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Drag Race Down Under

Who’s That Queen? Elektra Shock

“Estou aqui para entretê-lo, independentemente do tamanho do palco, do prêmio ou do tamanho do público”, diz Elektra Shock, de RuPaul’s Drag Race Down Under, nesta entrevista exclusiva.

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🕓 10 min de leitura

Ela era uma modelo antes do acidente com choque elétrico, então, você já sabe: faça suas apostas nela porque estamos falando de uma rainha que só precisa de cinco minutos para ensaiar enquanto chuta alto até arrebatar a coroa. Drag básica? Sim, mas lhe faz rir pois representa em nome de RuPaul. Pode chamá-la de Elektra Shock, não se esqueça.

Nascida em Invercargill, Southland (Nova Zelândia), no dia primeiro de outubro de 1993 sob o nome de James Luck, esta Rugirl percorreu um caminho tão interessante na edição inaugural de RuPaul’s Drag Race Down Under que só me restou uma opção: convidá-la para esta Who’s That Queen?

O marco inicial acontece em G’day G’day G’day, o primeiro episódio desta sexta franquia internacional de RuPaul’s Drag Race. Aqui Elektra vence o mini desafio, uma audição para o filme chamado ‘Thar’, e garante um conjunto de colares da Fierce Drag Jewels como prêmio, no entanto, se o Ruverso é uma montanha-russa de emoções, ela realmente sentou numa cadeira especial, como veremos agora.

Como desafio principal desta estreia, as rainhas tiveram que fazer não uma passarela, mas duas, nos temas Born Naked e No Place Like Home. Elektra, radicada em Auckland, na Nova Zelândia, desde 2013, naturalmente homenageia esta cidade e é neste momento que surge o primeiro impacto negativo de sua corrida.

Para esta categoria ela usou uma roupa dada por sua mãe drag Trinity Ice. Feita de penas e com amplo peso cultural, história e tradição, acabou não tendo o efeito esperado, apesar das intenções nobres nos bastidores. Ao lado de Jojo Zaho no bottom 2, Elektra dublou Tragedy, dos Bee Gees e, como diz a música, a tragédia aconteceu, mas não para ela, que garantiu sua sobrevivência para a semana seguinte, a do Snatch Game.

A bordo de sua caracterização de Catherine O’Hara, Elektra ficou entre as piores junto de Karen From Finance, Maxi Shield e Scarlet Adams, justamente a Rugirl que a acompanharia em Queens Down Under, o terceiro episódio.

Iniamigas, esta dupla venceu o mini desafio, portanto, puderam escolher as participantes de seus grupos pop de garotas. O de Elektra, Three and a Half Man, formado também por Karen From Finance, Kita Mean e Maxi Shield, acabou levando a pior, com a capitã do time fazendo lip sync pela vida contra Coco Jumbo, devidamente eliminada nesta fase, um período complicado para Elektra, no qual duvidou de si mesma, questionou seu valor na competição e chorou, no quarto de hotel, a pensar: sou merecedora desta oportunidade?

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De qualquer forma, divagações à parte, o jogo deve continuar e assim foi em Rucycled, episódio quatro, de costura, onde Elektra fora salva para, veja só, na semana posterior, conseguir finalmente uma resposta a uma de suas perguntas.

Marketing Hats trouxe consigo a premissa de um comercial divulgando um produto, neste caso, uma pasta de fermento para passar no pão. A de Elektra chama Topped e, como a própria diz: “Stocked with Charisma, overflowing with Uniqueness, packed with Nerve, and full of Talent”. A investida deu certo e a primeira vitória veio. Como seria o sexto episódio? O do makeover, claro.

Entre as três piores com Riri Action, Elektra usou, coincidentemente, para este desafio, o mesmo vestido utilizado para divulgar as rainhas de House of Drag 2 e do desafio de bingo deste programa. Bom, se esta peça não lhe deu sorte, pelo menos não a eliminou, não é mesmo? Mas o Sashay Away estava nas redondezas.

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Talent Show Extravaganza, o sétimo episódio, transmitido em 12 de junho deste ano, é a cartada final desta Rugirl, que não pode ser acusada de não tentar ou de ser acomodada. Para esta tarefa Elektra entregou um número de dança moderna estranhamento mal recebido pelos jurados, entretanto, não para por aí.

