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Canada's Drag Race

Who’s That Queen? Suki Doll

“O sonho de toda garota é ser uma estrela. Quem não cantou no seu chuveiro e fingiu ser Beyoncé ou Pabllo Vittar”, diz Suki Doll, da 2° temporada de Canada’s Drag Race, nesta entrevista exclusiva.

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🕓 9 min de leitura

Invasiva, a pandemia causada pelo coronavírus afetou a vida de todos de inúmeras formas. André Pham, que ficou sem ver sua mãe por dois anos durante a quarentena, sabe muito bem disto, até mais do que ele gostaria.

Filho de migrantes, André e sua família se radicaram em Montréal, na província de Quebec, no Canadá. Ele nasceu em quatro de julho de 1993 e, atualmente aos 28 anos, é impossível discorrer sobre a biografia que construiu até aqui sem abrir aspas generosas para sua mãe.

Criado em um lar religioso com regras rígidas que não permitem um contato íntimo com o seu eu verdadeiro, André enfrentou não somente a censura familiar, mas também o bullying e a homofobia, praticados por aqueles que o diziam que ele não era bom o suficiente, portanto, deveria se matar.

Neste cenário onde impera um estigma para quem tem cabelos coloridos e tatuagens ou ambos ao mesmo tempo, André encontrou colo na canção Beautiful, de Christina Aguilera, uma faixa que fala sobre a beleza de aceitar a si mesmo e é ela a responsável por lhe fazer chorar ao longo dos anos.

Ao lado disto, sua mãe se separou de seu pai e teve que criá-lo, junto a seus irmãos, sozinha. Fiel escudeira, desde os tempos de infância ela fazia com que André usasse suas roupas, sapatos e acessórios, algo que resultou em sua paixão pelo universo da moda.

Agora incentivado a investir em sua verdadeira personalidade, André inclusive passou a usar joias, uma mudança significativa para quem queria quebrar o molde e descobrir, afinal, como é o gosto desta tal liberdade. Spoiler: ela o levaria a um período profissional interessante, no mínimo.

Mais consciente, André passou cerca de dez anos trabalhando como designer chefe dirigindo uma equipe de designers e artistas gráficos. Esta rotina mudaria bruscamente com uma descoberta totalmente distante deste mundo: as drag queens.

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Certa vez, em 2013, ao namorar um rapaz que fazia drag, ele montou André que, ao olhar-se no espelho, confirmou que ficou fabulosa como rainha. Na pele desta persona ele também homenageia sua mãe e sente que, como drag queen, vive a adolescência e juventude perdidas dela devido aos compromissos, prazos e responsabilidades da vida adulta.

Ao sabermos de tudo isto, faz ainda mais sentido a origem de seu nome, que é oriundo da educação e amor dados por sua mãe, simbolizados através de uma boneca que significa “A Amada” e obviamente precisa ser valorizada pelas pessoas.

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Como drag, Suki trabalhou, progrediu e pode trocar a carreira antiga pelo novo ofício, agora em tempo integral. Fã do costureiro Azzedine Alaia desde criança, ao qual ela credita a abertura de sua sensibilidade para a sensualidade dos tecidos e o poder de expressar feminilidade, esta rainha realmente é deliciosa, opulenta e mostra que drag é pessoal e ninguém pode quantificar a sua arte, certo?

Sendo assim, a música preferida de Suki para lip sync é Heartbreaker, de Pat Benatar, uma das muitas informações que nós, o público, podemos obter em seu Meet the Queens feito para a segunda temporada de Canada’s Drag Race.

“Você vai ouvir como ela é cara. Suki é atrevida, destemida e na moda. Mas o que você vai amar é a minha atuação. Ela é atriz. Bem, eu disse a todos os meus ex que eu os amo, então, ela é uma atriz. Sou vietnamita, chinesa, cambojana, certo? Sou uma das únicas rainhas asiáticas. Somos duas no passado, tipo, duas décadas. Isso não é normal. É por isso que quero inspirar as novas rainhas e também a comunidade queer asiática a se levantar. Essa é a hora”.

E assim foi em Lost and Fierce, a estreia da temporada, veiculada em 14 de outubro deste ano. Já no mini desafio, Suki Doll cuidou de manter os holofotes sobre si mesma ao sagrar-se a vencedora numa sessão de fotos que fazia as rainhas pularem numa piscina de espuma para alcançar uma coroa.

Ocasião especial, esta vitória tem sabor diferenciado para Suki, porque ela usou uma roupa assinada pelo designer Terrence Zhou, um estilista chinês de Wuhan sediado em Nova York. Somado a esta entrada vitoriosa, a boneca asiática conseguiu abraçar sua cultura e garantir uma coleção de sapatos da House of Hayla e 2.500 dólares como prêmio.

