Pelo segundo ano consecutivo, a icônica série LGBTQ e favorita dos fãs, RuPaul’s Drag Race, foi indicado para o Primetime Emmy na categoria Melhor Reality Show de Competição e este ano pode fazer a história LGBTQ e da TV. Apenas três shows receberam o Emmy nesta categoria desde que foi criado em 2003: The Amazing Race, Top Chef e The Voice. Apesar de todos esses programas terem tido participantes LGBTQ, nenhum programa de televisão apresentou tantas diversidade de pessoas LGBTQ e cobriu questões LGBTQ da mesma forma que Drag Race.
RuPaul’s Drag Race foi indicado a impressionantes 12 premiações do Emmy, incluindo uma indicação para RuPaul na categoria Melhor Apresentador, que ele ganhou nos últimos dois anos seguidos. Este ano, RuPaul’s Drag Race pode se tornar o primeiro programa na história da TV a receber no mesmo ano o Emmy tanto de apresentador quanto de programa.
O reality não é estranho para premiações. Já recebeu o GLAAD Media Award para Outstanding Reality Program em 2010 e foi indicado novamente este ano. Desde sua estréia há quase uma década, RuPaul’s Drag Race já ganhou o MTV Movie & TV Award de Melhor Reality e o Prêmio da Television Critics Association Award por Outstanding Achievement in Reality Programming. RuPaul recebeu o prêmio de 2017 da Critics Choice Television de Melhor Apresentador de Reality e o programa foi indicado várias vezes para o concurso Best Reality Series. O GLAAD também anunciou recentemente que o jurado Ross Mathews receberia o Davidson/Valentini Award no GLAAD Gala em São Francisco, em 15 de setembro, por seu trabalho para acelerar a aceitação LGBT.
RuPaul’s Drag Race é transmitido pela VH1 e é produzido pela World of Wonder (WOW), uma empresa de mídia dirigida por Fenton Bailey e Randy Barbato, que está por trás de alguns dos conteúdos LGBTQ mais chamativos e inovadores da televisão, cinema e on-line. A produção da WOW inclui conteúdo semanal LGBTQ como Big Freedia: Big Freedia: Queen of Bounce, Becoming Chaz, TransGeneration, The Fabulous Beekman Boys, School’s Out – the Life of a Gay High School in Texas, Transamerican Love Story, Out of Iraq. Eles também produziram a franquia Million Dollar Listing para Bravo, Wishful Drinking, The Eyes of Tammy Faye, Party Monster, Tori & Dean e muitos outros filmes e programas de TV incríveis.
A GLAAD (original aqui) pediu à aliada LGBTQ e jurada de Drag Race, Michelle Visage, junto ao produtor executivo Fenton Bailey, por suas considerações às indicações do show ao Emmy desse ano.
MICHELLE VISAGE
GLAAD: Quando a história olhara para trás neste momento da cultura pop, o que você pensa que será o legado de RuPaul’s Drag Race?
Michelle: O legado será que é o show que quebrou o molde! Nós tivemos muitos programas de televisão gay centrado no espectro queer ao longo das décadas. Agradeço a Deus pelos shows como Soap, Ellen, Will e Grace, Modern Family, Transparent, Queer as Folk, The L Word, Noah’s Arc… Eu poderia continuar, voltar aos dias de Norman Lear, mas não vou forçar tanto! Mas, meu ponto é, eu sinto que todo mundo fala de RuPaul’s Drag Race. E eles estão falando não apenas sobre drag, mas tópicos importantes como cultura drag, cultura e história queer, perseguição, suicídio, estupro, racismo, transtornos alimentares, terapia de conversão, o ódio por trás da religião, intolerância e todas as coisas que acontecem todos os dias que a maioria das pessoas fecha os olhos para.
Drag Race não corta esses momentos. Eles os destacam porque essas coisas são importantes! Drag Race ajudou centenas de milhares de pessoas a entender sua identidade, quer estejamos falando sobre gênero, sexualidade ou mesmo apenas seu lugar na sociedade. Isso também ajudou muitas pessoas heteronormativas a entender as lindas almas ao seu redor, como seus filhos, netos ou até mesmo amigos gays que talvez não tivessem entendido antes de ver Drag Race.
G: O que mais te surpreendeu nesta jornada participando do show?
M: O impacto social que isso causa em todo o mundo! Ouça, eu sabia que seria um grande negócio quando eles me pediram para fazer a primeira temporada. Eu sabia disso, porque sei o que significa drag para mim. Eu senti isso no meu coração. Mas, eu não fazia ideia do impacto global que isso teria e isso me deixa incrivelmente feliz. Todo mundo precisa de Drag Race em suas vidas!
G: Quando Ru foi indicada pela primeira vez, ele disse estar contente pela indústria estar ficando ciente, mas não é por isso que ele escolhe fazer qualquer coisa que faz. E este ano o show tem um total de 12 indicações. Como o reconhecimento do Emmy fez diferença?
