Caro leitor, não se deixe enganar pelos peitos enormes dela. Ela tem algo ainda maior: um coração tão grande que é capaz de abraçar o estado da Bahia inteiro. Modelo, atriz, apresentadora, maquiadora e, claro, não menos importante, senhora casada, DesiRée Beck é guiada pelo lema “nunca ter medo do ridículo”.
De salvador, DesiRée faz drag há cinco anos. Recentemente, apresentou a primeira edição do The Next Talent Drag, TNT Drag, que pode ser visto aqui. Cria da noite baiana, frequentava a casa noturna Boomerangue, no bairro do Rio Vermelho, a Festa Nave, e afirma:
“Sou muito conhecida na minha cidade como a drag que nunca descansa, porque eu realmente estou sempre envolvida em algum trabalho, além das minhas pautas fixas nos bares da cidade”.
Além da agenda corriqueira de drag queen, a qual inclui o teatro, com a montagem da peça O Cordel de Maria CinDragrela, Desi, ou melhor dizendo, Michael, criador da personagem, também estuda gastronomia na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Leitora de História da Beleza, com organização de Humberto Eco, esta ariana com anseios de Hebe Camargo afirma gostar muito de mesclar o humor e o drama, “sempre com um visual extremamente luxuoso para fazer um contraste com minha personalidade mais debochada e fora da casinha”, complementa.
Quando pergunto sobre o universo musical, Desi é enfática: “Amo música. Sou gay de chart”. Nada de estranho para quem vai de Rina Sawayama a Dua Lipa, passando por Miley Cyrus até chegar em Katy Perry. Dos artistas que venera, ela destaca Mariah Carey e Björk.
“Uma cantora que combine com minha persona? Eu gosto muito de Bonnie Tyler. Acho ela sempre muito desesperada e intensa nas músicas. Dá uma teatralidade ótima”.
No Brasil, Desi dá stream para um time eclético, diverso como a nossa música nacional é por natureza, como exemplificam os grupos Rouge, Companhia do Calypso e Novos Baianos. Maria Bethânia, em companhia de Alcione com Tim Maia, são cantores que ganham audições também.
Depois de tudo isto, só me restou pedir a DesiRée para fazer uma playlist com cinco músicas que toda queen deve performar. Ela acredita muito na identidade e pluralidade, então, achou complicada a tarefa por poder deixar chato todo mundo fazendo a mesma música, porém, “tem clássicos que funcionam como coringa e fazem qualquer público se animar quando a biu dá o nome no lip sync e na perfô”.
Estes nomes você confere abaixo:
1) Don’t Rain On my Parade
Intérprete: Barbra Streisand
Compositores: Bob Merrill e Jule Styne
“Clásssicoooooo, amor, os aplausos veeeeem”.
2) Malambo No. 1
Intérprete: Yma Sumac
Compositor: Moisés Vivanco. Nota do repórter: Moisés era marido de Yma Sumac e compôs seu maior sucesso.
“Gente essa música tem que ter sido feita pensando em alguma drag performando… A PERFORMANCE VIVAAAA, AMOR”.