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Momentos depois, é chegada a hora do primeiro desafio principal, o terror de muitas: costura objetivando a criação de uma roupa que não fale, e sim grite festa de estreia eleganza. Quinta Rugirl a entrar na sala de trabalho, Suki garante seu lugar entre as três melhores e sobrevive para a próxima semana, instigante, por sinal.

Transmitido no último dia 21 de outubro, o Rusical Under the Big Top representa uma prova de fogo para Suki. Nele ela foi parar entre as três piores depois de sua interpretação do palhaço Bing não ser bem recebida pelos jurados. Salva, passou adiante para a próxima fase.

Em Screech, terceiro episódio, de 28 de outubro, Suki fora incumbida de carregar no exagero para atuar no filme de terror que batiza este desafio, especificamente na pele da personagem Emmy Dumpah, o que lhe rendeu um safe e, por tabela, mais uma rodada na competição.

Emotivo, o Snatch Game deu as caras no quarto episódio, mas antes foi precedido pelo mini desafio do Reading is Fundamental, mas para esta tarefa apenas uma leitura dela foi ao ar, então, em declaração à imprensa, Suki afirmou o que faria com certa irmã… Fingiria que ligaria para Stephanie Prince, eliminada no episódio passado, viraria para ela e diria: “Stephanie, você parece como uma versão barata de mim, mas acho que eles mandaram as sósias para casa!”.

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Passado isto, não tem mais como fugir dele, o Snatch Game. Personificando Yoko Ono, Suki não levou a melhor e protagonizou seu primeiro e último lip sync pela vida da edição, contra Eve 6000, ao som de Happiness (KAPRI).

Se Suki tivesse optado por sua segunda opção, o artista musical e influenciador de beleza Bretman Rock, teria sido diferente e o suficiente para evitar sua mensagem de despedida no espelho? Não sabemos, mas o recado final aconteceu.

“Uma Suki sábia disse uma vez, toda drag é válida, e meninos de saias é um sim. Então tenha isso em mente e nunca coloque o pé para a frente com preconceito”. Ao lado desta fala, o último adeus, escrito com batom: “Minhas bonecas, não importa de onde você vem… Tenha orgulho. Seja barulhenta! Pegue a vida pela garganta. Muahhh Suki”.

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Mas não pense você que aqui acaba a relação de Suki Doll com Canada’s Drag Race. Miss Simpatia eleita por suas concorrentes, é a primeira deste spin-off canadense a desfrutar do título de forma oficial. Como o Ruverso é cheio de coincidências, ela saiu do programa com a mesma colocação de Tynomi Banks, Miss Simpatia da temporada anterior, com ambas em nono lugar geral na corrida.

Em seu trajeto até o Sashay Away, Suki já conhecia Océane Aqua-Black antes das gravações e sua eliminação a fez chorar de tristeza, assim como ficara abalada com o corte de Stephanie Prince. Muito próxima de Eve 6000, a irmandade que as duas mantêm a atrapalhou em seu lip sync pela vida e outros percalços foram surgindo também.

Enquanto gravava o reality show, Suki enfrentava um término de namoro de sete anos de duração, o que obviamente mexeu com a sua cabeça e saúde mental como um todo. Ao dublar, pensava que, se saísse da competição, não teria uma casa para retornar devido ao novo status de solteira.

Stephanie, não a do programa, e sim outra amiga com a qual se relaciona há 21 anos, pegou um voo de Toronto no mesmo dia que Suki saiu da competição apenas para consolá-la. E esta experiência chamada Canada’s Drag Race acabou lhe fazendo se aproximar de River Medway, da terceira temporada de RuPaul’s Drag Race UK, quando Suki esteve no Reino Unido e elas se conectaram por terem começado a fazer drag na mesma época, entre outros interesses em comum.

Finalizando o capítulo que versa sobre sua corrida, Suki usou na reunião, de nove de dezembro, uma roupa criada por ela mesma um dia antes de sair para gravar porque, segundo a própria conta, é Drag Race e as coisas funcionam assim.

Irmã drag de Kiki Coe, da primeira temporada de Call me Mother, Suki está a todo vapor no preparo de uma linha de acessórios de luxo com lançamento para breve. Ao fazer isto, ela espera dar mais um passo rumo a sua caminhada para virar um emblema para a comunidade na qual pertence e vive, contribuindo para a moda com o design de linhas ecologicamente corretas. E tem mais, viu?

Você quer saber o que Suki Doll pensa sobre outros assuntos? Claro que sim, não é mesmo, caro leitor? Então faça o seguinte: logo abaixo leia a nossa entrevista na íntegra. Confira!

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Olá, olá, olá, Suki Doll. Eu particularmente amo esta mistura do Brasil com rainhas asiáticas. Você também? O que é que isto te diz?

