Sawatdi é um cumprimento tailandês que significa: “Bem-vinda, bondade, beleza e prosperidade”. Além disto, é a palavra que nos guiará por 17102 km, em linha reta e rota aérea, rumo à Tailândia, país de origem da entrevistada da vez desta edição da Who’s That Queen?
Nascida no dia 23 de março de 1991, em Rong Kwang (Phrae), Meantra Mananya Puengmai é mais conhecida como Meannie Minaj, participante da temporada um de Drag Race Thailand, transmitida de 15 de fevereiro à cinco de abril de 2018.
“Eu sou igual a ela, não é? A Meannie Minaj é uma garota má, mas também adorável. Ela é sexy, linda e fofa. Ela também é engraçada, é uma vadia”, afirma Meannie, em depoimento que dá o tom do que o público pode conhecer dela, visto que fora a primeira eliminada de sua temporada.
Apesar do pouco tempo de tela, Meannie deve orgulhar-se de ter um episódio para chamar de seu. Terceira drag queen a entrar na workroom e primeira mulher trans da história do programa, ela logo revela que, à época das gravações do reality, trabalhava como atriz e, além disto, temia a concorrência de uma colega em especial:
“Eu me senti intimidada pela Année Maywong. Eu já trabalhei com ela, ela é uma ótima dançarina”. Algo interessante de destacar, porque quando perguntei para Meannie quem tinha sua torcida para vencer a temporada, ela respondeu sem hesitar: Année Maywong.
Preferências a parte, voltemos ao episódio um. Mais a frente, descobrimos que o grande objetivo de Meannie é ganhar o prêmio em dinheiro de 500,000 baht, um desejo que vira algo mais concreto quando ela fica entre as três melhores do mini-desafio: um ensaio fotográfico enquanto as drags são encharcadas com água de baldes. Morrigan e Petchra também se saem bem e a vitória fica com Morrigan.
Para o desafio principal, o objetivo é criar uma roupa três em um que fale quem você é. Morrigan, vencedora do mini-desafio, decide os materiais de todas as demais competidoras. Meannie é a segunda a ganhar sua caixa.
“Meu primeiro visual foi inspirado na própria Nicki Minaj. O segundo é algo que imaginei, não teve inspiração. E para o terceiro visual pensei em uma garota que ama música country, então, quis mostrar isso através das roupas. Eu quero mostrar que posso ser a Nicki Minaj, mas que também posso ser outra pessoa”.
Infelizmente, a tentativa de Meannie não foi tão bem recebida pelos jurados convidados, Madame Mod, Madeaw e Pa-Tue. Junto à Pangina Heals e Art Arya, eles decidiram o destino de Meannie e ela foi parar entre as duas piores, em uma dublagem contra Morrigan, ao som de Born This Way, de Lady Gaga.
Após o lip sync, Art Arya declara: “Meannie Minaj, Morrigan, vocês me decepcionaram nesta semana. Meannie, sei que o mosquiteiro é difícil de se trabalhar, mas não poderia ter sido melhor na passarela? Eu pude ver sua falta de confiança e que estava sem energia”. E prossegue: “A drag que nos deixará nesta semana é… Meannie Minaj. Sinto muito. Eu te amo e você me impressionou. Um dia as pessoas não pensarão na Minaj, apenas na Meannie. Eu te desejo o melhor”.
Em seguida, Meannie declara: “Isso foi tão rápido. Eu já estou indo embora. Eu queria poder ficar e mostrar meu talento, talvez eu me destacasse em outros desafios. Eu não estava pronta”.
De fato, Meannie não conseguiu mostrar um terço de quem é como artista durante sua rápida passagem pela competição. Sua trajetória, na verdade, começa em 2011, como showgirl, porém, nesta época, era imposto um padrão em que ela não se encaixava: pele branca, corpo e rosto pequenos. Com isto, só lhe restava uma opção: ser dançarina.
No ano de 2015, a convite de Pangina Heals, Meannie, que já a conhecia antes das gravações de Drag Race Thailand, debuta como drag queen. De lá pra cá, acumula experiência de mais de três anos como atriz no teatro Simon Star Show, além de trabalhar, desde 2016, no famoso The Stranger Bar, entre outros locais. Em paralelo a isto, Meannie também já apresentou-se em países como Índia, Singapura, Japão e Vietnã.
Sobre seu estilo como drag, é sabido por todos que Meannie é a mais conhecida impersonator de Nicki Minaj a nível mundial, porém, Beyoncé consta entre suas preferidas também. Quando não está personificando estas artistas, Meannie faz montações autorais, com foco na beleza natural, mas não vê problema em assumir-se como o que é e gosta de fazer: uma impersonator.
