Uma coisa muito interessante é o currículo de forma geral. O da minha convidada de hoje não é exceção. No Twitter ela define-se como “viciada em horror, drogada, drag queen, queer mexicana e que ama merda brilhante de homens peludos e comida”.
Conhecida por servir trash, nudez, sujeira, glamour e sangue, Frankie Doom também se orgulha de ser uma das três melhores da primeira temporada de The Boulet Brothers’ Dragula e, claro, da honra de ser o terror do cristianismo ao ter sido uma das super monstras ressuscitadas para o spin-off Dragula: The Resurrection. Mas, entre idas e vindas do além, Who’s That Queen?
A jornada de Frankie em Dragula começa exatamente no dia 31 de outubro de 2016. Sim, dias das bruxas. Em Wickedest Witch, episódio inaugural, ela está vestindo uma camisa da banda Rob Zombie por não ter desfeito suas malas. De qualquer forma, no final do dia, conseguiu ficar entre as melhores após um desafio principal que pedia as monstras uma roupa de bruxa má e uma releitura da morte da Bruxa Má do Oeste.
Na sequência, no episódio dois, 80’s Female Wrestler, a boa sorte da estreia resolve abandonar Frankie, que vai parar entre as piores, mas com muita companhia, afinal, Melissa Befierce, Xochi Mochi e Ursula Major a acompanharam neste bottom four. Todas elas tiveram seus destinos selados após um desafio principal que exigia um look de lutadora inspirado nos anos 80 e um show de luta livre no qual Frankie interpretou a personagem Pink Flamingo. Como seria sua terceira semana na competição?
Em Zombies in Death Valley, o terceiro episódio, Frankie volta a ficar entre as melhores depois de apresentar um visual de zumbi, entretanto, o mesmo não aconteceria no episódio quatro, Pretty, Pink, Fishy Drag, onde ela protagoniza mais um bottom 4, desta vez ao lado de Vander Van Odd, Loris e Xochi Mochi. Mais do que se salvar da exterminação após dublar Nails, de Alaska Thunderfuck, ela garantiu sua vaga para a penúltima semana de Dragula.
No episódio Trannyshack Club, quinto desta primeira temporada, todas as quatro drag monsters restantes (Vander, Frankie, Melissa e Meatball) tiveram que se submeter ao desafio de extermínio no qual apresentaram roupas de monstros marinhos e mais uma sessão de fotos na Baía de São Francisco. Para Frankie este momento é de puro orgulho, afinal, ela ama efeitos especiais e próteses, então, os tentáculos da roupa e os dentes enormes usados lhe representam totalmente.
Estética a parte, a aventura acaba para Frankie no dia 16 de janeiro de 2017, com a transmissão do sexto e último episódio de Dragula. Apesar de não ter vencido, ela destaca a sensação única de ser finalista ao lado de Vander e Melissa, drags que admira genuinamente. Em paralelo a isto, outra menção honrosa vai para a última ceia, feita durante a reunião das monstras, na qual a maioria de suas irmãs disse seu nome como vencedora.
Fatos na mesa, Frankie também admite que se perdeu em suas próprias ideias para o número que preparou de Glamour, Filth and Horror. Mais do que não seguir seu seu instinto, ela também não ficou contente com seu visual de terror. Encerrado o capítulo Dragula, agora é preciso voltarmos no tempo para entendermos a pessoa por trás da drag super monstra.
Jonathan Caballero é o criador da Frankie Doom. Nascido no dia 12 de agosto de 1985, em Los Angeles, Califórnia, ele cresceu alimentando uma grande paixão por longas-metragens de terror. Em seu imaginário, lhe interessavam duas alternativas: ser o monstro dos filmes que assistia com bastante interesse ou a protagonista que se vê refém do vilão. No final das contas, acabou não sendo nenhum dos dois, mas transformou-se em uma demônia stripper pelo menos. Natural para quem gosta de ficar pelado, não é? E tem mais.
A carreira como drag começou por cerca de 2012. Certa vez, em uma noite temática dedicada a Disney no Whorehaus, Frankie se montou como Úrsula e fez sua primeira performance, performance esta que ela não lembra de tantos detalhes devido as doses de tequila tomadas antes de entrar em cena. Segundo o público presente, o que fora visto no palco foi tido como incrível e daí por diante. Mas espera aí, e como Jonathan batizou sua drag?
