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Who’s That Queen? Ivana Vamp

“Fazer o público rir significa que eu deixei uma memória definitiva dentro dele”, conta Ivana Vamp, da 1° temporada de Drag Race Italia, nesta entrevista exclusiva”.

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🕓 8 min de leitura

Imagine que você está em um trem no fantástico mundo do Ruverso. Seu objetivo é chegar a estação Drag Race Italia, o melhor caminho para o mais novo reino conquistado por RuPaul’s Drag Race em seu plano de dominação mundial. As portas se abrem e quem lhe recebe é ela:

Sou Ivana Vamp, uma verdadeira vampira. E agora com ondas de calor, quase. Eu venho de Arezzo e sou uma drag queen muito louca. Louca, mas não estúpida. Eu me divirto porque gosto de entreter, pensar fora da caixa. As pessoas falam: “O que você quer dizer?” Você tem que me descobrir, querida”, afirma no Meet the Queens.

Neste primeiro contato com o grande público, esta rainha também revela mais detalhes sobre suas origens no seguinte depoimento: “Ivana nasceu de uma noite à beira-mar na Itália quando eu vi uma drag queen pela primeira vez e disse a mim mesma: “Uau!”

Este momento aconteceu no verão de 2010, em Versilia, na costa da Toscana, Itália. A drag em questão é Regina Miami. Vê-la, assim como outras drags presentes neste dia, acendeu em Ivana o desejo de fazer o mesmo, portanto, ao chegar em casa, enviou e-mails para diversas rainhas italianas para matar sua curiosidade sobre maquiagem e fantasias, por exemplo.

Seu nome, Ivana Vamp, faz referência à modelo e empresária norte-americana Ivana Trump, a mãe de Donald Trump. O sobrenome é uma alusão aquele tipo de mulher fatal, com acento para o mistério e sedução, elementos que povoam sua mente.

Ainda no Meet the Queens, Ivana segue dando dicas sobre quem ela é de verdade e, por tabela, nos leva a pensar em como será sua jornada na primeira temporada de Drag Race Italia, disponível desde o último dia 18 de novembro deste ano.

“Eu defino minha estética como clássica, mas única e refinada porque eu não gosto de ser uma cópia de ninguém, só eu mesma. Minha força? Meu peso, tamanho e humor, que nunca deve ser esquecido. Se você tivesse que me resumir em uma palavra? Extravagância. Minha fraqueza é não ser capaz de encontrar uma”.

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Dito isto, é hora da competição. Quarta Rugirl a entrar na sala de trabalho, Ivana, como é de se esperar, chega de forma espirituosa: “Desculpe, mas quem são essas? Você não disse que eu estava sozinha? Tudo bem, pode desembarcar as minhas coisas, então”. Uma fala natural para quem afirma ser imprevisível, borbulhante e adorar coisas grandes, não é mesmo?

Em seguida, no mini desafio, Ivana precisa posar para uma sessão fotográfica em uma gôndola veneziana tradicional lutando contra o vento e sacudidas no veículo. Aqui registra uma sequência de momentos engraçados que fazem valer sua participação, porém, nem só de felicidade seria feita sua corrida rumo à coroa e o cetro.

Instantes depois, Ivana revela um trauma do passado que a faz ficar emotiva e, principalmente, reflexiva, afinal, ela fala sobre algo que infelizmente é comum na comunidade LGBTQIA+, um fenômeno responsável por criar diversos gatilhos e problemas psicológicos.

Eu tinha 20 anos, cerca de 22 anos quando… Meu pai, que nunca aceitou minha sexualidade, começou a me ofender mais do que o normal. De bicha, coisas assim. Eu arrumei as minhas malas e eu saí. Eu me lembro que eu tinha três malas e cinco euros no meu bolso. Estou sozinho há anos, trabalhando duro em todos os sentidos possíveis. Eu deixo pessoas ignorantes falarem alto e sou inteligente em silêncio”.

Tudo isto e a saída de casa afetaram, logicamente, a relação com sua mãe: “Sem contato com minha mãe, ela esteve no hospital durante um mês inteiro. Eu não consegui… Ela está desperdiçando esses anos agora que ela pode ter a força para me ajudar e para explicar muitas coisas pra pessoas que pensam como ele [pai], porque ela está perdendo isso, ela está perdendo um filho”.

As consequências também pesam para o restante dos parentes: “Todas as minhas tias e família sabiam da situação. Nenhum deles me ligou para dizer: “Você quer uma tigela quente de sopa?” Ninguém. Desde então, eu disse a mim mesma, basta, não consigo renunciar meus sonhos e minha persona”.

