Foi ao ar mais um episódio estréia de RuPaul’s Drag Race 16! Leia a seguir a resenha. Contém spoilers daqui em diante.
Esta semana, em RuPaul’s Drag Race, conhecemos Plane Jane. Ela entra na werk room com uma missão – vilania – e imediatamente rouba o episódio ao cumprí-lo. Ela gonga as outras rainhas sempre que pode e depois vota estrategicamente, e não de forma justa, no segmento Rate-a-Queen. É uma manobra clara, talvez até inventada, mas certamente não indigna. No processo, ela ajuda Drag Race a criar uma de suas estreias mais bem produzidas em muito tempo.
O episódio desta semana é uma mini-saga, com um herói caído e um vilão, e cria o enredo para a temporada que segue com total entusiasmo. Ele faz isso essencialmente entregando-se a duas rainhas, com as outras funcionando principalmente como personagens secundários prontos para ganharem espaço posteriormente. Mas não estou no negócio de justiça, estou no negócio de assistir boa TV, e se algumas rainhas estão prontas para entrar na sala de trabalhos e capturar o olhar da câmera com todas as suas forças, então quem sou eu para negar isso?
Plane Jane cheia de piadinhas gordofobicas, uau 🫠 #DragRace pic.twitter.com/1NmrtncMfb
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A jogada de Jane é interessante – e é uma jogada intencional, mesmo que a forma como ela está agindo seja uma versão de sua personalidade real. Ninguém entra no Drag Race sem saber que se ela vomitar grosseria, essa grosseria será televisionada. Se ela continuar assim, Jane reduzirá suas chances de realmente ganhar a coroa para quase zero. Violet Chachki é a única rainha desde King Tyra (nascida Tyra Sanchez) que ganhou o show sendo algo parecido como uma vilã, e sua edição foi um enredo de “crescimento”, não a história de um vilão. No entanto, por ser tão Carisma-Originalidade-Coragem-Talento desde o início, a atuação de Jane garante um tempo de exibição e uma história e, imagino, coloca os produtores ao seu lado; eles não vão eliminar a maior catalisadora de conflitos logo de cara.
Também é arriscado que, para garantir que sua vilania seja convincente, ela precise ser uma ameaça real. Roxxxy Andrews na quinta temporada foi atraente, especificamente, porque ela aumentou as apostas por ser uma drag queen de alto calibre. Para ter um arco viável, Jane precisa não apenas gostar de ser má, o que tecnicamente qualquer um pode fazer (embora ela o faça com particular vigor), mas também vencer o desafio. Essencialmente: se ela fracassasse, seria apenas uma garota arrogante que o programa poderia eliminar para o rápido ápice de um arco de queda. Se ela arrasasse, garantiria sua estadia durante toda a temporada.
Felizmente para o show, ela venceu, e a temporada parece melhor por isso.
Mas para ser um episódio perfeito, também precisamos de um herói, e idealmente um que Jane possa antagonizar de alguma forma. O show descobre isso em Nymphia Wind. Nymphia é, do meu ponto de vista, a rainha mais empolgante da temporada. Ela é totalmente original e maluca, uma rainha hiperestilizada com habilidades matadoras e uma personalidade enorme. Mencionei na semana passada que Sapphira e outra rainha foram particularmente boas em atrair a atenção do público e exibiram uma qualidade inata de estrela. A outra foi Nymphia, e essa qualidade de estrela também aparece imediatamente no programa. Para a primeira parte do episódio, presumi que, após o domínio de Sapphira na estreia, o mesmo seria o caso de Nymphia. Não é isso que rolou.
Os produtores moldam o arco de Nymphia de maneira inteligente, e ela os ajuda sendo incrível. Ela entra na Werk Room com o que é claramente o traje de entrada mais divertido da temporada, algo sublinhado pelo fato dela entrar por último, então prontamente coloca sua casca de banana antes de se levantar e revelar uma fantasia de pênis de banana muito estúpida. No desafio de sessão de fotos desta semana, ambientado no DETRAN, ela se destaca em fazer Ru rir e acaba vencendo, conquistando a posição de favorita. No show de talentos, não vou esconder: ela serve. É provavelmente o meu favorito da temporada. Nymphia faz uma dança de ‘manga (de blusa) aquática’ totalmente original no contexto de Drag Race e, por meio da maquiagem, ela a transforma não apenas em uma bela dança, mas também em uma drag fascinante.
Quem aí curte bananas? #DragRace pic.twitter.com/CpcjRLYJSx
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Não tenho certeza de como a matemática funciona, mas a história que o programa conta é que, ao passar estrategicamente pela parte do desafio Rate-a-Queen, Jane tira Nymphia do primeiro lugar. Eu estava, para ser honesto, com o coração partido. Mas eu posso reconhecer que é uma ótima narrativa – do ponto de vista do espectador, Jane barra um sucesso potencial em seu caminho, colocando-se na posição de vitória para o episódio e atrasando um pouco o sucesso de Nymphia. Sinceramente, não tenho dúvidas de que Ru vê o poder de estrela em Nymphia e irá recompensá-la mais tarde, mas fiquei triste ao vê-la não conquistar a cobiçada vitória no primeiro episódio. E, no entanto, o close em seu rosto quando ela não está entre o top 2 da semana é o momento de catarse mais forte que já tivemos. Essa é uma diva ferida.
Tudo isso para dizer que este é um ótimo episódio de TV. Há armação e recompensa que, por sua vez, levam a mais armações. As pessoas que precisam desempenhar seus papéis estão desempenhando-os ao máximo. Se a semana passada foi para apresentar sete personagens interessantes, esta semana foi para apresentar uma história.