Complementando o desafio principal, a passarela veio no tema How’s Your Head, Piece? ,uma categoria que a animou bastante, afinal, poderia fazer uma conexão em sua roupa com o seu talento como dançarina e o Moulin Rouge, por exemplo. Ao final do dia, o look foi inspirado por todos os seus professores de dança ao longo da vida, como Veronica Beady, que a ensinou quando viveu em Sidney.

Por fim, esta é uma das últimas roupas feitas por Elektra para o programa, e o acessório de cabeça já fazia parte de seu guarda-roupa, sendo apenas reformado para ser novamente utilizado. O esforço valeu a pena. Será?

Além de toda esta carga de emoções, as quatro concorrentes de Elektra a escolheram para ser a próxima a ir para casa. Os votos de Art Simone e Scarlet Adams não a surpreenderam porque não eram amigas na época e não estavam se dando bem, sendo assim, vamos de lip sync pela vida agora.

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Através de uma batalha emotiva, Elektra e Kita Mean dublaram Untouched (The Veronicas), o último suspiro da musa dos choques, a quinta eliminada de RuPaul’s Drag Race Down Under.

Sobre a experiência no Ruverso, Elektra já declarou à imprensa que ficou surpresa com as críticas recebidas porque, numa boate, o público não costuma perceber os pontos pelos quais ela foi chamada atenção devido à distância do palco, entre outros fatores. Performer por natureza, sabe que seus chutes e espacates tornam seus shows especiais, todavia, é ciente de que, para sobreviver na televisão, é preciso estudar, querer evoluir acima de tudo.

Esta lucidez também a fez reconhecer que, na época, sua eliminação pareceu justa, assim como sua decisão de não se relacionar mais com Scarlet Adams, com quem viveu uma relação turbulenta na competição que data de antes dela o seu início.

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E falando em começos: nos primórdios de sua vida adulta, ali pelos 18, 19 anos, Elektra, ou melhor dizendo, James, já estava no exterior dançando, protagonizando uma vida de dualidades na qual, de um lado, aprendia e ganhava experiência; mas, do outro, as contas se acumulavam e não havia dinheiro para pagá-las. A educação financeira, quero dizer, a falta dela, ainda lhe pregaria mais uma peça.

Proprietário de um estúdio de dança, James cometeu erros e tentou transformar o empreendimento em algo maior do que realmente era. A decisão arriscada o fez perder tudo e a dança passou de uma paixão para um gatilho. Drag veio para equilibrar a balança.

Ao radicar-se em Auckland no ano de 2013, James trabalhava como gogo boy e dançarino nos bares locais. Certa vez, enquanto estava de cueca e salto alto, Trinity Ice o viu e perguntou: “Você consideraria fazer drag?” Bem, você já sabe a resposta sobre isto, não é?

Como drag e batizada por Trinity, participante da primeira temporada de House of Drag, apresentado por Kita Mean e Anita Wigl’it, Elektra participou da segunda temporada do mesmo reality show, exibida de primeiro de fevereiro à quatro de abril de 2020.

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Vice-campeã neste certame, Elektra ganhou quatro desafios e é por este capítulo em sua jornada que, ao ver Kita Mean entrar na sala de trabalho de RuPaul’s Drag Race Down Under, ela fala: “A chefa está aqui”. E de funcionária à irmã de temporada muitas outras mudanças ocorreram na vida de Elektra.

Showgirl no Family Bar and Club de 24 de setembro de 2013 até o presente, esta irmã drag de Rhea Ranged tem no currículo uma atuação em Pleasuredome The Musical, além da residência em boates na Karangahape Road, no centro de Auckland, e apresentações de teatro pela Nova Zelândia no geral. Coroando seu lado profissional, nos últimos nove anos se apresentou ao lado de grandes nomes, como Elton John, Annie Lenox, Little Mix, Jessie J e Lucy Lawless.

Finalmente, esta é a trajetória dela, a rainha dançante de Tamaki Makaurau, a ‘totalmente carismática’ Elektra Shock, segundo à imprensa neozelandesa. Transpondo este título, o que ou quem mais ela é? Descubra na íntegra, logo abaixo, na nossa entrevista. Confira!