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Passada esta confissão, Ivana precisa se preparar para o primeiro desafio principal da temporada, de costura, na categoria Italian Style, com materiais guardados em malas. O seu tema é Nonna Virna, escolhido pela vencedora do mini desafio, Elecktra Bionic.

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Na hora das críticas, sua roupa com temática marítima a deixou entre as três piores e o seguinte raciocínio lhe ocorreu: “Obviamente meu primeiro pensamento foi: o que eu fiz de errado? Naquele momento eu fiquei com medo de ir para o lip sync”.

O temor é compreensível, porque, para Tommaso Zorzi, ‘eu gostei, mas com certeza pode ser melhorado’. Para Cristina D’Avena, cantora, atriz e jurada especial, a impressão é diferente: “Eu achei que ela era incrível porque ela teve um grande impacto, eu a acho muito expressiva”.

Complementando suas críticas, mais uma vez fora ressaltado que Ivana tivera algum problema em seu vestido, todavia, sua empatia e capacidade de comunicação foram justamente ressaltadas, com Priscilla entregando pistas sobre seu destino:

Ela é muito autoirônica, o que é uma qualidade fundamental para uma drag queen. O vestido parecia um pouco como a tia Assunta indo para o casamento do primo, mas no geral a construção dele estava boa”. Cristina finaliza: “Então ela nos apresentou um produto muito interessante. Sim, nós gostamos”.

No final do dia, a vampira italiana mais conhecida do Ruverso não chega a dublar pela vida, sobrevivendo a Ciao Italia, a estreia desta franquia. O que viria pela frente em Divas, o segundo episódio, transmitido em 26 de novembro?

A segunda semana competitiva começa com o limbo, a saber: as rainhas se montaram num drag rápido para passar por baixo da corda. Depois da tarefa divertida, a realidade nua e crua: como desafio principal, as drags terão que escrever, dirigir e atuar em seus próprios infomerciais sobre produtos escolhidos por elas mesmas em caixas. O de Ivana é um decanter chamado Libertà.

Como se tudo isto não fosse suficiente, a passarela pede que você faça uma homenagem especial na categoria Great Diva, para a qual Ivana prestou tributo a uma de suas maiores referências: “Maria Callas. Seu caso de amor atormentado com Onassis, daí o drama que estou trazendo para o palco”.

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Tommaso deu o seguinte feedback: “Eu tinha expectativas muito altas. Para mim você é uma rainha da comédia, você é muito boa nisso. Não sei onde em… Onde em criar esse infomercial você se perdeu porque foi… Olha, infelizmente, lento”.

Gianmarco Saurino, jurado convidado, corroborou de certa forma o argumento de Tommaso: “Acho que faltava um conceito básico, acho que de certa forma você queria enviar em alguns momentos uma mensagem política”. A cargo de curiosidade: em um determinado instante do seu informercial, Ivana fala que um dos ingredientes do produto que criou é a diversidade, mas voltemos as críticas.

Priscilla finaliza argumentando que teve a sensação de que Ivana chegou despreparada para o desafio porque era óbvio que a Rugirl não escreveu um roteiro, no entanto, ela pegou a referência de Callas em sua roupa na passarela. Minutos depois, Ivana admite para suas irmãs, enquanto aguardam o resultado final, que escreveu um esboço e realmente pode ter perdido o conceito na hora da gravação.

Fabio Mollo, o segundo jurado especial deste episódio, foi enfático sobre Ivana: “O problema que eu tive foi a tentativa de sair do que ela entende e o que ela sabe fazer. Eu não a vi se divertir com a gente, eu a vi se divertindo um pouco por conta própria”.

Pela ordem das críticas, Tommaso surge em seguida e questiona Ivana se ela sabe o motivo de estar entre as piores, ao que a rainha responde prontamente: “Eu não sei, talvez houvesse alguma dúvida sobre representar a Itália pois não tenho nada verde, branco e vermelho, nada comestível, mas eu tenho que dizer, eu posso representar a alta costura”.

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Antes do anúncio derradeiro, Tommaso reitera: “Eu gosto quando a moda manda uma mensagem e você foi capaz de fazer isso sem sacrificar o humor que você tem. Você nunca deve perder isso porque é a sua força”.

Mais à frente, é chegada a hora de encarar a realidade e ela traz consigo o bottom 2, com Ivana dublando contra Le Riche a música Comprami, de Viola Valentino. Neste ponto, leva Sashay Away e deixa a competição em oitavo lugar, tornando-se a única primeira eliminada das franquias de RuPaul’s Drag Race que durou mais de um episódio. E sua história acaba aqui? Não mesmo, caro leitor.

