AJ and The Queen é uma comédia dramática ao estilo de “Priscilla, Rainha do Deserto” ou “Para Wong Foo, Obrigado por Tudo, Julie Newmar”, mas com uma menininha precoce interpretada pela estreante Izzy G. A idéia de incorporar um personagem jovem ao programa surgiu do reconhecimento de que, como diz RuPaul, o público emergente de Drag Race é “meninas brancas suburbanas de 13 anos”.
Mas este não é um show para crianças, na verdade, RuPaul insiste.
“Este programa não é sobre uma drag queen em um programa infantil. É sobre uma criança no show de uma drag queen. É ousado e tem alguns temas sombrios”.
Ele se emocionou com o desafio de interpretar uma pessoa plenamente realizada, removendo a maquiagem dos comentários sociais para descobrir uma verdade mais crua. Ele continua com uma risada irônica
“Era algo que eu estava ansioso para explorar. Para provar a mim mesmo que não estou morto por dentro. Eu provei para mim mesmo que era capaz de estimular essas emoções. É intoxicante”.
Ao assistir a um segmento de 15 minutos da série nos estúdios da Warner, sente-se essa ardência. A atuação é sólida e presente. É um choque agradável ver RuPaul tão acessível, expressando fragilidade e luto ao lado de sua majestosa familiaridade.
RuPaul vem trabalhando nesse sentido há algum tempo, tendo testado as águas de atuação em vários projetos, incluindo uma participação recente na série “Grace e Frankie” da Netflix. Jane Fonda falou sobre a experiência com RuPaul no set:
“Ele nunca tentou chamar a atenção. RuPaul, a glamurosa diva camp, sendo humilde e trabalhando em equipe? Isso eu não esperava… não passei muito tempo com ele, mas ele me fez amá-lo”.
Michael Patrick King, roteirista da série, diz que a experiência de trabalhar com RuPaul excedeu suas expectativas já altas.
“Eu nunca vi alguém mais determinado a não falhar. Mesmo falhando, ele continua seguindo em frente. A maioria dos atores ou tipos artísticos, se sentem que estão falhando, desmoronam e começam a se debater e a ficar mais pálidos, fracos e menos confiantes. Ru se mantém firme e continua, até chegar o mais próximo possível do alvo”.
Essa tenacidade valeu a pena, tanto para o show quanto internamente. RuPaul diz:
“Nossa humanidade, nossa risada, nosso senso de ironia. Moda. Tudo. Está tudo lá. Eu não poderia estar mais orgulhoso”.
King concorda.
“Depois que [Ru] viu o primeiro episódio, ele se virou para mim e disse: ‘Eu pensei que esse seria o programa em que eu me revelaria ao mundo. Acontece que é o show em que eu me revelo para mim’”.
Toda a conversa sobre a coragem e determinação de RuPaul nos faz pensar se, ou nos preocupar se, deve haver um ponto de ruptura em algum lugar – que ele está se colocando em risco, de alguma forma. O estilista Isaac Mizrahi, que disse que foi a primeira casa de moda a tocar “Supermodel” durante um desfile, me contou uma história dos velhos tempos, sobre RuPaul sendo atingido na cabeça por uma luz que caiu durante um ensaio de desfile e, depois de uma visita a um hospital parisiense, continuou o show como sempre.