Usando o conhecido método de repetição temporal, Russian Doll, protagonizada por Natasha Lyonne, conta a história de Nadia que em seu aniversário de 36 anos se vê presa em um loop de mortes e voltas no tempo.
Usando do modelo quase já saturado de morrer e repetir o dia, como já vimos em ‘No Limite do Amanhã’, ‘A morte te da parabéns’ e naquele que podemos considerar a grande inspiração: ‘Feitiço do tempo’; a produção da plataforma de stream usufrui de todos os clichês dessa fórmula, mas isso não é um demérito diante as surpresas que Boneca Russa nos reserva.
Já não é a primeira vez que a Netflix nos entrega uma série feita para maratona, episódios curtos que se complementam sem necessidade de muitas explicações entre eles, desde que a produtora entendeu que essa porta estava aberta ela tem separado algumas produções para seguirem esse estilo. Ou seja, caso tenha gostado da premissa, uma noite de maratona é o necessário para ver toda a temporada.
Com uma história leve e curiosa, Russian Doll começa como qualquer história de loop temporal, a personagem se apresenta, o ambiente é mostrado, ela volta no tempo e acha que foi um sonho, depois de algumas voltas ela levanta várias suspeitas até que decide, por conta própria, dar um jeito na situação.
Uma maldição judaica, uma lição do universo, uma droga pesada… Várias hipóteses são consideradas pela protagonistas para explicar suas repetições, o diferencial da série já é mostrado nesse assunto, o motivo não é tão importante para a narrativa e sim a lição que a Nadia Vulvokov, nossa protagonista ruiva, tira de cada suspeita. Outro diferencial notável é que conhecemos a protagonista através das pessoas a sua volta, o que sua melhor amiga, seu ex namorado, sua segunda mãe e o atendente da loja dizem sobre Nadia é a maior referência que temos sobre a personagem, que demora um tempo para mostrar sua real motivação além de trazer seu gato, Aveia, de volta para casa.
A fotografia escolhida já é um scape batido de hollywood, iluminação indireta de neon com cores complementares e planos com a perspectiva do personagem, mas tudo isso é bem encaixado no trama e ajuda a contar a história de forma satisfatória. A trilha sonora faz isso de forma literal, nas letras das músicas sempre tem uma dica sobre o que a série se trata e a repetição com que escutamos por causa dos loops ajudam a evidenciar esse detalhe.
O ritmo da série nos primeiros episódios vai abaixando e ficando um pouco tedioso para acompanhar, o que é comum dentro do formato “maratona”, desde os primeiros episódios temos pistas que só fazem sentido quando juntamos as peças do quebra-cabeça e a curiosidade é o que nos segura para continuar assistindo. Na metade da produção, assim como a personagem, ela morre e tudo recomeça numa metamorfose opulenta explicando as pontas soltas e nos apresentando um novo drama.
Como é impossível falar disso sem spoilers a nota já fica por aqui, caso você já tenha visto e queira ler o resto da resenha ela continua logo abaixo.
Com uma mensagem emocionante ligada a um ritmo ascendente, Russian Doll cumpre bem sua proposta e conquista a nota máxima: 5 Coroas!
Daqui para baixo contém vários spoilers sobre a série, estejam avisados!