Amo a cultura brasileira e principalmente a forte comunidade asiática no Brasil. Tem muito brasileiro japonês e eu vivo absolutamente para a mistura. Acredito que casar culturas é o que nos torna rainhas tão únicas e especiais!

Conforme você crescia como LGBTQIA +, quem foi a pessoa que a ajudou a superar o bullying, por exemplo?

Infelizmente eu tive que ser minha própria pessoa forte, como minha mãe estava trabalhando em 3 empregos e tinha 6 filhos para alimentar. Nos meus piores momentos, eu sempre pensava o que minha mãe faria para sair dessa. Ela é realmente meu ídolo e meu pilar na vida. O bullying em nossa comunidade LGBTQIA+ é desenfreado e espero que a próxima geração aprenda amor em vez de ódio.

Você infelizmente foi eliminada uma semana antes do clássico episódio do desafio do grupo girl pop. Seria sua primeira vez gravando uma faixa?

Querido, o sonho de toda garota é ser uma estrela pop. Quem não cantou no seu chuveiro e fingiu ser Beyoncé ou Pabllo Vittar.

Você pretende lançar um single?

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Com certeza vou lançar um single cheio de sensualidade para que todos possam desfrutar. Há uma primeira vez para tudo e minha música será uma declaração.

Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com mais quatro drag queens, quem você escolheria e por que motivo?

Oh, um grupo pop de drag queens! Essa é uma receita para desastre e drama. Haverá mais luta do que autógrafos. Eu ainda escolheria minha irmã Stephanie Prince, Icesis Couture e Pythia Queen. Podemos trocar fantasias facilmente, rainhas da moda.

Qual foi a pior roupa que você já costurou?

Suki não consegue costurar coisas feias, então não há pior. Tô brincando, deve ser meu primeiro look que fiz com a calça da minha mãe. Cortei sua calça favorita para fazer um bustiê listrado rosa e branco, fofo, com cereja bordada à mão! Não envelheceu bem com as tendências de hoje.

A fama torna as pessoas mais bonitas do que elas são?

Absolutamente! No final do dia somos todos humanos e as pessoas se apaixonam por uma pequena fração do que veem na TV ou internet. Na realidade, todos nós temos um lado feio que é escondido pela fama.

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Quanto tempo levou para você saber que queria ser uma drag queen?

Na primeira vez que eu estive em drag soube imediatamente que esse era o meu caminho. Drag é a intersecção de tudo o que eu gosto e que eu nasci para fazer.

Lembra da primeira vez que você falou com uma drag queen?

Me lembro como se fosse ontem, ela tem a maior boca e sorriso de todos os tempos. Foi muito chocante, haha. Ela ainda é uma amiga hoje e não sabe o impacto positivo que ela deixou na minha vida.

Qual é o nome dela?

Ela é uma drag queen local e seu nome é Manny, de Montreal, Québec! Uma das únicas drag queens asiáticas que está ativa em nossa cena em Québec.

Depois de participar de Canada’s Drag Race, naturalmente a rainha começa a ser procurada pela mídia. Lembrando que nem todos os artistas lidam bem com a imprensa, pergunto: a mídia é um mal necessário?

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A mídia é a mídia. Não há mal ou bem, há apenas pessoas diferentes sendo subjetivas. Não podemos entrar em nada gerenciado ou feito por pessoas e esperar que seja imparcial ou perfeito. A mídia é a mesma coisa que a competição. Tudo é gerenciado por pessoas com diferentes opiniões e visões.

Vale a pena correr o risco de ser exposta pela fama?

Acredito que vale a pena confiar no seu talento e visão. O resto acontecerá, não importa a exposição pela fama ou não. Só temos que aproveitar o passeio, a vida é curta e agitada.

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Uma vez, uma Rugirl me disse: “Tenho muito medo do sucesso passageiro que RuPaul’s Drag Race pode trazer”. Você pensa assim?

Não tenho medo de muito na vida. Tenho medo de perder e não evoluir como ser humano. Há uma beleza em se jogar no mundo e não olhar para trás.

Para finalizarmos: RuPaul decidiu virar loira em tempo integral por causa do seu desejo de criar uma imagem de desenho animado que pudesse se tornar uma marca e ser facilmente assimilada pela cultura pop. Qual é a sua marca, Suki?

Minha marca é definitivamente alta moda com um toque de sensualidade e comédia. É meu sonho entreter as pessoas e fazer todos se sentirem bem em sua própria pele. A moda faz tudo isso. É uma linguagem universal de confiança e é a primeira impressão que as pessoas têm de você. O Brasil sabe muito bem disso e a sensualidade está em seu DNA.

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Para ler outras entrevistas exclusivas da Who’s That Queen clique aqui.

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