O nome verdadeiro é Sam Adams, porém, você pode ficar à vontade e usar os pronomes femininos porque estamos falando de uma pessoa transexual não-binária que, nascida em 29 de junho de 1991, em Londres, Ontário, no Canadá, já foi Eve Summers e hoje é Eve 6000.
Enquanto crescia, Eve, assim como boa parte da comunidade LGBTQIA+, não pode ser ela mesma e desfrutar de sua feminilidade com liberdade. Fora apenas quando entrou em contato com a arte drag que um entendimento maior sobre si mesma lhe ocorreu e ela passou a ver por outro ângulo o que antes era proibido de ser falado e demonstrado.
Com raízes nas artes visuais, Eve virou a rainha que aprecia longas caminhadas ao bar, bundas gordas e ser magra, claro. Brincadeiras à parte, ela tem interesse especial nas questões sociais e políticas, trabalhou como ilustradora de mercadorias para Rugirls que vão de Bob The Drag Queen à Eureka O’Hara, passando também por Monét X Change, Alexis Mateo e Farrah Moan, dentre outros nomes não menos interessantes oriundos da Holanda, Reino Unido e Canadá.
Com cerca de seis anos de experiência como ilustradora, esta foi a principal fonte de renda de Eve antes da segunda temporada de Canada’s Drag Race. Coroando seu currículo, é a atual Miss Angel City Continental Plus 2021. E seu nome drag?
Ele nasceu devido a cola E6000, um produto popular entre drags, que a utilizam, por exemplo, para colar strass nas roupas. Segundo a própria já contou à imprensa, não podemos esquecer que é uma cola tóxica como ela, semelhante à Britney Spears no avião de Toxic.
E a história de Eve, como drag, começa esporadicamente com RuPaul’s Drag Race, programa do qual ela assistiu um pouco a primeira e segunda temporadas, mas não se apaixonou de imediato. Algum tempo depois, dá uma nova chance a competição, confere a quarta e quinta edições até finalmente conhecer Roxxxy Andrews, se ver nela e, como consequência, colocou uma foto dela e de Raven para treinar sua maquiagem e fazê-la parecida com as destas Rugirls.
E como estamos falando de irmandade, é justo dizer que Eve conhecia Tynomi Banks, da primeira temporada de Canada’s Drag Race, desde 2015, assim como interagia com BOA e Trixie Mattel. Sasha Velour é um de seus ícones drag.
Com a já citada BOA, Eve, então radicada em Toronto com sua família, começou a fazer drag. Para viver nesta nova cidade, trabalhou muito desde os 18 anos para conseguir pagar o aluguel, entretanto, o esforço seria devidamente recompensado, mas antes, veja só a história curiosa que envolve estas duas rainhas.
Durante a primeira temporada de Canada’s Drag Race, no episódio sete, Eve fez a maquiagem daquela que é considerada, segundo o The Guinness World Records, a drag mais velha em atividade no mundo, Michelle DuBarry. Na ocasião, Endora St. Moorehead, cliente antiga de Eve e amiga pessoal de Michelle, confidenciou: “Michelle vai fazer algo realmente secreto e eu quero que você faça a maquiagem dela”.
Convite feito, obviamente aceito, Eve, quando deu por si, estava nos bastidores do programa, e é aqui que vem a parte inusitada da história: depois de maquiar Michelle, ela teria que ficar para fazer os devidos retoques, mas o diretor de elenco se dirigiu a ela e a informou que não poderia ir para o set de filmagem, porque, ao fazer isto, Eve não participaria de outras temporadas, logo, a solução foi mandá-la para casa imediatamente.
Ainda sobre o primeiro contato de Eve com esta franquia, ela chegou ao estúdio por volta das 11 horas da manhã e, no mesmo dia, BOA levou Sashay Away, o que a impediu de ganhar um bilhete de sua irmã devido ao desencontro entre ambas.
Finalizando, Eve tentou fazer parte da primeira temporada de Canada’s Drag Race, todavia, não se sentiu segura para falar sobre sua identidade de gênero por achar que seria um critério de eliminação para os produtores, no entanto, tudo mudou quando viu Ilona Verley no Meet the Queens e seu discurso orgulhoso e empoderado a respeito de viver como uma mulher trans e não-binária, além de dois espíritos.
