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The Vixen | Não há lugar para o preconceito no Orgulho LGBT

🕓 5 min de leitura

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Em Chicago, nossa área gay é chamada Boystown. Quando havia uma Parada do Orgulho LGBT, mesmo aos 16 anos, eu fui a Boystown com meus amigos e nós apenas passeamos por lá. Nós não íamos entrar nas boates, mas estávamos passeando, éramos gays, queríamos estar em algum lugar onde nos sentíssemos seguros para sair. Muitas vezes, nos sentíamos indesejáveis.

Você apenas sabia que não pertencia ao lugar e as pessoas olhavam para você de forma estranha. Ou quando o controle da multidão nos pedia para nos retirarmos. Por que eu e meu grupo de seis amigos negros são os que têm que atravessar a rua? Esse tipo de coisa sempre se destacou para mim.

Fazendo drag agora e trabalhando nos bares, sou conhecida e eles me aceitam, mas eu ainda vejo isso acontecer com outras crianças nas ruas que realmente se parecem comigo quando eu não estou em drag. Isso é muito estressante e sempre foi o status quo, do jeito que sempre foi.

No ano em que o tiroteio de Pulse aconteceu, eu tive provavelmente onze shows em sete dias e fiquei exausta. O último show que fiz foi em uma boate. Havia um rapper do lado sul de Chicago que fez uma música e a dedicou à Pulse Nightclub. Este é um homem hetero negro que veio fazer uma música em um clube gay para a comunidade gay e doar todo o dinheiro para a comunidade gay. Seu nome era Vic Mensa.

Amor Livre.

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Somos de bairros parecidos na região sul. Ele tem uma tatuagem de Southside (região/lado sul) no pescoço. Antes da performance, nós estamos na sala verde falando sobre quais escolas nós frequentamos e tivemos um vínculo total e instantâneo e um ótimo momento. Eu não poderia estar mais igualmente unida com esse cara. Ele fez um ótimo show e nós dois continuamos falando sobre nossas vidas.

Eu acordei no dia seguinte e vi uma publicação que um bartender escreveu: “Oh, o lixo de Southside arruinou o Orgulho LGBT”. Em Chicago, os Southsiders (sulistas) são negros. Isso é apenas um fato conhecido. Ele até passou a dizer coisas como “Lésbicas arruinaram o Orgulho LGBT” e “Mulheres heterossexuais arruinaram o Orgulho LGBT”. Basicamente, qualquer um que não fosse um homem branco cis que ele estava concluindo não ser bem-vindo à Parada do Orgulho LGBT. Eu não tinha sequer me levantado da cama e estava no modo completo do Facebook.

Vamos ser claros e eu vou encerrar este assunto. O termo “lixo do lado sul” é racista e inaceitável. Os “sulistas” não estragam o Orgulho LGBT. Lésbicas não estragam o orgulho, pessoas heterossexuais não tem paradas, nem mesmo pessoas bêbadas estragam o Orgulho LGBT. O preconceito arruina o Orgulho LGBT. Fim de história.

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Como você ousa? Não só realizei muitos trabalhos durante a temporada do Orgulho LGBT, mas aqui está outro Southsider vindo para fazer algo de bom. Eu literalmente vi com meus próprios olhos o quanto os Southsiders contribuíram para o o Orgulho LGBT.

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Provavelmente foi a primeira vez que fiquei tão exaltada que falei sem me limitar e acabei por ficar transtornada e entrar no meu modo de ativista. Por sorte, porque trabalhei na comunidade por tanto tempo, as pessoas ouviram e respeitaram o que tenho a dizer. A campanha realmente foi ouvida e ficou boa.

Depois, eu literalmente coloquei “lixo do Southside” em cada camiseta, calça, qualquer coisa que eu pudesse usar. Eu tinha um collant que dizia: “Eu não consigo respirar”. Eu fazia a mais simples apresentação de uma música pop e ainda assim usava uma roupa de “lixo do Southside”. Nem sempre tem que ser uma performance escrachada. Eu normalizei a ideia de mostrar que eu era do lado sul. Isso foi muito bom e depois se transformou no ativismo e drag ativismo que me levou a fazer Black Girl Magic.

No ano seguinte eu estava na parada de Orgulho LGBT, eu estava mais intensa. Toda Parada do Orgulho LGBT que rola eu olho atentamente para cada pessoa negra e sorrio e me certifico de que elas se sintam bem-vindos. Eu entrei com muito mais intenção sobre a razão de eu estar na Parada do Orgulho LGBT.

Quando eu saí do carro alegórico, havia aquelas garotas negras esperando lá apenas para me abraçar. Eu fiquei tipo: “Eu vou chorar”.

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Quando nós fazemos isso em boates, eu me certifico de puxar as mulheres negras da platéia para o palco e tirar fotos com elas. Isso é algo que eu acho que vocês não notam. Muitas vezes essas mulheres ficam muito surpresas de serem reconhecidas em uma boate gay em um bairro branco.

Quando você é negro e gay, especialmente em uma cidade segregada como Chicago, não há lugar algum em que você se sinta seguro. A razão pela qual essas crianças estão indo para o lado norte para o desfile é porque elas querem se sentir seguras, onde podem se expressar como gays. Eles não sentem isso em seus bairros. Eles não procuram fazer qualquer problema a não ser compartilhar o porto seguro que foi criado para os gays em Chicago, em Boystown. E então eles não são bem vindos. Bem, onde sou bem-vindo? Onde estou seguro?

Eu sou visto como uma ameaça em um bairro gay ou vista como um alvo em um bairro negro.

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No fim do dia, quando uma multidão se aproximava, você via grandes grupos e a polícia surgindo e os removendo, como suas luzes piscando e a sirene gritando. Você se sente desconfortável porque vê essas grandes multidões de pessoas de cor e depois vê as luzes da polícia. E me ocorre que isso: é uma questão ótica.

Essas pessoas estão aqui apenas para se divertir, mas quando você acende as luzes da polícia e liga as sirenes e há um helicóptero de notícias que passa por cima e vê que, para eles, parece que pessoas negras estão em Boystown causando problemas… A grande verdade, é só que eles estão lá e então a polícia também está lá e aí se cria uma história que nem é real.

É o que vemos nas notícias. Nós vemos os negros em um festival se divertindo, então bastam algumas luzes da polícia e sirenes para contar uma história completamente diferente.

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Tipo o que eu falei sobre no show [Drag Race], estão criando essa narrativa que não é verdade. Eu vim aqui para me divertir.

Boystown, em Chicago, fica a poucas quadras do Wrigley Field, onde nosso time de beisebol joga. Quando a multidão fica bêbada e eles saem por aí atacando, você não vê a mesma presença policial ou a polícia se inserindo nessas situações. Eles permitem que eles se divirtam. Mesmo para o nosso desfile do dia de São Patrício. As pessoas brancas ficam bêbadas, vomitam na rua, se divertem e não são tão policiadas, não são interrompidas, não viram materias jornalísticas da mesma forma. Coisas assim que eu acho que são o verdadeiro problema.

Fique ligada no site para a próxima matéria do Especial do Orgulho LGBT com The Vixen para a Pride.

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