Antes de usar seu nome atual, Frankie chegou a cogitar chamar-se Vylett Doom e Velvelt Von Doom, mas nenhum deles vingou. Frankie vem da boneca Frankie Stein, da Monster High, nada menos do que a filha do Frankenstein. Doom é uma homenagem ao seu melhor amigo Ali Doom. Drag apresentada, falta uma coisa, correto? Falta.
Frankie estava no Alasca durante todo o verão de 2016 antes de um reality show bater a sua porta. Um dia recebeu um telefonema das Boulet Brothers no qual basicamente elas não podiam falar muito devido a certo contrato que, depois de lido e assinado, a encheu de excitação, mas este sentimento logo seria substituído por outro…
Segundo a própria Frankie já contou a imprensa, ela estava em uma floresta no Alasca fumando maconha quando recebeu a ligação para fazer parte de Dragula. Por tabela, não se sentia pronta para competir. Apesar disto, descreve a experiência como incrível, cansativa, divertida e difícil, ressaltando que o programa ajudou em sua autoconfiança, tornando-a uma monstra melhor.
Ao refletir sobre este período, Frankie também é ciente de que deveria ter se imposto mais durante as gravações ou, no bom português, ter lutado pelo bom e velho tempo de tela. Neste processo, seu senso de humor foi praticamente apagado na competição, por exemplo.
De qualquer forma, passar por Dragula, de fato, rendeu frutos para Frankie. Coloque na lista turnês com suas irmãs monstras, irmandade se solidificando junto com shows por todos os lados nos quais a nudez e o sadomasoquismo são celebrados, afinal, sua drag é válida, assim como toda a trajetória feita até aqui.
Atualmente Frankie, que é uma mistura de Elvira Jenna Jameson e Regan MacNeil, de O Exorcista, já trabalhou também no parque de diversões Knott’s Berry Farm. Saindo do campo profissional para o amoroso, Jonathan namora, desde 31 de maio de 2007, Jeremy Lopez. Com ele é vivido um breve hiato dos palcos que não impediu Frankie de me conceder a entrevista que você lê logo abaixo, na íntegra. Confira!
Frankie, para começar esta entrevista, preciso ser honesto com você: a primeira vez que assisti Dragula, anos atrás, não gostei do programa. Já faz um tempo que a minha cabeça se abriu mais para as drag monsters e eu assisti e me tornei um fã. Dragula causa inúmeras reações. O que você acha disto?
Eu acho incrível quando alguma coisa faz as pessoas falarem. Eu amo que isso abriu o mundo para drag monsters!
Hoje Dragula está na Netflix e entrando no mainstream também, mas na época da sua temporada, a primeira, imagino que você não tinha ideia de quanto este programa cresceria, não é? O que te fez querer fazer parte dele?
Eu tinha ganhado o concurso Dragula e comecei a trabalhar com elas. As Boulets me colocaram no concurso mensalmente. Então, quando recebi a ligação, não fazia ideia do que seria o programa, mas sabia que queria estar nele. Eu amo as irmãs Boulet e suas festas são as mais divertidas, logo, eu estava animada para fazer parte de qualquer coisa que elas criassem!
Quando você começou a fazer drag em Los Angeles, Califórnia, quem foi a pessoa que acreditou em você e lhe deu a primeira oportunidade de fazer uma performance e estrear?
Meu namorado era e é meu maior fã! Ele me disse para parar de falar e fazer drag já! Minha estreia foi no Micky’s, no oeste de Hollywood. Fiquei super bêbada e me apresentei como Úrsula, a bruxa do mar, foi uma bagunça total, mas eu amei cada segundo.
Onde você estava e o que você fazia quando recebeu o convite para participar de Dragula: Resurrection?
Oh meu Deus, eu estava sentada em casa me bronzeando na minha piscina entediada esperando que a quarentena acabasse logo! Essa ligação salvou minha vida. Foi divertido colocar minha energia e criatividade em alguma coisa.