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Introdução: Who’s That Queen? O criador por trás da criatura, digo, a monstra Como será que foi sua infância? Uma drag queen mudou a minha vida. Duas, na verdade Artes dramáticas, aí vamos nós Da dramaturgia para drag Erika Klash por Erika Klash The Boulet Brothers’ Dragula temporada 2/21 curiosidades Entrevista |
Introdução: Who’s That Queen?
Ao andar pela Fifth Avenue, em Nova York, um garoto viu algo e perguntou à sua mãe:
“Aquilo é uma drag queen ou uma monstra?”
Neste caso, as duas coisas.
A história acima não aconteceu, entretanto, achei de bom tom contá-la.
Não para lhe enganar, mas sim para começar mais uma edição exclusiva da Who’s That Queen?
O criador por trás da criatura, digo, a monstra
Michael Gabriel Torres pode ficar tímido quando ainda não conhece alguém.
Esta é uma característica sua. Tem outras.
Introspectivo e cerebral, ele pertence a uma longa linhagem de Nuyoricans.
Não conhece este termo? Vamos lá!
De acordo com o Urban Dictionary, Nuyoricans podem ser definidos como:
“Uma pessoa de ascendência porto-riquenha, mas nascida/vivendo em Nova York. Ou seja, segunda geração e até imigrantes porto-riquenhos”.
É exatamente o caso de Michael que, nascido em Miami, se mudou com a família para Nova York, EUA, quando tinha 3 anos de idade.
Apesar de já ter vivido em São Francisco, é a Big Apple que ele considera seu lar, onde vive no presente.
Uma curiosidade é que ele ama o Reino Unido, a ponto de ter passado 1 semestre em Londres, fora às viagens pela Inglaterra.
Mas voltemos ao começo.
Como será que foi sua infância?
Nascido em 25 de janeiro de 1984, um jogo de videogame define a fase criança de Michael: Super Mario All-Stars.
Obcecado, ele jogava no Super Nintendo e, mais do que ser entretido, foi influenciado definitivamente.
De um lado, o mundo dos jogos eletrônicos despertou seu interesse em aventuras, ensinando-o a importância de perseverar e trabalhar duro para atingir seus objetivos.
Do outro, assim como acontece em Super Mario All-Stars, não existe a opção de voltar atrás, somente seguir em frente.
É o ensinamento que ele tirou desta paixão e que guia sua vida atualmente.
Mergulhar neste universo também o ajudou a evitar um problema dentro de casa.
Pastor, o pai de Michael era abusivo com sua mãe e irmãs. Apesar da natureza delicada destes relacionamentos, havia espaço para o escapismo em família, por assim dizer.
Com o pai, Michael fora apresentado aos longas-metragens de terror.
Juntos eles assistiam filmes da Universal e as películas de Godzilla dos anos 60 e 70
Com a mãe ele acompanhava The Nanny por ambos serem fãs da atriz Fran Drescher.
Sua personagem, a babá Fran Fine, usava um figurino que chamava sua atenção.
Este interesse peculiar voltaria a surgir na vida de Michael quando ele menos esperasse, veja só.
Uma drag queen mudou a minha vida. Duas, na verdade
Por volta dos 11 anos de idade, Michael, sua mãe e irmãs estavam assistindo To Wong Foo, Thank’s For Everything!
Na sinopse, a história é protagonizada por Vida Boheme e Noxeema Jackson, drag queens vividas por Patrick Swayze e Wesley Snipes.
Elas vencem uma competição regional e precisam chegar à Los Angeles para a etapa nacional do certame.
No meio do caminho às rainhas conhecem Chi-Chi Rodriguez, uma travesti desclassificada do concurso que se junta à elas para que o trio possa competir em Los Angeles.
Este filme foi lançado em 8 de setembro de 1995, nos EUA, com direção de Beeban Kidron.
Entre seus feitos consta o de apresentar, pela 1° vez, a Michael, à arte drag.
Confuso, ele sentiu algo especial com as personagens, mas devido a sua criação, tivera que reprimir absolutamente tudo que passava em sua cabeça.
