Foi ao ar mais um episódio de RuPaul’s Drag Race 17! Leia a seguir a resenha. Contém spoilers daqui em diante.
Esta semana, RuPaul’s Drag Race armou uma armadilha para as participantes. Eles introduziram um novo desafio, se recusaram a dizer às queens quais critérios seriam avaliados e depois puniram as que não entregaram o que queriam (sem nunca terem explicado o que era). No Untucked, Suzie Toot fica muito brava com isso, e eu certamente simpatizo com ela. Mas, ao mesmo tempo: garota… você devia ter visto isso chegando.
O desafio desta semana é outra performance ao vivo, desta vez um desafio de fala, que está entre os mais difíceis do universo Drag Race. É apresentado como CharismaUniquenessNerveTalent Monologues, uma brincadeira com The Vagina Monologues, que são expressões sérias e legítimas da experiência feminina. Na temporada passada, as queens não precisaram ficar sozinhas no palco para entregar um monólogo em nenhum momento — elas fizeram apresentações em grupo no estilo PowerPoint. Provavelmente foi para proteger Nymphia de um possível bottom 2 (um erro, diga-se de passagem — isso reforçou a sensação de que ela estava sendo tratada com luvas de pelica). Este ano, elas fizeram isso duas vezes: primeiro, no roast, e agora neste desafio.
Quatro das queens interpretam isso como uma oportunidade para compartilhar algo pessoal e vulnerável sobre si mesmas enquanto suas parceiras dançam uma coreografia solene. E eu entendo! RuPaul gosta de vulnerabilidade. RuPaul gosta de sensibilidade. RuPaul, na verdade, acredita que, sem vulnerabilidade, é literalmente impossível ser uma drag queen de sucesso. Mas RuPaul também adora rir, e qualquer desafio bobo o suficiente para incluir um elemento de “dança interpretativa” não deve ser levado muito a sério. Claro que os jurados não querem ver uma dança emocionante que lembre uma apresentação de dança moderna de uma criança. Por que eles iriam querer isso? Assistindo ao desafio, pareceu que todas, exceto Onya e Lexi, ignoraram seus melhores instintos de serem performers divertidas e carismáticas, de serem o que presumiam que RuPaul queria delas. Não acho que seja coincidência que as duas queens mais velhas tenham entendido exatamente o que o desafio pedia: um pouco mais de experiência de vida faz toda a diferença.
Voltando: o episódio começa com uma discussão sobre a pergunta “Quem deve ir para casa hoje e por quê?”. Onya acha que as outras queens, exceto Suzie, deram respostas evasivas, e elas ficam na defensiva. Eu gostei da Jewels durante essa discussão, principalmente porque ela continuou insistindo que escolheu Suzie porque a linha da peruca dela estava terrível. Justo!
Depois vem um mini-desafio em duplas que é basicamente um shade sobre a parceira. Notavelmente, Lexi escolhe ficar com Onya em vez de Sam, deixando Sam irritada e emparelhada com Lana Ja’Rae, que está prestes a ir para casa. Foi rude, mas faz parte do jogo. Lexi realmente precisa de uma vitória, e ela sabe como conseguir. Jewels e Suzie acabam juntas. Os shades são quase todos divertidos — Jewels vence, e Onya poderia ter vencido se isso não beneficiasse Lexi (que, de alguma forma, se saiu muito mal no mini-desafio).
O desafio é ridículo: em duplas, cada uma deve contar uma história sobre “uma época em sua vida quando ____”, enquanto a parceira faz uma “dança interpretativa” sobre a história. Suzie e Jewels, que lembram que RuPaul adora vulnerabilidade, claramente veem isso como uma oportunidade para serem reais e sérias, no estilo “O que você diria para (insira o nome de um twink de cabelo cacheado aqui)”. Lana e Sam vão na mesma direção, mas com menos habilidade. Já Lexi e Onya, por outro lado, imediatamente entendem que o desafio não deve ser levado tão a sério. Lexi diz que seu problema é não querer escolher uma história muito séria. A edição não destaca a diferença, mas os grupos estão em direções completamente opostas.