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Daniele Alì é a pessoa por trás da rainha. Nascido em 25 de abril de 1989, acredita que ser drag queen não é um trabalho, e sim uma arte, uma vida sem horários e locais, de show a show, porém, até se estabelecer como rainha, viveu uma vida digna de nota.

Enquanto era adolescente, Daniele abandonou o terceiro ano de Liceo Scientifico, uma escola secundária na Itália onde ele tinha média de notas oito. Filho único, apesar de sua mãe sempre ter convivido com homossexuais, encontrou em drag uma nova família que, ao escalar saltos altos para fazer parte dela, se sente como quem escala uma montanha para ver a vida de outros pontos de vista, uma mudança radical para quem já trabalhou como caixa, telefonista, bartender e funcionário de supermercado.

Fora do mercado tradicional, Daniele estudou teatro, música e alcançou o terceiro lugar, na Toscana, nas seleções para o festival de Sanremo. Em paralelo a isto, soma-se algumas vitórias em outras competições e sua participação no Drag in Talent, dentro do programa Lucignolo da Italia 1, apresentado por Platinette em janeiro de 2014.

A estas experiências acrescentamos seu título no Miss Drag for a Tuscan Night, sua passagem pela primeira edição do X-Factor e a coluna televisiva que manteve no programa Tadà, ao lado de Francesca Romero, na qual apresentava e entrevistava drag queens diferentes a cada semana.

No campo pessoal, Ivana tem interesse por leituras esotéricas, os filmes da franquia Harry Potter e tira inspiração de mulheres como a já citada Maria Callas, Loredana Bertè, Mia Martini, Sophia Loren, Moira Orfei e Mina.

Estas predileções estão alinhadas com a sua vontade de criar personagens que tem alma e que podem se expressar através de seu ponto forte, o canto, afinal, não esqueçamos que ela canta ópera e, por mais seriedade que esta informação traga, não podemos esquecer nunca do lema de Ivana: “Irônica sempre, extravagante frequentemente, mas seguramente vampira”.

Agora não me resta mais nada, Dragliciosa, a não ser lhe deixar, na íntegra, com a entrevista que Ivana Vamp me concedeu. Confira e, mais importante do que tudo, repita comigo: estamos falando de Drag Race, e não de Round 6, ok? Vamos lá!

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Olá, olá, olá, Ivana Vamp. Boa tarde! Eu sou brasileiro e você é italiana. Esta combinação te faz feliz?

Estou muito feliz por ter tanto sucesso no Brasil, nunca fui aí, mas logo vou querer ir e fazer um grande show no Brasil!

Drag Race Italia é a oitava franquia internacional de RuPaul’s Drag Race. A que você credita o sucesso do programa ao redor do mundo?

O sucesso de Drag Race Italia ao redor do mundo está na beleza da personagem italiana do programa em um momento histórico como este para a comunidade LGBTQIA + na Itália.

Quando você cresceu como uma pessoa LGBTQIA+ em Arezzo, na Itália, quem te ajudou a superar o bullying e o preconceito?

Meus queridos amigos Bruno e Edoardo me ajudaram. Infelizmente na família eu não fui aceita pelo meu pai e eu fui expulsa de casa, mas graças aos dois eu superei muitas dificuldades e adversidades.

Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com mais quatro drag queens, quem você escolheria e por qual razão?

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Eu gostaria de formar um grupo com Latrice Royale, Eureka O’Hara, Ginger Minj e Silky Nutmeg Ganache porque somos rainhas que sabem como ser amadas como nós somos!

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Qual será o nome do primeiro single deste grupo?

E nosso primeiro single será chamado de “Soft as a Feather”.

Uma piada pode esbarrar em certos limites e se transformar em um shade meramente covarde. Como fazer rir sem ofender as pessoas?

Apenas sendo você mesmo e sendo autoirônico.

Qual foi o maior show que você não fez?

Eu gostaria muito de participar do Eurovision Song Contest.

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Para concluir: a melhor crítica é aquela que lhe faz rir? Fazer o público rir é fazê-lo concordar com você?

Fazer o público rir significa que eu deixei uma memória definitiva dentro dele, um momento despreocupado em uma vida agitada. Eles não riem de mim, mas riem comigo!

Muito obrigado por sua atenção e tempo. Uma última mensagem para o Brasil, Ivana?

Tenha orgulho de ser sempre você mesmo! E por favor, me siga em todas as minhas redes sociais porque eu vou te ver em breve!!!

Pode deixar, Rainha. Beijos brasileiros!

Beijos da Itália.

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Para ler outras entrevistas exclusivas da Who’s That Queen clique aqui.

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