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Kitty Scott-Claus fala sobre transformação corporal e sobriedade

Após perder 50Kg, Kitty Scott-Claus fala sobre transformação de seu corpo, assim como foi parar de beber: “Perder peso não cura a dismorfia corporal. (…) Nada disso foi fácil”. Confira a entrevista completa à seguir.

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🕓 5 min de leitura

A competidora de RuPaul’s Drag Race UK e Global All Stars, Kitty Scott-Claus, teve um ano intenso, tendo perdido 50 quilos por meio de uma combinação de treinamento pessoal, abandono da bebida e seguindo um plano de dieta administrável.

Nesta entrevista para o artigo Real Bodies da Attitude, ela discute sua jornada de ser “a grandona” para encontrar a liberdade em drag e, finalmente, descobrir um relacionamento mais saudável com seu corpo e consigo mesma – enquanto encara aqueles rumores sobre usar Ozempic de frente…

Eu sempre fui conhecida como a “grandona”. Quando criança, eu não gostava de esportes ou de brincar ao ar livre como meus irmãos. Enquanto eles jogavam futebol, eu ficava em casa com minhas bonecas Barbies e Bratz. As coisas mudaram quando quebrei meu braço aos 10 anos, e meus níveis de atividade caíram. Ganhei algum peso e, a partir daí, ser o maior da família passou a fazer parte de quem eu era.

A escola de teatro não mudou essa percepção; ela a solidificou. Muitas vezes me disseram que eu nunca seria a protagonista, mas seria perfeita como a amiga engraçada. Meu tamanho era parte de como eu era vista e escalada. Aos 18, com sonhos de teatro musical, aceitei essa realidade. Não era algo que eu odiava, mas moldou os papéis que eu escolhi e como eu me via.

“Depois de Drag Race, a vida foi um turbilhão”

Descobrir arte drag foi um ponto de virada para mim. Isso me deu espaço para brincar com minha aparência e criar minha própria narrativa. Cintar minha cintura, adicionar enchimento e criar uma imagem poderosa foi libertador. Eu podia controlar como eu era vista de uma forma que a escola de teatro nunca permitiu. Mas mesmo com a liberdade que a drag oferecia, essas inseguranças subjacentes não desapareceram.

Depois de Drag Race, a vida foi um turbilhão. Fazer turnês e apresentações era constante, e viver fora carregando uma mala significava que a saúde ficava em segundo plano. As refeições geralmente eram o que eu conseguia pegar na rua, geralmente em postos de gasolina. Não que eu não me importasse com minha saúde; era só que ela não estava na minha lista de prioridades.

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Kitty Scott-Claus wearing flesh tone lingerie on a bed

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“Estou sem álcool há um ano e realmente me sinto melhor por isso”

Conhecer Monty Simmons em 2023, meu personal trainer nop perfil Move with Monty, foi onde a verdadeira mudança começou. Monty simplificou: duas sessões de treinamento pessoal por semana, uma sessão solo de academia e um plano de dieta administrável. Não parecia uma punição — parecia um plano que eu poderia seguir. Pela primeira vez, vi resultados, e esses resultados me motivaram a continuar. Com o tempo, perdi quase 50 quilos, mas o maior ganho foi algo que os números não conseguiam medir: me senti mais eu mesma do que nos últimos anos.

Parar de beber também mudou o jogo. No começo, eu não conseguia imaginar. Quer dizer, eu sou uma drag queen — meu trabalho é garantir que a multidão esteja se divertindo e bebendo. Mas Monty sugeriu que eu tentasse uma semana sem álcool só para ver o que acontecia. Os resultados foram imediatos. Comecei a perder peso mais rápido, me senti melhor mentalmente e estava mais focado. O verdadeiro choque foi que eu não senti falta disso. Percebi que minhas farras noturnas pós-show e minhas “bebidas para levar” não estavam me fazendo nenhum favor. Estou sem álcool há um ano e realmente me sinto melhor por isso.

Kitty Scott-Claus out of drag

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“Perder peso não cura a dismorfia corporal”

Mas aqui está o que aprendi: perder peso não cura a dismorfia corporal. Mesmo agora, tenho dias em que olho no espelho e não reconheço a pessoa que está olhando de volta. Eu vejo fotos do Drag Race UK ou do Global All Stars e penso: “Era eu mesmo?” Naquela época, eu não me sentia tão grande quanto parecia naquelas fotos, mas, vendo-as agora, é inegável. Há uma estranha desconexão, quase como olhar para outra pessoa.

A percepção do público acrescenta outra camada. Já ouvi de tudo: “Ela está tomando Ozempic”; “Ela fez algum trabalho [plástico]”. E embora eu tenha deixado claro que não usei Ozempic nem peguei atalhos, é difícil não sentir que meu trabalho duro está sendo diminuído. Cada corrida matinal, cada peso levantado, cada refeição cuidadosa — nada disso foi fácil. Mas tento focar nos pontos positivos. Recebo tantas mensagens de pessoas me dizendo que as inspirei a começar sua própria jornada fitness, e é isso que faz tudo isso valer a pena.

Kitty Scott-Claus wearing a black bra

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“Eu me pego pensando: ‘Você teria se interessado por mim quando eu era maior?’”

O namoro foi outra revelação. Antes, eu era frequentemente ignorada ou colocada na categoria de “amiga engraçada”. Agora, estou recebendo atenção de pessoas que não teriam me dado uma segunda olhada antes, e é… estranho. Não há outra maneira de dizer isso — é nojento. Eu me pego pensando: “Você teria se interessado por mim quando eu era maior?” É difícil não se sentir cético sobre as intenções das pessoas.

Kitty Scott-Claus out of drag wearing black pants

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“Não deixe que as opiniões ou julgamentos de ninguém definam seu valor”

Para qualquer pessoa que esteja lutando com a imagem corporal, meu conselho é simples: não se compare aos outros. Sua jornada é sua, e não há problema em seguir seu próprio ritmo. Não deixe que as opiniões ou julgamentos de ninguém definam seu valor. Não se trata de alcançar uma versão “perfeita” de si mesmo; trata-se de progredir, aceitar quem você é e encontrar paz nisso.

Kitty Scott-Claus wearing black lingerie

Kitty Scott-Claus wearing red lingerie

Kitty Scott-Claus wearing black lingerie lying on a bed

Hoje em dia, me sinto mais equilibrada do que nunca. Posso aproveitar meu trabalho, reservar um tempo para amigos e familiares e, o mais importante, cuidar de mim mesma. Ainda estou aprendendo que não tem problema priorizar meu bem-estar e recuar quando necessário, sem culpa. Depois de anos pensando que tinha que escolher entre minha carreira e meu bem-estar, ter os dois parece um presente que nunca vou tomar de forma leviana.

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