunca teria conseguido se não fosse pelo programa de TV que mostra os talentos de artistas drag que expõe a uma audiência cada vez maior ao trabalho que fazemos.
Qual foi o maior presente que a vitória da “RuPaul’s Drag Race” lhe deu?
Vai soar brega, mas: a risada dela. Ru tem um incrível senso de humor e um vasto conhecimento de referências culturais. Quando eu estava apresentando The Vaudevillians em Nova York, Ru foi capaz de assistir a uma das apresentações finais e, durante todo o show, provavelmente estava rindo mais do que qualquer outra pessoa na platéia. Esse show foi algo que eu tinha trabalhado durante anos que antecederam a Drag Race, e eu nunca sonhei que um dos meus ídolos drag, a drag queen mais influente do nosso tempo, estaria em minha platéia catando todas as referências e aproveitando todo momento. Foi surreal, mas afirmação da vida. Naquele momento, eu realmente senti que não há nenhum lugar que o drag não possa me levar. Drag é o meio escolhido para o meu trabalho, porque combina tantas práticas em uma. Por muito tempo, não foi levado muito a sério ou recebeu o crédito que merece. No passado, as drag queens eram vistas como arquétipos unidimensionais, em vez das artistas multifacetados, com muitos matizes, que são. Então, além de suas risadas, Ru me deu – e todas as drag queens – uma plataforma para conquistar o respeito que sempre merecemos.
Qual é a melhor dublagem da história em “Drag Race”?
Ouso dizer a minha própria? Ha, ha. Quero dizer, vamos encarar, minha dublagem contra a Detox foi bem épica.
No entanto, acho que o melhor até hoje aconteceu muito recentemente, no All Stars 3. Foi BenDeLaCreme Vs. Shangela. A música foi Jump das Pointer Sisters e, do começo ao fim, é um brilhante lip-sync. Por um lado, você tem Shangela dançando seu pequeno coração de Shangie, se agitando e girando como ela faz melhor, e por outro lado, você tinha o brilho cômico de DeLa imitando os movimentos e diabolicamente comentando sobre suas próprias limitações de dança de uma forma muito maneira e divertida. Eu acho que foi o mais divertido truque de lipsync, que nunca havia acontecido antes e nunca pode acontecer novamente. Eu amo as duas rainhas – foram dois bons minutos de televisão.
O que você deseja para o futuro de “RuPaul’s Drag Race” sendo um show e um fenômeno cultural como ele é?
RuPaul’s Drag Race é uma das representações mais visíveis e celebradas da comunidade queer até hoje. Acredito que Drag Race ajudou a comunidade héterossexual/heteronormativa/de massa a entender melhor a comunidade LGBTQAI+ do ponto de vista dos bastidores. Acredito que isso ajudou drag a evoluir e se manifestar de maneiras que nunca havíamos sonhado antes. O que vejo para o futuro é mais inclusivo para mais membros da comunidade queer.
Eu acho que para o show continuar a crescer como o fenômeno que é, ele continuará a abraçar todas as áreas de drag que estão por aí, e que sempre estiveram lá. Comecei a fazer drag aos 15 anos e as rainhas trans sempre fizeram parte das comunidades em que eu estive. Drag Race ajudou com a visibilidade das queens trans de algumas maneiras, e eu acredito, em meu coração, que isso vai continuar rolando de maneiras maiores. O problema é que a comunidade queer tem uma representação tão limitada na mídia convencional. Portanto, há muita pressão em Drag Race, como o exemplo mais bem-sucedido de representação queer na mídia, para ser um farol para todas as áreas de nossa comunidade – mas um programa de TV não pode representar todos os membros de nossa comunidade diversificada.
Eu adoraria ver o sucesso de Drag Race inspirar mais redes de TV e empresas de produção a criar conteúdo que representa a comunidade queer que é para nós, por nós. Drag é uma parte incrível da nossa comunidade – mas a comunidade queer é vasta e precisamos de mais visibilidade e representação na mídia. É essencial para o nosso progresso, nossa luta por direitos humanos básicos justos e iguais e para nossa sobrevivência.