V: Ru sempre, 100%, marchou conforme a batida de seu próprio tambor. Então, quando ele diz isso, você pode apostar nisso. Foi lhe dito por muitos anos que ele não era bom o suficiente, preto o suficiente, hétero o suficiente, branco o suficiente, ou homem o suficiente, então depois de anos ouvindo isso, ele tomou as rédeas das coisas com suas próprias mãos. E graças aos deuses gays que ele o fez! Com isso dito, estamos tão honrados com essas indicações! Você pode imaginar? Nosso programinha de TV gay fazendo todos os garotões tremerem as bases?! Que honra! Você ouve o “é uma honra apenas para ser nomeado”, mas, não é brincadeira, é realmente uma honra!
G: O show freqüentemente levanta discussões importantes sobre questões sociais, incluindo questões de raça, qual seu aprendizado nisso tudo?
M: Meu aprendizado é, é preciso ser ouvido! Estas são histórias da vida real sendo jogadas em um cenário da vida real, não um programa de TV roteirizado. Essas histórias vêm do coração e precisamos ouvir essas pessoas. Não conheço as histórias até que elas sejam transmitidas na maior parte do tempo, a menos que seja uma confissão como as de Roxxxy, Blair ou Monica, que acontecem no palco principal, e meu coração quebra junto com o resto do mundo. Eu também vejo essas rainhas com tanto amor e admiração por viver e expor suas verdades. É quando a verdadeira cura começa.
G: Que direção você gostaria de ver o show seguir nos próximos anos?
M: Realmente não há fim à vista! Drag é tudo em todo lugar. Eu adoraria ver a gente continuar expandindo e crescendo junto com a arte drag. Ao contrário da crença popular, estou aqui por tudo isso! Me sinto honrada por julgar tal talento.
Fenton Bailey, produtor executivo da RuPaul’s Drag Race
GLAAD: Como eram as conversas quando você concebeu as primeiras ideias por trás de RuPaul’s Drag Race?
Fenton: Do conceito à produção tudo sobre este show tem uma alegria contagiante. Dito isso, demorou dez anos para encontrar uma casa para o show porque todos – mesmo dentro de nossa própria comunidade – viam drag como um nicho, como marginal. Randy e eu quase desistimos, mas quando Tom Campbell se juntou ao World of Wonder, ele se esforçou muito e uma das muitas coisas surpreendentes sobre Tom é o quão persuasivo ele é.
G: Você sequer previu que algum dia o show teria tamanho impacto cultural?
F: Não é possível calcular ou controlar como um público recebe qualquer trabalho. Se pelo menos tivesse tentado! Embora estejamos tão empolgados com o fato de o programa e sua mensagem terem sido adotados em todo o mundo, não nos atrevemos a desviar o olhar de fazer o melhor show possível.
G: Qual seu conselho para as rainhas que sonham em participar do show?
F: Tente! Tudo o que procuramos são rainhas com carisma, singularidade, coragem e talento.
G: O que todas esas nomeações do Emmy significam para o show? – O bom, o ruim e o feio de tudo?
F: É muito bom e uma honra incrível receber doze indicações há quase dez anos nisto. Isso mostra como o público e os colegas reconhecem drag como a incrível forma de arte que é. Esqueça uma ameaça tripla, drag queens são ameaças sêxtuplas… elas cantam, dançam, costuram, fazem cabelo/maquiagem, atuam e manipulam suas próprias mídias sociais sem suar a camisa. Além disso, mostra como Chris McCarthy e Pam Post criaram o show na Logo e agora na VH1, encontrando maneiras de ajudá-lo a crescer sem nunca atrapalhar a paixão criativa do momento!
G: Quais são os seus objetivos para o futuro do show?
F: ”Você nasceu nu e o resto é drag” é algo que Ru sempre diz. É completamente verdade. O fato de que cada um de nós nasce nu, e o fato de que tudo o que se segue é parte da criação de uma identidade faz da arte drag uma idéia que todos podemos nos identificar – afinal, todos nós temos feito isso todas as nossas vidas! Às vezes nos perguntam se estamos preocupados que o show se torne muito mainstream. Mas o que poderia estar errado isso?! Se aqueles na Casa Branca dublassem por suas vidas – sashay away! o mundo poderia ser um lugar muito mais feliz.
G: World of Wonder está por trás de muitos shows e filmes que receberam prêmios GLAA por seu excelente conteúdo LGBTQ, incluindo BIG FREEDIA: QUEEN OF BOUNCE, TRANSAMERICAN LOVE STORY, BECOMING CHAZ, e claro RUPAUL’S DRAG RACE. Por quê a programação LGBTQ inclusiva é tão importante para a WOW e que impacto você espera que tenha? Como evoluiu no decorrer dos anos?
F: Sempre fomos atraídos por pessoas que vivem suas vidas com orgulho. Cada um de nós é único. Tentar se encaixar, ser como todo mundo, ser normal, não é por isso que estamos aqui. Gay ou hétero, somos todos um pouco queer (esquisitos). As pessoas que abraçam essa estranheza e dão o dedo do meio a essa opressiva e falsa ideia de normalidade são aquelas que nos inspiram a contar suas histórias. Porque eles trazem alegria e inclusão para a festa que é extremamente importante num momento em que a divisão, o ódio e a perseguição são os valores do regime atual.
Curta minha página reserva no Facebook, a principal foi excluída: Dragliciouz.
APADRINHE A DRAGLICIOUS: Ajude a manter a Draglicious viva celebrando a arte drag, doando pelo nosso PIX, chave: draglicious@outlook.com. Ou nos apadrinhe em padrim.com.br/draglicious.