Seu país de origem, o Brasil, tem a maior taxa de homicídios de pessoas LGBTQ no mundo, e recentemente elegeu um presidente abertamente homofóbico que disse que prefere que seu filho morra em um acidente de carro do que voltar para a casa com um namorado. No entanto, temos aqui uma orgulhosa drag queen gay representando a vibrante comunidade queer do Brasil em escala global, ostentando o maior número de seguidores do Instagram no mundo (8,3 milhões) e fazendo números estratosféricos no YouTube (seu vídeo mais bem sucedido atualmente é K.O. e contém a incrível marca de mais de 333 milhões de visualizações).
Ela se tornou a primeira drag queen a ser nomeada para um Grammy com sua colaboração com Major Lazer Sua Cara. E seu single Todo Dia, que traz as letras gloriosas: “Eu não espero o Carnaval chegar para ser vadia, sou um todo dia, sou todo dia”, tornou-se o hino não oficial das celebrações do carnaval de 2017 no Brasil. A importância deste sucesso comercial para um indivíduo LGBT com certeza não passa despercebido para Pabllo.
“Eu sei que sou uma parte de toda uma comunidade LGBTQ, e eu sei as responsabilidades que acompanham isso. É por isso que estou aqui. É incrível trazer a arte do drag e da música para o mercado popular no Brasil. As pessoas devem saber que somos talentosos e merecemos o nosso holofote”.
Como um homem abertamente gay que dá o dedo do meio às expectativas de gênero, alternando regularmente entre apresentação masculina e feminina nas mídias sociais (embora ela prefira pronomes femininos quando está em drag), Pabllo ganhou seu status de voz para a comunidade LGBTQ do Brasil. Ela é o antídoto perfeito para o atual clima político e um farol de esperança para aqueles que se sentem oprimidos por quem eles são.
“Recebo todo tipo de mensagens [dos fãs], mas as que me fazem mais feliz são quando [os fãs] se sentem mais fortes por causa da minha música, se sentem felizes e têm um relacionamento melhor com a família – mensagens de aceitação e amor! É lindo e faz o meu trabalho valer a pena. Não se trata apenas de drag e música, é também de fazer a diferença no mundo”.
Muitos dos hits de Pabllo, cantados em seu tom nasal instantaneamente reconhecível, se tornaram hinos para aqueles que se sentem diferentes graças à sua natureza festiva e mensagens inclusivas. “Eu continuo dizendo que tudo vai ficar bem, e minhas lágrimas vão secar, tudo vai ficar bem, e essas cicatrizes vão se curar”, ela canta em Indestrutível, uma balada emocional sobre como superar a dor que ela experimentou na vida. O videoclipe que acompanha a canção é prefaciado pela estatística preocupante de que 73% dos jovens LGBTQ no Brasil são vítimas de bullying e violência na escola, algo que a própria Pabllo experimentou enquanto crescia. É por isso que o objetivo dela é compartilhar uma mensagem de respeito mútuo através de sua música. Seu mantra pela vida é:
“Seja você mesmo, respeite e ame a si mesmo e às outras pessoas. Eu quero que as pessoas saibam que você pode ser quem você quer ser e ninguém pode dizer o contrário. Todos devem saber que são lindos e maravilhosos como são. O tempo todo”.