Vale notar que, embora monólogos não sejam comuns em Drag Race, há algum precedente: penso no desafio de “contar histórias” do All Stars 6, que Eureka venceu, e no desafio de “espetáculo solo” da temporada 12, que Crystal Methyd venceu. Ambas as performances vencedoras foram arrasadoras e engraçadas. Eureka contou uma história sobre ter se sujado, e Crystal interpretou Phenomenal Phil, um instrutor de dança exótica. Ambas venceram performances como a história potencialmente falsa de Ginger Minj sobre ganhar sapatos vermelhos lindos e a história de Jackie Cox sobre crescer com um pai canadense e uma mãe persa. A história está aí. RuPaul quase nunca está procurando por algo “sombrio” no palco.
Um golpe de genialidade aqui é que as queens não recebem nenhum treinamento. Normalmente, eu gosto que elas recebam alguma orientação, mas a graça de um desafio “aleatório” como este é ver as queens chegarem às suas próprias interpretações do que isso significa para o drag delas. É mérito das queens vencedoras, então, que sua vitória não seja apenas porque performaram melhor, embora tenham feito isso; foi porque olharam para o desafio e o interpretaram como drag queens. Isso merece a vitória.
Ok, vamos falar sobre as performances individuais. Jewels e Suzie são as primeiras, com Suzie contando a primeira história e Jewels dançando. Suzie fala sobre querer vencer um concurso de soletração para ganhar a aprovação do pai masculino, mas percebendo que já a tinha, enquanto Jewels dança.
Learned That The Hard Way by @suzietoot ft. @jewelssparkles_
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
A dança de Jewels é boa, e a fala de Suzie também. Mas é definitivamente entediante, e, por mais que Suzie queira ser vulnerável e séria, o fato de sua história ser tão estereotipada para uma criança gay significa que não aprendemos muito sobre Suzie. Você é gay e quer a aprovação do seu pai? Sem querer ser rude, mas… bem-vindo ao clube! Não é específico o suficiente e não me diz nada sobre quem Suzie é, especificamente. Jewels tem o mesmo problema geral, mas ela também é uma oradora menos polida que Suzie, e Suzie é uma dançarina menos expressiva que Jewels. Assim, o segundo segmento delas é pior em todos os aspectos.
Out of This World by @jewelssparkles_ ft. @suzietoot
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
O próximo grupo é Onya e Lexi, que arrasam completamente as outras. A primeira dupla é Onya como oradora e Lexi como dançarina, e é o melhor segmento da noite. Onya é uma oradora incrivelmente expressiva, como de costume, e conta uma história sobre ter sido vegana por um tempo, enquanto Lexi interpreta isso na dança. Esta semana me lembrou do quão impressionante Lexi é como dançarina, já que ela não teve muita chance de usar seus membros incrivelmente longos desde o lip-sync de “Alter Ego” (“Cadê o desafio de girl group?”, ela perguntou, tristemente, para ninguém em particular).
Obsessed by @OnyaNurve ft @mslexilovesyou
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
O segmento “Lexi como oradora, Onya como dançarina” é menos forte. Lexi é uma boa oradora, mas sua história é difícil de seguir. Onya é ótima como dançarina, mas ela simplesmente não tem os membros absurdamente longos que tornam o segmento de Lexi tão envolvente.
Payback’s A B*tch by @mslexilovesyou ft. @OnyaNurve
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
Finalmente, é a vez de Sam e Lana. Este não é o desafio delas. Lana é ok como dançarina e um buraco negro como oradora, enquanto Sam é ruim, embora não catastrófica, nos dois aspectos.
Triggered by @samstarqueen ft. @lanajarae
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
Lana provavelmente iria para casa esta semana de qualquer maneira, mas esta semana é terrível para Sam porque ela regride. Os jurados acabam criticando-a por não ser solta o suficiente, trazendo de volta uma crítica antiga que Sam já havia superado. Esse é o tipo de coisa que faz uma temporada desandar.
