Recentemente, os Estados Unidos tem sido palco de vários ataques violentos contra pessoas asiáticas, motivados por ódio e xenofobia. No estado da Georgia um atirador entrou em diversos estabelecimentos, mantando oito e deixando vários outros feridos. A fim de sair em apoio de sua comunidade, Rock M Sakura, que tem origem filipina e vietnamita, postou em seu Twitter uma longa thread revelando seu passado como profissional do sexo. A rainha contou que manteve segredo de seu emprego devido ao estigma sofrido por profissionais do sexo, o que a fez ter medo de perder oportunidades e até mesmo de ser impedida de participar de Drag Race. Confira o relato completo a seguir.
“Tenho que tirar algo do meu peito. Algo que tem pesado muito para mim há muito tempo, mas sinto que precisa ser dito por mim e por muitos outros agora. Eu quero começar isso com, eu não tenho certeza de como isso será interpretado, se as pessoas vão me apoiar ou não, se as pessoas vão deixar minha base de fãs, ou me enviar mensagens de ódio, cancelar ou qualquer outra coisa. Porque não acho que essas coisas importem agora.
Com os crimes violentos que têm afetado a comunidade asiática recentemente e os crimes de ódio que foram cometidos na noite passada contra profissionais do sexo asiáticas, eu queria vir à publico e dizer que era uma trabalhadora do sexo, trabalhando especificamente com massagem até minha estréia na 12ª temporada.
Por que é importante que eu diga isso a todos? Todos os dias eu sinto o peso emocional de manter esse segredo longe da comunidade e de minha base de fãs, por causa do medo de ser colocado na ‘lista negra’ de coisas como aparições na TV e All Stars, sofrer ataques depreciativos publicamente ou perder oportunidades de emprego em diferentes países (nunca fui ameaçada ou disse que fui). Lembro-me de sentir vergonha durante Drag Race quando perguntaram o que eu fazia para viver, e tive que mentir e dizer que era uma drag queen em tempo integral porque não queria ser expulsa (não sabia se o seria, só estava com medo). A verdade é que meu trabalho pagou minhas despesas enquanto eu morava em São Francisco e me ajudou a buscar e financiar minha drag, mesmo em Drag Race”.
“Mas agora as pessoas precisam ver, precisam ouvir e precisam saber que precisamos parar com o ódio contra asiáticos e proteger as profissionais de sexo. O que aconteceu ontem à noite foi exatamente o que parece. Um crime de ódio contra os asiáticos.
Eu quero que todos tenham uma perspectiva, isso poderia facilmente ter sido eu, poderiam facilmente ser pessoas de quem você gosta e ama. Senti segurança na comunidade LGBT enquanto trabalhava. Eu me senti forte e apoiada. Por favor, peço a você, se você é um fã de mim, de drag e uma pessoa LGBTQIA+ ou aliado, ajude a proteger nossa comunidade agora. Por favor, mantenha os asiáticos seguros.
Muitas vezes me distanciei de falar sobre assuntos que me envolvem sexualmente, tentei me distanciar ‘da imagem de biscoiteiro’ e evitei falar sobre minha vida sexual, porque para mim, Sakura não é Bryan. Sakura é meu recipiente para expressar meu amor por todas as coisas fofas e kawaii, divertidas e selvagens. Mas eu acho que é importante agora usar a plataforma dela [minha drag] para ajudá-lo a perceber o quanto isso significa para mim.