Uma drag queen cria a maior competição drag do mundo, investe nela e, 13 anos depois, uma parte da base de fãs é preconceituosa, racista e xenófoba. Drag é sobre amor e respeito. Estes “fãs” destilam ódio. O que deu errado?

Por melhor que seja ter uma competição drag no mainstream, ela definitivamente criou uma base de fãs apaixonada, mas implacável, assim como vemos em outros esportes. Mas ao contrário de um jogo de futebol, o formato em que conhecemos esses competidores é reality show, então estamos conhecendo mais sobre as rainhas do que apenas a habilidade que elas trazem para forma de arte. Vemos a luta, ouvimos as histórias e descobrimos suas fraquezas. Isso nos coloca em uma posição extremamente vulnerável e dá à base de fãs uma arma adicional para nos derrubar. Drag ser tão popular entre adolescentes e jovens adultos significa que grande parte da crítica vem através das redes sociais, o que significa que não só esses “fãs” têm a arma perfeita, mas também têm o escudo perfeito para se esconder atrás. É difícil dizer o que deu errado ou se o programa poderia ajudar a evitá-lo de alguma forma, mas o que é aparente e o que eu estou muito orgulhosa é como as rainhas usam a plataforma dada a nós pelo Drag Race para falar contra essas questões e ser fortes defensoras da mudança. Eu sempre disse: “Qual é o ponto em fazer drag se você não tem algo a dizer”. Podemos ser bonitas, fazer espacates e dips, mas se você não vai se levantar e caminhar quando for necessário, você não merece os holofotes brilhando sobre você.

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Em termos de RuPaul’s Drag Race há alguma proibição do que é falado na sala de trabalho? Algum tema é impedido pela produção?

Na minha experiência, nada estava fora dos limites, mas isso não significa que todas as conversas são editadas. Como qualquer marca, RuPaul’s Drag Race tem que considerar seus patrocinadores, anunciantes e, claro, a magia do reality show. Somos filmadas por horas e horas enquanto nos preparamos para desafios e a passarela, quanto mais conversas eles podem capturar na câmera significa mais material que os editores e produtores têm que trabalhar, por isso somos encorajadas a compartilhar o máximo possível de nós mesmas. Isso significa que em um período relativamente curto de tempo você começa a conhecer muito sobre as outras rainhas e forma amizades e conexões de vida muito rapidamente. Isso também torna dizer adeus ainda mais difícil.

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Você recebeu muitas críticas em sua temporada. Alguma delas estava correta?

Muitas das críticas que recebi de outras rainhas em Drag Race Down Under estavam enraizadas na verdade, mas enfatizadas na maldade pelas próprias inseguranças das meninas. Sou meu crítico mais duro e espero estar constantemente crescendo e melhorando até o dia em que eu morrer; mas também acredito fortemente que ninguém deve parar de crescer e melhorar. É importante lembrar que quando você está gritando de volta para baixo da escada, todos nós nos movemos em nosso próprio ritmo e um dia você pode precisar dessa pessoa para ajudá-lo a subir os últimos passos para alcançar seus próprios objetivos. Levei um tempo para entender o que os juízes queriam de mim, mas não me esquivei de fazer perguntas. Saúdo a crítica; a melhor maneira de melhorar é ter um olhar externo sobre o seu trabalho, mas é mais importante confiar em seus próprios instintos. Desde que saí do Drag Race, descobri que o que mais ajudou foi poder assistir meu trabalho na TV e me colocar na posição dos juízes e dos fãs. Isso me permitiu corrigir meu próprio trabalho e ainda me sentir orgulhosa das grandes coisas que consegui até agora.

É mais difícil se apresentar para 200 pessoas em uma boate ou fazer alguns minutos de lip sync no palco principal de RuPaul’s Drag Race?

Alguns dos meus momentos favoritos em Drag Race foram quando eu estava fazendo lip sync pela minha vida. Performar é o que faço e quando me sinto mais confiante. Independentemente de ser para um clube ou para o palco principal, eu me sinto poderosa. Foi a única vez que soube que estava no controle, apesar de ser o oposto na realidade. Claro que Drag Race tem a pressão de lutar para permanecer na competição, mas o que foi mais importante para mim naqueles momentos era fazer um show fantástico para todos que assistiam em casa. Isso não é diferente no clube. Estou aqui para entretê-lo, independentemente do tamanho do palco, do prêmio ou do tamanho do público.