Atualmente aos 29 anos de idade, seis de carreira como drag queen e dez como artista, Meannie tem mais de um milhão de visualizações no TikTok e está presente nas principais redes sociais. Nada mau para quem leva a vida a partir da seguinte máxima: “Faça o seu melhor hoje, mas não pare se não chegar ao orgasmo”.
Agora que você entendeu a importância da representatividade asiática no arco histórico de RuPaul’s Drag Race, eu te convido para conferir, na íntegra, minha entrevista com ela, a mulher que, se você for presenteá-la, é bom que seja com um perfume Chance, da Chanel: Meannie Minaj.
Você nasceu no distrito de Rong Kwang, em Phrae, uma província tailandesa. Como foi crescer lá sendo uma pessoa LGBTQIA+?
Quando jovem parecia que eu era a única LGBTQIA+ na escola que estudei, mas não me sentia muito diferente. Tinha amigos e uma vida normal, somente uma coisa não me deixava feliz. Alguns meninos sempre me irritavam, porém, apenas acho que eles simplesmente queriam fazer amigos.
Era o famoso bullying escolar, infelizmente. E seus pais?
Quanto a minha família sou sortuda. Tenho apoio da minha mãe e irmã e elas nunca tiveram problemas com LGBTQIA+. Então, fico feliz com isso.
*Nota do repórter: Meannie também tem um irmão cisgênero que a apoia.
Atualmente você mora em Bancoque. Quais são os desafios enfrentados pelas mulheres trans que fazem drag na capital da Tailândia?
Na Tailândia nós temos a cultura de showgirl feita pelas trans há muito tempo. Cresci com isso e quando a cultura drag veio não foi tão diferente. O que me faz amar drag é que você não precisa ser bonita ou sexy, você pode ser o que você quiser ser, fazer ou mostrar por meio dessa arte. É tão libertador, entretanto, apenas uma coisa me deixa preocupada porque normalmente vivo como uma garota. Quando faço drag nada muda muito, continua como o meu eu normal, mas agora não mais fico aflita porque drag é arte, certo? Dessa forma, tudo é liberdade.
O que dificulta a entrada de mulheres trans em reality shows competitivos como RuPaul’s Drag Race?
Na minha opinião, não sei sobre os Estados Unidos, Europa ou Reino Unido, mas na Tailândia, como te disse, nós crescemos com a cultura showgirl, então, é muito fácil concordar com a comunidade de fãs de drag, porém, como a primeira eliminada da temporada, por causa da plataforma de RuPaul’s Drag Race eu também precisei agir como um garoto quando estava fora do drag.
Você tinha que se portar como um homem? Isto foi imposto pela produção do programa?
Eles não me forçaram, mas eu achei que deveria ser como um menino, sem drag, para que pudessem ver o quão diferente é quando você está em drag e porque eu assisto RuPaul’s Drag Race.
Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com mais quatro mulheres trans que fazem drag, quem você escolheria e por qual motivo?
Kandy Zyanide, Angele Anang, Zepee e Zymone. As quatro são mulheres trans com quem eu trabalho agora, então, se eu puder escolher opto por elas fácil porque elas já se conhecem também.
Quais são as 5 músicas da Nicki Minaj que toda drag deve performar pelo menos uma vez na vida?
5 músicas da Nicki, sério? Eu sou aquela que não sabe muito sobre Nicki, mas 5 faixas que eu sempre faço e todo mundo deveria fazer:
1 Super Bass
2 Starships
3 Anaconda
4 Turn me On
5 Chun-Li
Aqui no Brasil muitas pessoas tem curiosidade em saber mais sobre o processo de inscrição para Drag Race Thailand. Como foi com você? Mais difícil do que pensava ou tranquilo?
Quando fiz o teste fiquei tão animada porque até então eu não sabia nada sobre isso, apenas conheci RuPaul’s Drag Race antes de entrar na competição. Então, imaginei que seria muito difícil, mas não é tão difícil, apenas seja você mesmo. Na 2 ª temporada tive a chance de estar na audição (apenas não se vê na competição). É muito difícil para mim. Você precisa mostrar todas as suas habilidades e é necessário ser você mesmo, mas não o seu eu normal, tem que impressionar os jurados.
Então você tentou competir novamente no programa?
Eu não estava na audição para a competição, apenas na sala de audições vendo as concorrentes na temporada dois.
Infelizmente você foi eliminada no primeiro episódio de Drag Race Thailand. Depois de dois anos desta experiência, qual análise você faz dela? Valeu a pena?