Quarenta e cinco mulheres de todo mundo dão a luz no mesmo dia e hora sem ao menos estarem grávidas, um bilionário louco adota sete dessas crianças e descobre que elas têm poderes e vai usa-las para combater o crime em Londres. Com essa premissa muito fora da casinha The Umbrella Academy, inspirada nas histórias em quadrinho de Gerard Way, ex vocalista de My Chermical Romance, chega na Netflix.
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Atirar facas, falar com os mortos, monstros no estomago e alterar a realidade ao mentir são poderes bem incomuns, a história segue escolhas atípicas para acrescentar autenticidade e se distanciar de alguns clichês do nicho heroico. Estes sete jovens são criados em uma mansão pelo frio Sir Hargreeves que procura explorar e aprender sobre seus poderes. Nomeados com números de um a sete, os membros da Umbrella Academy crescem enfrentando o crime até que um dos irmãos morrem e aos poucos todos se separarem. Anos depois os personagens se encontram para o funeral do pai adotivo onde se deparam com uma grande ameaça: um apocalipse iminente.
A série já era bastante esperada pelos fãs de suas HQs e de séries de herói em geral e coincide com a data de lançamento de uma outra série inspirada em quadrinhos com uma história bem parecida, Patrulha do Destino. The Umbrella Academy chega ao stream com uma audiência confortável e espaço para uma primeira temporada poder apresentar e testar diferentes conceitos.
Os personagens enfrentam problemas familiares, que nos torna próximos do grupo, e seus dramas pessoais, que nos ajudam a criar laços individuais. Com essa fórmula é possível lidar com o maior desafio da série: Desenvolver seis protagonistas. No geral contamos com três linhas principais dentro dessa narrativa, entre elas a viagem no tempo, o drama familiar e a questão de serem poderosos. Imaginem se os ‘X-men’ se questionassem sobre o motivo do Professor Xavier mandar crianças para lutar contra bandidos perigosos.
Já no começo da história entendemos as escolhas visuais e narrativas em uma representação monstruosa dos seres humanos que não são tão normais assim. Os dilemas de cada um são entrelaçados com o uso de seus poderes e isso ajuda muito a compreender o que se passa na cabeça de cada um. É valido pontuar que todo o didatismo da série é usado para que essa compreensão fosse a mais clara o possível para o público, com flashbacks explicativos, muitas vezes até desnecessários, e diálogos que até se repetem para enfatizar um acontecimento passado. Por outro lado a série conta que você já tenha experiência com outras produções que falam sobre viagens no tempo, por ser um assunto repetitivo deixaram em aberto certas interpretações poupando o público de mais explanações, o que é totalmente válido.
Na questão técnica a produção da série absorveu todo o tom gótico dos quadrinhos usando objetos pesados em cena e filtros situacionais como sombrio para representar o passado e Teal and Orange quando o tempo para. Ao mesmo tempo bebeu das fontes que as séries de quadrinho levam para a tv com tons saturados para cada personagem. A trilha sonora tem ótimas escolhas mas apresenta problemas na hora da montagem, com a intenção de ironizar cenas com mortes e violência, a série escancara esse casamento que nos deixa certo desconforto nas primeiras vezes, como usarem a animada ‘Don’t Stop Me Now’ do Queen em uma cena de ação com tiros, no final da temporada nós acolhemos essa escolha mas poderia ser melhor trabalhada, para que não tirasse o espectador da série direto para um clipe musical. Outro ponto desconfortável do início da temporada são os flashbacks picotados que tentam reforçar ideias mas deixam a trama lenta e repetitiva, mas novamente isso vai melhorando ao desenrolar da série.