É meio chocante no começo. Não que o rosto sem maquiagem de RuPaul não seja bonito: a pele é impecável e levemente marcada por sardas. De certo modo, é até melhor – mais convidativo, com uma sinceridade mais aberta do que a persona de diva que o tornou a drag queen mais famosa do mundo há duas décadas.
“Se eu nunca mais voltar a me montar não vou nem ligar. Não tem essa importância toda para mim. Nunca teve”.
Hoje, ele está vestido com um terno listrado, com três botões abertos, deixando à mostra o peito liso. É assim que ele se veste quase sempre. E esta não é nem a maior mudança em RuPaul no momento. Se estivéssemos com ele quando se tornou uma grande estrela, em 1993, estaria bebendo. E fumando. Haveria uma chance de que tivesse tomado ácido no dia, e certamente estaria envolvido com maconha, uma vez que foi um fumante dos 10 aos 39 anos. E, claro, haveria o fato de este homem negro de quase 2 metros de altura estar trajando vestido e peruca.
Aquele antigo RuPaul é irreconhecível se comparado ao que me encontrou em um café em West Hollywood às 7h da manhã de uma sexta-feira recente. Muitas vezes ele tem de esperar a academia abrir, às 5h. A sessão de meditação ou caminhada começa às 6h30.