Lost by @lanajarae ft. @samstarqueen
O que acharam? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
No runway, a categoria é “o vestido mais feio de todos os tempos”. Uma observação sobre este desafio: os melhores looks usam o “mau gosto” como uma oportunidade para fazer algo verdadeiramente fashion. Diria que apenas uma queen fez isso. Suzie vem como uma árvore de Natal. É um vestido feio, claro, mas também não é realmente um vestido. Este é um desafio que é parcialmente sobre bom gosto, e Suzie simplesmente optou pela abordagem óbvia de “jogar merda em cima de merda”. Jewels usa um vestido de baile dos anos 80 que os jurados não acham feio o suficiente. Eu também já vi o “usa aparelho, faz um look dos anos 80” o suficiente neste programa. Gigi Goode enterrou isso.
Onya se veste como um peru. É ok, mas ela novamente tem problemas com proporções. Um adorno na cabeça ou um cabelo grande ajudariam muito este look. Lexi faz o melhor de longe. O look é uma série de tutus empilhados que está absolutamente no “mau gosto”, mas também tem algo profundamente fashion. É feio de uma maneira Versace, não de uma maneira “estou usando uma árvore de Natal”. O look de Sam não é feio, e isso é tudo. Aliás, pega mal para ela pois fala sobre seu nível de bom gosto que ela ache que é feio. Lana usa o look de “bolso” de Kandy Muse da temporada 13. Sim, é feio, mas, nesta fase da competição, não estou interessado em ver referências ao trabalho de outra drag queen.
Para celebrar os 10 anos do desfile dos looks mais feios na s7, a categoria é Ugliest Dress Ever. Quem merece TOOT ou BOOT? #DragRace
pic.twitter.com/VChrooZyxt— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
Lexi e Onya dividem a vitória, o que parece justo. Esse é o tipo de impulso que Lexi desesperadamente precisa agora, entrando em uma fase da competição em que, pela minha contagem, todas, exceto Onya, podem ir para casa. Lana e Sam acabam juntas no bottom, o que também é justo. Sam pode culpar Lexi o quanto quiser por não tê-la escolhido, mas seus instintos estavam completamente errados esta semana. Elas fazem um lip-sync para “Illusion”, de Dua Lipa. Lana vence claramente. É seu melhor lip-sync da temporada de longe, e ela faz um trabalho incrível. Sam não é ruim, mas é claro que Lana não pode ficar. Elas mandam Lana para casa e, honestamente, bom para ela por chegar ao top 6. Isso não é pouca coisa.
E o dip duplo de Sam e Lana???? Maiorias demais!!! #DragRace pic.twitter.com/SZMMy0lSml
— draglicious.com.br (@dragliciouz) March 22, 2025
DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Suzie está completamente convencida de que não havia como saber que os jurados queriam que elas fossem engraçadas, e Lana fica irritada porque Suzie assume que ela estaria no bottom. Uma semana bem direta.
Parece que os looks do desafio foram fornecidos, já que os jurados não criticaram nenhum, mas NOSSA, eles são horríveis. As perucas da dupla vencedora, em particular, estão entre as piores da história do programa. Não é nem fofo e campy, só difícil de olhar. O que aconteceu ali?
O jurado convidado é Jerrod Carmichael, que tem uma energia baixa, o que é padrão para ele, mas dá notas reais e parece feliz por estar lá.
Pensamentos sobre a final: Normalmente, eu prevejo o top 4 aqui, mas estamos no top 5, então isso seria apenas dizer quem acho que será eliminada na próxima semana (Jewels? Não tenho certeza, mas ela só tem uma vitória). Em vez disso, gostaria de expressar que espero que façam um top 3 novamente, porque finalmente chegamos ao ponto da competição em que todas as queens são boas no básico do Drag Race (demorou um pouco esta temporada, não?), e eu gostaria de pelo menos duas semanas de competição real.
Desafio chato, com excessão do top2, merece 4 coroas.