Sendo assim, com o caminho aberto, Eve chegou na segunda temporada de Canada’s Drag Race com a seguinte frase: “A terra pode ser plana, mas o Canadá tem curvas”.
Primeira rainha de ascendência macedônia a participar de Canada’s Drag Race, ela também foi uma das primeiras, ao lado de Gia Metric, a personificar um homem no Snatch Game desta franquia, mas afinal, como sua corrida pode ser resumida?
Entre as três piores de Lost and Fierce e Under the Big Top, os dois primeiros episódios, Eve se reergueu no terceiro, Screech, ao atuar numa paródia de filme. Bottom 2 na quarta e quinta semana, as do Snatch Game e Bye Flop, do tradicional desafio com o grupo pop de garotas, mandou Suki Doll para casa na primeira dublagem, ao som de Happiness (KAPRI), para ser eliminada por Synthia Kiss, tendo como trilha sonora I Love Myself Today, da cantora Bif Naked.
Ao avaliar sua jornada, Eve chegou a lamentar a forma como abordou o primeiro desafio musical, mas vendo todos os memes nas redes sociais, concluiu que tudo terminou da melhor forma possível, do mesmo jeito que aconteceu com seu grupo pop, The Dosey Hoes, oportunidade na qual destaca o prazer de trabalhar em equipe, ao lado da chance de compor letras para uma música.
De acordo com depoimentos de Eve veiculados na mídia, Canada’s Drag Race representa para ela uma experiência muito interessante, surpreendente em alguns aspectos e bastante desafiadora psicologicamente e emocionalmente, muito em parte pelo excesso de críticas negativas, aliado ao fato de não ter ninguém com quem conversar e desabafar.
Por outro lado, assim como sua mensagem de despedida adiantava: “Eu amo todas vocês. Essa irmandade vale mais de 100 mil dólares. PS, vocês estão todas bloqueadas”; o relacionamento se solidificou e Eve se aproximou de Pythia, Synthia e Stephanie Prince, para citar apenas algumas das rainhas. E entre elas não podemos esquecer da proprietária do Canadá, Brooke Lynn Hytes.
Eve admira a apresentadora de Canada’s Drag Race desde quando começou a se montar, numa fase em que ia a boate todas às sextas-feiras vê-la performar Partition, de Beyoncé. Foi quando percebeu que o antigo ditado ‘toda drag é válida, nem toda drag é boa’, logicamente não se aplica a Brooke, o que não a impediu de dizer o seguinte: “Assim que eu sair daqui e colocar minhas mãos de volta no meu telefone, vou bloquear Brooke Lynn Hytes imediatamente em todas as redes sociais”.
Dito tudo isto, o que mais passa pela cabeça de Eve 6000, a rainha que tem como música predileta para dublar a faixa It’s All Come Back to me Now, de Celine Dion? Peço ajuda da Revealiana, do Rusical, para responder a pergunta: “Eu tenho um truque na manga. Agora nós paramos, para a grande… revelação. E você nunca viu isso chegando, baby”.
De fato, ela chegou, neste caso, minha entrevista, na íntegra, com a quinta eliminada da segunda temporada de Canada’s Drag Race, Eve 6000, aquela que não precisa de um homem para ter tudo e que sabe que ser solteira é muito divertido! Confira.
Olá, olá, olá, Eve 6000. Bom dia! Preciso fazer a seguinte pergunta para começarmos esta entrevista: coronavírus e a segunda temporada de Canada’s Drag Race. Como você tem vivido estas duas experiências?
É uma droga. Os shows continuam sendo cancelados e não estamos ganhando muito para pagar tudo o que gastamos para ir ao programa.
Você fez a maquiagem da Michelle DuBarry para o concurso Miss Loose Jaw na primeira temporada de Canada’s Drag Race. Como foi quando você a conheceu?
Eu conheci Michelle muitas vezes ao longo dos anos. Ela é adorável e me fez rir o tempo todo que eu estava fazendo a maquiagem dela. Ela tem um senso de humor surpreendentemente bruto!
Você pensou em se inscrever para a edição inaugural de Canada’s Drag Race?
Eu me inscrevi para a 1ª temporada, mas minha fita de audição foi absolutamente horrível. Não sei o que estava pensando.