Artes dramáticas, aí vamos nós
Seguindo em frente, no colégio, Michael caiu de amores pelos filmes do produtor, diretor e roteirista de cinema italiano Dario Argento, o que lhe levou a começar a escrever.
Na sequência, anos depois, é chegada a hora da faculdade na qual Michael estuda roteiro.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) versou sobre 4 drag queens que trabalharam e competiram juntas.
Amante da dramaturgia e de nomes como Charles Busch, Varla Jean Merman e Coco Peru, esta experiência também serviu para Michael aprender melhor sobre uma coisa.
Como criar uma personagem, algo que seria bem útil mais para frente.
Da dramaturgia para drag
Aos 20 anos, Michael assistiu o show de Rugirls como Mimi Imfurst e Alaska Thunderfuck.
Vê-las em cena reacendeu nele o desejo de, como elas, se montar.
E assim foi 1 ano depois, aos 21.
No seu 21° aniversário, Michael foi ao Lips Drag Queen Show Palace Restaurant & Bar.
Na ocasião, sua 1° vez num show deste tipo.
Ali ele conheceu mais a fundo o que era uma drag local e, destinado a tal, passou a fazer o mesmo para ver no que dava.
Isto em 2014, por volta de 26 de março.
Em meio à competições amadoras, Michael, que cresceu acompanhando RuPaul’s Drag Race, percebeu que, em drag, uma paixão de sua adolescência, poderia conseguir duas coisas.
Resgatar sua feminilidade, retirada rigorosamente durante sua infância e adolescência, e transformar-se naquilo que convém chamar de companhia de teatro de uma atriz só.
Agora vale colocar aspas para o ano de 2016, quando Michael se apresentou com Me The Drag Queen e sua família drag no Reino Unido.
A viagem foi tão frutífera que, com seu namorado, ele quase morou por lá mesmo tempos depois.
O parceiro havia recebido uma oportunidade de emprego no Reino Unido.
Mas esta é outra história.
Vamos mudar de assunto?
Erika Klash por Erika Klash
Aliás, como surgiu o nome da rainha que é influenciada pela Nintendo e a alegria da arte de seus jogos, como Pokémon, Kirby e Star Fox?
Erika é o nome que à mãe de Michael o teria dado se ele fosse uma menina.
O sobrenome, Klash, vem do jogo do Mario dos anos 90, Mario Clash, feito para o console Virtual Boy.
Apesar da ideia inicial de sua drag ser uma personagem de desenho animado, videogame e anime, e de que como rainha Erika preenche a lacuna entre drag e cosplay, outros detalhes sobre sua persona são dignos de nota.
⦁ Poison Ivy, conhecida aqui no Brasil como Hera Venenosa, de Batman, foi a inspiração original para sua drag.
⦁ A moda de rua Harajuku influencia Erika.
⦁ Assim como o punk e o terror.
⦁ No começo, uma das ideias era ser uma espécie de dublê da Princesa Peach, de Mario.
⦁ Se montar com frequência fez com que Erika visse que ela não precisava focar em apenas uma personagem, tendo um vasto universo de referências para trabalhar.
⦁ Ao aperfeiçoar sua maquiagem e estética, Erika percebeu a importância de desenvolver um trabalho que fosse além de personagens licenciados.
⦁ Finalmente, é neste instante que começa seu amor pela moda de rua japonesa.
A soma de tudo isto ajudou a moldar a Erika de hoje.
Uma rainha da comédia que performa de um jeito que atualiza certos pontos do que é drag ao mesmo tempo em que entrega para o público o que ele, em suma, deseja ter.
Neste aspecto, é preciso ressaltar a estrutura dos shows de Erika.
Eles costumam ter 3 atos que seguem os moldes dos filmes.
Neles ela complementa a indefectível dublagem com textos falados.
A atitude faz referência ao fato de que, no crossover entre drag e cinema, no palco ela pode executar cenas dos muitos filmes que a marcaram durante a vida.
Segundo a própria contou à imprensa, entregar isto para uma plateia queer é o motivo pelo qual ela faz drag.
Falando nisto.