Experimente digitar no Google a seguinte frase: “Primeira drag queen do mundo”. O link que surgirá na sua barra de busca lhe informará que William Dorsey Swanh é o detentor deste título.
Nascido em 1858, em Maryland, William virou a rainha das rainhas, a drag que deu origem a todas as outras, em 1880, 17 anos depois da abolição da escravatura. De lá pra cá, mais de um século se passou e, com ele, muitas transformações que drag, enquanto arte, sofreu.
Para alguns elas são os anjos que nos salvarão do apocalipse; para outros, estamos falando dos únicos soldados que nos protegerão em uma guerra. Independente de qual seja a sua opinião sobre drag queens, uma coisa é tão certa quanto as principais diferenças entre perucas humanas e sintéticas: as drags continuam por aqui, em todos os cantos, nas mais diversas áreas. Se você duvidar, tem uma drag passando na sua timeline agora mesmo.
Pensando desta forma bíblica, onde as drags assumem os lugares dos pães e se multiplicam, me lembrei dos famosos versos cantados por Madonna: “Como uma virgem, drag pela primeira vez”. Brincadeira, a letra não é esta, mas dá o tom do que virá por aqui agora.
Como praticamente toda pessoa LGBTQIA+ já foi exposta a uma drag antes, fui atrás de 14 rainhas brasileiras para fazer uma única pergunta:
Qual é a sua primeira memória do primeiro show de drag queen que você assistiu na vida?
A primeira vez que vi pessoalmente uma performance drag foi em 2017, numa extinta boate da minha cidade, em uma das primeiras festas que eu fui, tenho quase certeza que era tema de halloween. Eu amei ver a energia dela, performando e interagindo com o público, aparentemente muito simpática. Infelizmente foi a primeira e última vez que a vi, mas foi o suficiente pra ter ainda mais certeza de que queria fazer drag.
Baby, na televisão. Mas ao vivo, eu tinha, sei lá, uns 28 anos. A drag pulou num espacate do palco no chão da balada e eu fiquei chocado!
Uau! Faz muito tempo, mas consigo sentir a energia do dia em que vi ao vivo meu primeiro show drag. Até então eu nem havia transicionado e era bem novinha de tudo! Inclusive eu sendo menor de idade consegui ir ao show por ter amizade com o organizador da festa (crianças, não façam isso, por favor). Bom, a primeira vez que vi uma drag queen performando foi na minha cidadezinha atual (Apucarana, Paraná), numa festa chamada “Chá das Pan” onde a atração principal foi a Tchaka Drag Queen. Ela é conhecida por ser a rainha das festas e esteve em inúmeros programas de TV e tem um legado maravilhoso na cena drag brasileira. Me lembro de sorrir o tempo todo com a energia dela, as piadas, o jogo de cintura que ela tinha no palco, sempre sabendo improvisar e conduzir aquele mar de gente na boate. Eu ainda era aquela boneca que esperava os pais saírem de casa pra se trancar, colocar uma camiseta na cabeça e dublar como se fosse um show de verdade na minha cozinha. E quando Tchaka me puxou pro palco em uma das brincadeiras e me disse: “Mona, você tem o close de mulher”, ali eu senti que alguém me via de verdade, então ganhei minha noite! E ouvi uma espécie de previsão daquela drag icônica e hoje estou aqui, mulher e drag queen, agradecendo após muitos anos a honra de ter visto a Tchaka brilhar diante dos meus olhos!
Meu primeiro show drag foi o da Tatianna. Foi um choque porque nunca tinha visto uma drag de perto, eu era bem fora do meio, não tinha contato com festas voltadas ao público LGBTQIA+, estava começando nesse ano. Foi lindo pois tínhamos várias drags de outras cidades. Fiquei encantada com a arte e com a beleza delas. Cada uma com sua estética. Até hoje faço parte da arte, acho que ter ido a um show foi importante para ter certeza que era isso que eu queria fazer.
Essa é fácil, jamais esquecerei: foi na boate Nostro Mondo, em São Paulo. Eu me senti em um mundo mágico! Era uma mistura de teatro, dança, show e comédia. Ri, sorri, chorei, me emocionei e me inspirei. No palco vivenciei artistas como Pandora Boat, Márcia Pantera, Silvetty Montilla, Grace Black, Cinthia Gregory, Marcinha, Brenda, Kaká de Lima e por aí vai. Foi também a minha primeira vez em uma boate “gls”.
Eu me lembro de assistir uma apresentação da Silvetty Montilla em uma boate aqui no Sul Fluminense. Eu nunca tinha visto alguém comandar a plateia daquela forma. O público estava em suas mãos. O humor afiado e cativante! Ela me marcou e me lembro que todo mundo estava sorrindo concentrado em cada piada que ela disparava. Eu assisti o stand-up da Silvetty antes de presenciar qualquer show de performance.
Primeiro contato que tive foi com Cinderela e a Trupe do Barulho. Cinderela já fazia sucesso pelo Recife e transmitiram um espetáculo inteiro na televisão local, “Cinderela, A História que sua Mãe Não Contou”. Eu era criança, mas amava, me marcou muito. Presencialmente, alguns anos depois eu vi o show de Kita Sempre Kita no bairro onde nasci, numa dessas festas cheias de shows que as rádios promovem. Eu tinha um certo fascínio e amava as músicas delas. Sim, nos anos 1990 e 2000 elas já faziam música e era sucesso no Recife.
Nossa, o primeiro show drag que eu vi foi da Gloria Groove com a Kira Lyon, no Terraço Club. A Gloria não tinha nem lançado “Dona” ainda, estavam fazendo cover de Beyoncé e Nicki Minaj.
Eu não lembro a primeira vez que vi uma drag pessoalmente, faz tanto tempo, mas o show que lembro que me impactou muito foi um das Deendjers. Elas vieram para Maceió e eu fiquei simplesmente abismada com elas. Elas são lindas demais, já as acompanhava pela internet e vê-las pessoalmente foi algo bem surreal! Lembro que fiquei louquíssima gritando na plateia. Na época eu não fazia drag ainda, nem passava pela minha cabeça, mas foi algo que marcou muito pra mim quando assisti.