Pela primeira vez desde que foi desclassificada de RuPaul’s Drag Race em março de 2020, Sherry Pie (o nome artístico de Joey Gugliemelli) sentou-se para uma entrevista ao vivo no programa de TV Tamron Hall Show (em 16 de fevereiro).
Antes de começarmos, aqui estão alguns antecedentes: Gugliemelli competiu na 12ª temporada de Drag Race, mas uma série de alegações de má conduta sexual foram feitas contra ele poucas horas antes de seu primeiro episódio ir ao ar, o que levou os produtores a corte-lo o máximo possível dos episódios da temporada e desqualificá-lo da competição. Mais de uma dúzia de homens alegaram que Gugliemelli – fingindo ser uma falsa diretora de elenco chamada Allison Mossie – os enganou para mandar dinheiro e fotos eróticas e degradantes sob o pretexto de serem considerados para papéis no teatro e na tela.
Tamron Hall começou o bate-papo abordando a reação que ela recebeu nas mídias sociais por ter planejado esta conversa.
“A própria ideia de que eu entrevistaria Sherry Pie… foi vista por alguns como se eu desistisse de minha plataforma. Sou repórter há 30 anos. Eu entrevistei estupradores, entrevistei assassinos, lembro-me de entrevistar uma mulher na prisão que assassinou uma criança de quem era confiada para cuidar. Não é abrir mão da sua plataforma. Isso é chamado de entrevista, e as pessoas que fazem coisas ruins são entrevistadas. R. Kelly vem à mente. Essa é apenas uma pessoa que estou pensando, que foi recentemente entrevistada em várias plataformas e compartilhada em todas as redes sociais”.
Today on "Tamron Hall," one of the contestants of "RuPaul’s Drag Race" — disqualified after being accused by multiple men of a predatory catfishing scheme. For the first time – Sherry Pie on the damage caused to the victims and the LGBTQ+ community. pic.twitter.com/fX84SZ2YQx
— Tamron Hall Show (@TamronHallShow) February 16, 2021
Depois de insistir que ela não dá “passes livres”, Hall deu as boas-vindas a Joey no estúdio remotamente, ele começou assumindo sua culpa:
“Em primeiro lugar, quero dizer que não há ‘alegações’. Eu admito meus erros e comportamento horrível. Eu não sei se… mais [vítimas] virão. Estou aqui para me desculpar e quero deixar isso bem claro. Eu entendo agora, no decorrer deste ano, quanta dor eu causei. Só quero que as vítimas saibam, e todos saibam, que sinto muito. Não consigo nem começar a imaginar a dor e o trauma que causei. Isso é realmente tudo que tenho a dizer”.
E, na verdade, ele não tinha muito mais a dizer.
Gugliemelli explicou que está “fazendo terapia cognitivo-comportamental” desde sua desclassificação e está em contato com três de suas vítimas. “Ainda falo com dois deles”, disse ele. “Um deles me pediu para não mais contatá-los, e eu entendo isso perfeitamente”. Joey explicou que algumas de suas vítimas eram amigos muito próximos e que ele “queria poder mantê-los por perto e íntimos”.
Quanto a possíveis acusações criminais, Gugliemelli está “preparado para assumir qualquer responsabilidade”, embora só tenha sido notificado pelas autoridades para possíveis processos até agora.
Quase no final da entrevista, Gugliemelli revelou que foi diagnosticado com borderline, transtorno de personalidade limítrofe, na época de sua desqualificação, acrescentando:
“Não culpo minha doença mental por nada que fiz”. Ele também fez alusões vagas à sua infância, que incluiu um pai “deplorável” e um padrasto com quem ainda mantém um relacionamento ruim.