Depois de sua participação em RuPaul’s Drag Race Down Under as pessoas vieram a conhecer sua drag, sua imagem, mas muitos não conhecem a pessoa por trás da rainha. Tem medo que sua drag fique maior que você e seja o “único” interesse das pessoas?

Acho que as pessoas estão sempre com fome de mais. Acho que as pessoas vão querer muito da pessoa por trás da rainha. Tenho a sorte de trabalhar na indústria do entretenimento desde os 16 anos e o que aprendi é que as pessoas que consideramos “famosas” querem mais do que tudo mantê-lo entretido e lhe dar o máximo de seu tempo e energia possíveis. O que muitas vezes acontece é que elas lutam para encontrar um espaço onde a pessoa por trás da drag possa achar paz e sossego para descansar e se recuperar. Elektra é uma extensão de James, e não importa o quão popular ou bem-sucedida ela seja, James sempre estará lá. Afinal, alguém precisa carregar as malas.

Rap é um gênero musical muito popular entre drag queens. Você acha que ele está sendo banalizado ou bem representado pelas Rugirls?

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Eu definitivamente acho que o rap é uma opção para muitas drag queens quando lançam música e especialmente quando competem em desafios musicais no programa. Costumo atribuir isso ao fato de as rainhas terem muito a dizer em um curto espaço de tempo. Também é importante lembrar que, para muitas drag queens, nosso registro vocal fica muito mais baixo, então muitas vezes não podemos atingir as notas que gostaríamos ao criar nossa fantasia de estrela pop. O rap ou o canto permitem que as rainhas contem uma história e criem faixas de clubes que dão aos fãs uma outra maneira de interagir com as rainhas. Acho que, embora este seja um ótimo meio para rainhas, é importante reconhecer e lembrar as raízes profundas do rap na música e na cultura hip hop, e entender suas origens no trabalho de DJs e MCs no final dos anos 70 e 80. Recentemente tenho descoberto meu próprio som, trabalhando com produtores e músicos para criar minha própria música. Tenho uma sólida experiência em teatro musical, mas transferir essas habilidades para um formato de música mais pop é uma jornada que estou ansiosa para começar.

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Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com mais quatro drag queens, quem você escolheria e por qual razão? 

Acho que uma paródia drag das The Pussycat Dolls seria muito divertida. Uma trupe de dança atlética que poderia arrasar em uma performance ao vivo. Eu, Alyssa Edwards, Brooke Lynn Hytes, Shangela e Kennedy Davenport colocaríamos o inferno no show.

Qual será o nome do grupo?

Um nome? Essa é difícil… The Puppy Dog Dolls?

Como participar da segunda temporada de House of Drag e a primeira de Down Under ajudou a melhorar sua drag?

Eu acho que ser capaz de ver a enorme reação positiva de exibições de ambos os programas me deu tanta confiança no que estou fazendo. Independentemente da melhoria que eu possa fazer esteticamente, aprendi que o que estou fazendo toca as pessoas e eu tenho o poder de melhorar o dia de alguém ou mesmo a vida com minhas ações. Isso torna drag ainda mais emocionante e que mais do que tudo me ajudou a ficar mais animada em afinar os detalhes, como maquiagem, cabelo e fantasias. Porque no final do dia nada disso realmente importa, mas ajuda você a se conectar melhor com as pessoas e criar mudanças positivas. Estou tão orgulhosa do trabalho que fiz refinando minha maquiagem e encontrando um rosto que é reconhecidamente Elektra. Adicionar enchimento extra para ajudar a criar uma silhueta mais lisonjeira me permitiu usar roupas e estilos que nunca pensei que fossem acessíveis a mim antes. E continuar pedindo ajuda e conselhos daqueles que eu olho para cima me viu melhorar mais rápido do que nunca.

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Viver mais a todo custo ou viver menos e melhor?

Viver mais a todo custo, mas nunca às custas de outra pessoa.

Siga Elektra Shock no Instagram e Twitter.

Para ler outras entrevistas exclusivas da Who’s That Queen clique aqui.

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