A temporada ficou inzhana!
Penso nela como uma ilustre apresentadora de circo dos horrores, daqueles que a gente precisa compartilhar sangue na portaria do evento para entrar. Sim, caro leitor, este texto está prestes a ficar ‘inzhano’.
Em 2012, na cidade de Acworth, Geórgia, Aiden Zhane começa a fazer drag. Um musical de horror e comédia, lançado em 1975, lhe influencia neste começo de carreira: “Minha primeira exposição ao mundo do drag foi The Rocky Horror Picture Show”, afirma à Billboard.
Naquela época, montando-se apenas em seu quarto, esta Bedroom Queen, sem drag mother ou quem a ajudasse, passa a elaborar o que se tornaria sua carreira no futuro.
Oito anos depois, em março de 2020, Aiden finalmente troca o espelho de casa pelo de um camarim profissional, ao ser anunciada como concorrente da 12° temporada de RuPaul’s Drag Race.
“Eu sou Aiden Zhane e tenho uma coisa a dizer…Boo!”, afirma na segunda estreia do programa. Uma prévia do que viria a seguir, quando ela abriu o Rusical You Don’t Know Me.
Para este desafio, Aiden teve que cantar, compor, dublar e dançar. A falta de experiência na área musical, com o perdão pelo trocadilho infeliz, assustou a queen assustadora: “Eu sou uma rainha do horror, não uma rainha do Fosse. Não sou uma dançarina”.
Durante a deliberação dos jurados, Michelle Visage afirma ter ficado impressionada com a apresentação logo de cara: “Estava bem Sally Bowles. Foi uma ótima dublagem”.
Jurada convidada, Robyn foi além: “Acho que a Aiden sabe que é diferente e que isso é legal. A dublagem e o jeito que ela contou a história foram ótimos. Parecia que eu estava ouvindo alguém ler um livro infantil”.
Para Ross Matthews, a obrigação de dizer quem ela é na composição, deu certo: “Seus versos disseram que você tem várias personalidades. Mal espero para ver quem vai aparecer semana que vem”.
Por fim, Thandie Newton afirma que ela define originalidade e RuPaul conclui: “Ela tem algo e é importante que ela refine o que quer que seja”.
Esse algo a mais você confere nos versos abaixo, que ajudaram Aiden a ficar entre as melhores, competindo com queens experientes, como Jan, a cantora.
“Aiden Zhane, oh, that’s me
A little bit insane, hmm, maybe
Crawling from the shadows and into technicolor
If you don’t know me now, you sure will later
Cute and sick
And that’s just the half of it
I’ve got multiple personalities
Just imagine it”
Musicalmente, Aiden é ouvinte do rock’n’roll: ama a voz de Dolores O’Riordan, performaria para o resto da vida A Place In The Dirty, do seu ícone Marilyn Manson; The Nobodies é outra faixa dele que Aiden destaca. Ela também acha que a música For The Love of God, do grupo punk Mindless Self Indulgence, tem tudo a ver com sua persona drag: “É rock, é assustador, é tudo”, disse para à Billboard.
Em abril de 2020, nas redes sociais, Aiden confirma o lançamento de seu primeiro single solo, Gein, feat Lex Allen, inspirado pelo seu amor por drag e horror. Neste mesmo dia, revela trechos da letra:
“Quando eu estiver toda arrumada, você vai me chamar de linda? Na calada da noite, você roubaria a sepultura comigo?”
A referência fúnebre não é à toa: a música chama Gein por causa de Edward Theodore Gein, conhecido serial-killer americano de Wiscosin, EUA, também famoso por roubar lápides.