Mesmo em RuPaul’s Drag Race – uma monumental vitrine de televisão para a diversidade queer – é válido o compromisso com uma representação mais completa comunidade em que vivemos, por isso a EW montou um painel de drag queens para discutir por que a celebração da excelência negra do show em 2020 é um passo particularmente importante na luta pela igualdade nas plataformas convencionais.
Moderado pela finalista da S10 Asia O’Hara, a mesa redonda reuniu em um poderoso encontro as cinco rainhas negras que conquistaram títulos consecutivamente em RPDR: Monét X Change, campeã do AS4; Yvie Oddly, campeã da S11; Jaida Essence Hall, campeã da S12 e sua Miss Simpatia, Heidi N Closet; e Shea Couleé, campeã do AS5.
A mesa redonda começa com as rainhas chegando à raiz da representação contra tokenismo*, conforme explicam que a autenticidade que alimenta a maneira como Drag Race apresenta as histórias pessoais de seu elenco eclético foi a chave para atrair a atenção dos eleitores do Emmy 2020 que deram ao todo 13 indicações ao show neste ano, 10 para Drag Race e três para o Untucked. Yvie Oddly comenta que:
“A representação é um conceito mais difícil de digerir porque é meio cega, é abstrata, é algo em que a identidade não deveria importar tanto porque a identidade não está impedindo você e, infelizmente, nossa história como país tem sido exatamente o oposto. Se pudéssemos ajudar a promover a adoção da identidade de outras pessoas sem precisar nos concentrar nelas, seria incrível. Até agora, estamos na primeira etapa, que é uma boa etapa, mas reconhecer que nem todos têm as mesmas oportunidades e direitos à vida [é a chave]”.
Na sequência, Monet conectou essa ideia à forma como a mídia social digeriu seu empate sem precedentes com Trinity The Tuck, uma rainha branca, durante o All Stars 4. A artista que vive em Nova York se lembra de ter recebido memes racistas e um dilúvio de críticas reivindicando que a cor de sua pele foi a única coisa que lhe valeu a coroa, embora ela encontre “garantias de amigos, família e de um monte de garotas da franquia” que reforçaram a noção de que o talento arrebatou a coroa, não uma caixa marcada em uma lista de verificação de tokenismo. Jaida Essence Hall, que ainda é a finalista da S12 menos seguida no Instagram, acrescentou a discussão que:
“Eu sinto que não há uma única rainha negra que não tenha passado por uma situação racial. Muitas vezes as pessoas vão jogar nossa arte contra outros artistas por conta de nossa raça, e eu não sinto que haja um lugar onde nossa arte deve ser igual à cor da nossa pele ou quem somos como pessoa e como vivemos nossa vida. Se a arte é boa, então é boa. Eventualmente, quando você continuar a ser você mesmo e continuar a ter excelência, as pessoas não terão escolha a não ser parar de odiar e, com sorte, virar a maré e passar a amá-lo!”
Shea Couleé especula que o trabalho que Drag Race está fazendo para espalhar uma gama mais diversa de vozes queer pela comunidade televisiva está afetando mudanças fora da tela:
“Isso ajuda a estabelecer e legitimar a arte de drag e a experiência queer como algo que é uma verdadeira forma de arte. As pessoas estão realmente tendo a oportunidade de entender que não é uma novidade, que esta é uma forma de arte enraizada em gerações após gerações”.