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Como RuPaul foi aclamada pelo mundo pt2

Na parte 2 do especial da Vogue conhecemos mais sobre a história de vida de RuPaul, sua ascensão para o estrelato mundial como drag suprema e sobre seu casamento.

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🕓 6 min de leitura

RuPaul Andre Charles nasceu em San Diego em 1960. Sua mãe, Ernestine Fontinette, que era chamada de Toni, trabalhou no escritório de registro da San Diego City College. Seu pai, Irving Charles, era eletricista. Toni acreditava que seu filho seria uma estrela – um médium disse isso a ela antes de ele nascer. “O psíquico disse: ‘É um menino e ele será famoso’. Então eu cresci sabendo disso”, disse RuPaul.

Toni e Irving haviam se mudado do sul para a Califórnia – “Ru” era uma brincadeira com roux – durante a Grande Migração. Seu casamento foi tumultuado. Eles se separaram quando Ru tinha cinco anos, se divorciaram quando ele tinha sete anos. Toni caiu em depressão, e suas irmãs gêmeas Renetta e Renae, sete anos mais velhas, tornaram-se as adultos da casa, cuidando de “Ru-Ru” e sua irmã mais nova, Rozy.

Apesar de sua depressão, Toni, “uma pessoa muito ardente e cansada do mundo”, diz Ru, manteve seu senso de humor. Quando ele perguntou por que ela deu a todas as quatro crianças as mesmas iniciais (R.A.C.), ela disse a ele que era porque elas eram “real-ass crazies [loucas de verdade]”. Toni também estava aceitando seu filho.

“Não havia repreensão comigo por brincar com maquiagem, por vestir as roupas das minhas irmãs, eu fazia o que eu queria fazer. Eu nunca tive que me ‘assumir’, porque eu nunca vivi ‘dentro do armário’. Entendia-se que Ru era Ru”.

As gêmeas, Renetta e Renae, ensinaram Ru-Ru sobre Diana Ross e Cher. Quando Renetta frequentou a Escola de Modelagem de Barbizon, ela mostrou a ele como desfilar na passarela. O Circo Voador de Monty Python foi fundamental. Ele foi atraído para a irreverência – e para o jeitinho especial como o show parecia quebrar a quarta parede. Ru pensou: “Esta aí a minha tribo”.

Quando ele tinha treze anos, RuPaul carregava um canetão o tempo todo para escrever “Bowie” em tudo que não se movia. “Não podemos articular nossos sentimentos nessa idade”, diz ele, com lágrimas nos olhos. “Mas podemos apontar e prosseguir: sou eu aí mesmo”. Ziggy Stardust representava, para ele, nada menos que liberdade. Ru declarou:

“Uma pessoa que não é acorrentada pela conformidade social, que pode colorir seu cabelo, usar maquiagem. Meu Deus, tanta liberdade”.

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No verão de 1976, RuPaul mudou-se para Atlanta com Renetta e seu novo marido, Laurence. Ru se matriculou na Escola Northside para as Artes Cênicas e assistiu ao The Rocky Horror Picture Show, foi para sua primeira discoteca – e viu sua primeira performance drag: Crystal LaBeija cantando “Bad Girls de Donna Summer. (Não julgue, mas ele pensou que se tratava da própria Donna Summer.)

Sua própria carreira musical começou oficialmente com RuPaul e os U-Hauls, uma banda de arte que ele formou no início dos anos 1980. Logo ele estava fazendo aparições especiais com o Now Explosion do B-52, e liderando uma banda New Wave e Punk chamada Wee Wee Pole, combinando uma tanga, um Mohawk, botas de cano alto e ombreiras de futebol para compor um estilo chamado “gender fuck”.

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Ele criou mais personas: Starrbooty, inspirado nos filmes exagerados de detetives da década de 1970, e outro que ele chama de “puta de rua dançarina do Soul Train”. A essa altura – final dos anos 80 – RuPaul estava vivendo em Nova York York, como dançarino go-go na Pyramid e outros clubes do centro. Em agosto de 1989, ele foi coroado, na cena underground, a Rainha de Manhattan.

Dois anos depois, enquanto vivia no Meatpacking District, sobrevivendo com pipocas e água com gás do Film Forum, ele gravou sua primeira demo. Em 1992, no dia do seu trigésimo segundo aniversário, ele lançou “Supermodel”, que ele escreveu com seu amigo Larry Tee. O single subiu para o segundo lugar na parada de dance-charts da Billboard, e designers como Isaac Mizrahi e Todd Oldham apareceram em seus desfiles. Mizrahi lembra “como ele foi esperto em pegar essa palavra que acabava de ser adotada no O.E.D. e fazer essa música insana sobre isso”. Kurt Cobain declarou “Supermodel” uma de suas canções favoritas do ano.

