Na segunda parte do especial “Academia de Drags”, nós vamos falar dela: a beleza douradense, musa do centro-oeste, garota-propaganda do portal do Mercosul, dona e proprietária da empresa carão, Yasmin Carraroh.
Única sul-mato-grossense a participar da primeira temporada deste web reality show pioneiro, Yasmin pôde representar seu Estado com a experiência adquirida, na época, de quase cinco anos de carreira. Sua persona drag nasceu despretensiosamente na cidade de Dourados, mas teve vida curta. Foi somente em São Paulo que o que começou como brincadeira viraria o trabalho de uma vida toda.
“Vocês não tem a noção do que eu já passei, tenho muita história pra contar, é bem babado! E as cidades que eu já fui também. A Yasmin, todo mundo até brinca, fala que a Yasmin é viajante, porque, sem a pandemia, toda semana eu tava num canto diferente”, afirma.
Na capital paulista, um amigo se passou por Yasmin e fez a inscrição para o Academia em seu lugar. Ele ligou para ela em um sábado e disse: “Eu consegui um show pra você e você vai ter que levar isso e isso”. Os itens eram as roupas usadas por Yasmin no programa. Ao relembrar deste dia, a artista afirma:
“Quando eu cheguei lá tinham sete meninas e eu não sabia que era um reality show, eu nunca tinha assistido RuPaul, não sabia como era”.
Yasmin foi salva nos dois primeiros episódios, venceu o terceiro e quarto, sendo a primeira a conseguir tal feito. No quinto episódio, encara seu primeiro bottom, eliminando Rita Von Hunty. Na semifinal, manda Lavynia Storm para casa. Além do ótimo histórico, Yasmin é o que convém chamar de assassina de lip sync.
No final das contas, com exceção da grande final, a competição toda foi gravada em nove dias, na zona oeste de São Paulo, no bairro da Barra Funda, em um estúdio ao lado da RecordTV.
Assista a primeira temporada completa de Academia de Drags aqui.
Consagrada vice-campeã da primeira temporada, Yasmin se monta há 12 anos. Como Yasmin Carraroh são dez. Atualmente vive em Curitiba (PR), mas divide-se entre a capital paranaense e São Paulo, onde tem família.
“A minha agenda de show tá parada devido a pandemia ainda, mas assim que voltar tudo ao normal, eu vou ficar nos dois. Faço show tanto aqui no Paraná quanto São Paulo, tenho muito público lá, eu não posso deixar de ganhar devido a isso”.
Entre um compromisso e outro, conversei com Yasmin, via WhatsApp, sobre como foram os últimos anos, novos projetos, bastidores do Academia de Drags e muito mais. Confira a seguir.
Nunca passou pela sua cabeça ficar no seu estado natal? Ou sempre pensou em sair de lá e ganhar o mundo?
Eu fui morar em São Paulo, 70% da minha família é de lá. Na época eu era de menor. Quando conheci São Paulo fiquei deslumbrado. A cidade onde eu morava era uma cidade pequena, não tinha nada quando eu cheguei. Em São Paulo, naquela época, vai, tinham 50 boates abertas, boate LGBT, gay, GLS que a gente falava na época, tinha em todo canto
“GLS”. Na minha época também falávamos assim.
Eu nunca imaginei fazer show em outro Estado. Fui pra São Paulo, comecei a fazer show lá, participei de concurso. Eu nunca imaginei sair daquelas boates que eu fazia. Era sempre concurso. Só pra você ter noção: fiquei quase três anos fazendo show de graça. Depois de três anos eu recebi o meu primeiro cachê. Já fiz show na Bahia, Salvador, Minas, Paraná, São Paulo toda eu já fui, interior e praias, Goiânia, Brasília.
Tudo graças ao Academia, curioso notar.
Sou muito, mas muito grato ao reality. Porque eu falo pra todo mundo: se não fosse o reality, eu estaria ainda lá em São Paulo, fazendo shows pra aquele mesmo público. Depois do reality eu aprendi muita coisa.
Isso que eu ia te perguntar. Como anda a vida por agora?
Hoje o meu foco principal é fazer animação. Quais tipos de animações que eu faço? Eu faço casamento, debutante, despedida de solteiro, chá de panela, chá de cozinha, chá de lingerie, aniversário, festa pra empresa, festa de confraternização. Eu aprendi outra coisa e o cachê é muito mais valorizado. E hoje eu falo que existem duas Yasmins. Existe a Yasmin Carraroh de boate, que mostra a perna sensual, gosta de uma roupa curtinha, biquíni, triquini, e tem aquela Yasmin de animação, que é um lado totalmente caricato, roupa bufante, muita cor. Animação é uma coisa, show de boate é outra e eu respeito muito isso.
O término do Academia te forçou a parar e pensar: e agora?
A Yasmin se reinventou depois que acabou o Academia. Na época eu tinha 15, 16 shows no mês, eu falei, gente, eu não posso trazer a mesma coisa, eu tenho que fazer coisas diferentes pro público ver. Aí que a Yasmin foi se reinventando e descobrindo novas formas de humor. A Yasmin é muito palhaçona.
Quando as gravações começaram [do Academia], você consegue lembrar do que se passou na sua cabeça? O que você estava pensando naquele momento em que o programa estava rolando e sua participação era real?
Não sabia que eu estava participando de um reality show. Nós gravamos tudo, falei: “Acho que eles estão gravando porque vão usar esse material depois”. Aí chegou a Silvetty com os convidados, sentaram na bancada, nós fomos pro palco e a Silvetty chamando uma e outra. Quando ela me chamou: “Yasmin, você tá salva e continua no próximo episódio”, eu saí do palco e perguntei pro produtor: “O que é isso?”. Depois de oito horas gravando o primeiro episódio eu descobri que eu estava participando de um reality show.
Oito horas de gravação. Nossa. Você já conhecia a Silvetty?
Sim. De camarins.
Quais foram as suas primeiras impressões do elenco? Já conhecia as meninas, o trabalho delas?
Conhecia a Gysella, Musa e Hidra. Amei as meninas. Tive muita afinidade com a Rita e Lavínia.
Ao ver que estava no programa, quais passaram a ser os seus objetivos? Ampliar o alcance da sua drag com a oportunidade?
Pra falar a verdade eu não pensei nada disso no momento porque eu não sabia como que o público ia receber esse reality. Eu fiquei muito ansioso pra estreia. Quando passou o primeiro episódio eu nunca recebi tanto carinho na minha vida. Pessoas de fora do país, de Portugal, EUA, França, pessoas de longe mandando mensagem pra mim: “Nossa, tô torcendo pra você”. Eu nunca tinha passado por isso e até hoje as pessoas adicionam, me marcam no Instagram, me marcam no Facebook, foi muito bacana.