Mas deveríamos falar das outras rainhas, nenhuma das quais é uma má candidata ou personagem, mesmo que seu impacto seja um pouco diminuído por ter que dividir o ateliê com Jane e Nymphia. Resumindo o episódio de cada rainha em ordem de entrada:
A primeira rainha a entrar na werk room é Hershii LiqCour-Jeté. Ela tem muita energia contagiante e sua personalidade brilha. Ela carece de um pouco ou muito de polimento (embora ela não seja nenhuma Amanda. Amanda, estou com saudades), mas ela compensa isso em grande parte com energia. Seu número no show de talentos é um rap ambientado na selva sem motivo aparente (ótimo!), mas ela usa uma roupa de safári bem desalinhada que precisa alisar continuamente. Mesmo assim, o rap, que foi escrito por sua irmã Kornbread, é bom e bem entregue. Escolher fazer uma série sobre um movimento característico (neste caso, bater o cabelo) é sempre inteligente, e ela certamente bate cabelo. Na passarela com tema Ruveal, o look de Hershii é, infelizmente, uma revelação de casaco em vestido que ela descarta imediatamente. Michelle está certa ao criticar o comprimento da bainha. A semana que vem é um ball e estou um pouco preocupado com ela.
Eu amei o show da Hershii, engraçada demais 🤣🤣 #DragRace pic.twitter.com/nqvhSOmWus
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A próxima rainha a entrar é Plasma, que partiu meu coração durante todo o episódio. Ela é uma jovem de 24 anos que parece ter 70 anos e uma clássica rainha de teatro de Drag Race – ambiciosa, enérgica, aparentemente talentosa e prestes a ficar emocionalmente violenta. Você pode apenas sentir o cheiro. O talento dela é um número de cabaré que me lembra aquele clipe de Victorious onde Ariana Grande tem que atuar em uma cena, fazer malabarismos e cantar uma música em 90 segundos. O instinto de mostrar todas as habilidades que você tem é bom, mas quando (1) sua música é cantada parada, (2) suas impressões são todas as impressões que vimos antes no programa e (3) seu strip-tease termina com você ainda totalmente vestida, não será emocionante. Seu visual de almofada de alfinetes de tomate é fofo, e espero que ela navegue pelo resto dos primeiros episódios da temporada com uma performance polida, o que ela claramente serve. Além disso, ela serve um bom confessionário.
E a categoria é Made Ya Look, quem merece TOOT ou BOOT? #DragRace
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Geneva Karr é nossa próxima garota e ela é muito divertida. Ela está extremamente animada por ser a primeira rainha mexicana no programa e está representando bem. Ela é efervescente e talentosa e está ótima. Seu número no show de talentos começa com comédia e termina feroz, o que é um cálculo perfeito. Eu adoro que a letra da música seja a mesma frase repetida indefinidamente. Que bobo! Ela termina no top 2, o que é legal. Seu desfile é imediatamente um dos melhores por ser a única garota que não descarta uma parte de cima do look e transforma o primeiro look em um segundo sem deixar sobras no chão, passando de mariachi a um vestido. Sua excitação pode mascarar isso, mas não se engane – essa garota está aqui para vencer.
¡La diva más Latina! ❤️🔥🇲🇽 @geneva_karr #DragRace pic.twitter.com/4jRb5bkxbr
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Plane Jane aparece em seguida, iniciando seu domínio de tempo de tela. Já falei muito sobre ela, mas vou dizer o seguinte: ela foi polida em cada passo do caminho. Sua entrada sensual de esposa da máfia é ótima, seu número de talento de Burger Finger é exatamente o que Ru quer ver que parece calculado (tudo bem), e seu look final na passarela não faz sentido, mas é estúpido, safado e despretensioamente polido . Não há muito mais a dizer, exceto cuidado, meninas.
Clean up in the meat department! 😩🍔 @the_planejane #DragRace pic.twitter.com/ogMycjYM7w
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A próxima introdução vai para Megami. Gosto muito do visual de entrada dela, o que é bom porque, caso contrário, ela passa por uma situação bastante difícil neste episódio. Vou tentar ser delicado aqui: o número do talento dela é uma declaração política sobre a proteção da arte queer que, embora o coração esteja certamente no lugar certo, não tem muito a ver. A gongada mais cortante de Jane sobre o episódio (dos muitos shades deste episódio) é quando ela pergunta se Megami faz o suficiente para mostrar a arte queer que ela está dizendo que deveríamos proteger. Às vezes é melhor mostrar do que contar. A passarela Ruveal dela é linda, mas os olhos nas mãos fazem parte do look, não é uma revelação.
Pobre Derrick kkkkkkk como eu amo a lenda, que apareça mais vezes no show #DragRace pic.twitter.com/GDGr2nXftW
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Mhi’ya Iman Le’Paige entra declarando que tem ainda mais acrobacias do que apóstrofos em seu nome. Jane imediatamente nota que o espartilho de sua roupa de entrada a faz parecer mais gorda do que realmente é, o que objetivamente não é o objetivo de um espartilho. O melhor momento do episódio de Mhi’ya é quando ela adormece durante o desafio da sessão de fotos, acorda e imediatamente faz um split. Eu amo esse show.
Que desafio insano, eu ri demais, obrigado Ru por ser nossa mãe sem filtro algum kkkkk #DragRace pic.twitter.com/DEks0mzukp
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Sua performance no show de talentos é boa, mas certamente não é super original. Sua passarela é outro casaco, desta vez em traje de banho (para quando estiver quente!) Que é imediatamente descartado, e até ela observa no Untucked que não estava de acordo com seus padrões.
Mhiya provando que é uma Davenport mesmo, WERK BITCH #DragRace pic.twitter.com/BDJc00maPi
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Por fim, é Nymphia, de quem já falei até a morte. Tenho isto a acrescentar: ela é minha escolha vencedora.