Em 1994, RuPaul havia se tornado a primeira drag queen a conseguir um grande contrato de maquiagem, como o rosto da MAC Cosmetics em uma campanha que declarou: “Eu sou a garota do MAC”. Ru continuou

“Que melhor maneira de mostrar o poder da maquiagem do que com um homem negro de um metro e noventa e três que pode parecer uma supermodelo?”

Então veio o The RuPaul Show na VH1, que teve 100 episódios e o colocou à beira da cultura popular. Como ele explica agora:

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“Eu disse: eu sou RuPaul, a Supermodelo do Mundo. E o mundo disse: Sim. Você. É.”

O segundo reinado de RuPaul já durou o dobro do primeiro – e não mostra sinais de enfraquecimento. Começou, é claro, com a estreia em 2009 na emissora Logo de RuPaul’s Drag Race, outra peça de sátira perfeitamente executada, desta vez na nossa era de reality shows. A série, agora em sua décima primeira temporada e na VH1, pegou o que havia sido uma subcultura e a estourou para o mundo, cunhando estrelas drag-queens, popularizando expressões, transformando Ru em uma espécie de guru de auto-ajuda – e conquistando nove Emmys ao longo do caminho.

Porque estamos em 2019, RuPaul também tem um podcast de sucesso, “What’s the Tee?”, através do qual ele transmite Ru-ismos, ensinando as pessoas boas de RuWorld como “ouvir as direções do palco do universo”. Em maio, ele presidirá o quinto RuPaul’s DragCon em Los Angeles, a enorme convenção de cultura drag que ele criou nos moldes da Comic-Con. (O festival agora é semestral, com uma segunda convenção realizada em Nova York em setembro.) E ele vai lançar uma coleção de maquiagem que ele desenhou com Roncal, cujo Face Defender ele idolatra.

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Ru divide seu tempo entre Los Angeles e Wyoming, onde seu marido, Georges LeBar, é dono de uma fazenda de 60.000 acres. LeBar é de Perth, na Austrália – ele herdou o rancho de uma avó americana – e ele é ainda mais alto que RuPaul. (Dois metros!) Quando Ru está no rancho, ele me diz

“Eu costumo usar roupas ocidentais fabulosas: misturas de jeans, jóias turquesa, lindos chapéus, botas de caubói italianas”.

O casal não tem filhos, nem planeja ter algum. “Eu gosto muito de paz e tranquilidade”, diz Ru. Quando Ru tem folga, eles gostam de viajar – muitas vezes para Las Vegas para ver a última grande residência de alguma diva pop (Cher, Jennifer Lopez), para Nova York ou para Paris. (Ru brinca que sua sogra australiana pronuncia Champs-Élysées como “Chomps Elsie”.)

Georges, que nunca deu uma entrevista e recusou esta, conheceu Ru na pista de dança no Limelight em 1994, e eles estão juntos (principalmente) desde então, ajudados pelo fato de manterem o relacionamento aberto. “Eu o amo demais para tentar colocar algemas nele”, diz RuPaul, novamente com lágrimas nos olhos. “Amor é livre. Não é esse tipo de coisa superficial romântica que todos nós compramos. Ele é a minha pessoa favorita que já conheci”. Além disso, ele acrescenta, “Gore Vidal disse que você nunca deveria deixar passar uma oportunidade de fazer sexo ou estar na televisão”.

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O que nos traz de volta a AJ and the Queen. É baseado na comédia de 1941 de Preston Sturges Sullivan’s Travels, uma das favoritas de RuPaul e King, que descobriram quando se conheceram pela primeira vez, no escritório de King, onde um filme ainda está pendurado na parede. (Isso, ali mesmo, é o que você chama de direção cósmica de palco.) Quando o estilista Zaldy, responsável pelos looks de RuPaul em Drag Race, viu o roteiro, “meu queixo caiu”, ele me diz. Há cenas de amor, por um lado, mas também o tipo de números drag que exigirão “performance de looks” – por exemplo, voando pelo ar em um arnês.

Há outro elemento surpresa, King me diz, que fãs de RuPaul de longa data podem achar chocante. A série mostra o personagem de Ru entrando e saindo da montação drag. “Você viu Ru e viu a Mama Ru”, diz King. Aqui “você o vê no meio do caminho”.

Um dia antes de encontrar Ru para o café, King lhe mostrou o primeiro episódio completo de AJ and the Queen. Ru estava nervoso sobre o que isso revelaria, ele explicou:

“Na minha carreira, consegui mostrar certos ângulos. Eu pude pintar um rosto e editar o que eu apresentei. Eu pensei que ao fazer este projeto de atuação, eu estaria me expondo ao mundo: o eu cru e não filtrado. Mas o que eu descobri ontem foi que eu estava me expondo para mim mesmo. Eu pude ver as minhas partes que até eu não me permiti reconhecer ou conhecer. Eu pensei, eu vou estar nu para o mundo. Não, eu estava nua para mim mesma”.

Para ler a primeira parte deste especial clique aqui. Artigo original postado na Vogue Magazine.

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