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Resenha: Russian Doll | Morra e tente novamente

Protagonizada por Natasha Lyonne, Boneca Russa conta a história de uma repetição incessante de tentativas para ficar viva.

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🕓 5 min de leitura

Usando o conhecido método de repetição temporal, Russian Doll, protagonizada por Natasha Lyonne, conta a história de Nadia que em seu aniversário de 36 anos se vê presa em um loop de mortes e voltas no tempo.

Usando do modelo quase já saturado de morrer e repetir o dia, como já vimos em No Limite do Amanhã’, A morte te da parabéns’ e naquele que podemos considerar a grande inspiração: ‘Feitiço do tempo’; a produção da plataforma de stream usufrui de todos os clichês dessa fórmula, mas isso não é um demérito diante as surpresas que Boneca Russa nos reserva.

Já não é a primeira vez que a Netflix nos entrega uma série feita para maratona, episódios curtos que se complementam sem necessidade de muitas explicações entre eles, desde que a produtora entendeu que essa porta estava aberta ela tem separado algumas produções para seguirem esse estilo. Ou seja, caso tenha gostado da premissa, uma noite de maratona é o necessário para ver toda a temporada.

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Com uma história leve e curiosa, Russian Doll começa como qualquer história de loop temporal, a personagem se apresenta, o ambiente é mostrado, ela volta no tempo e acha que foi um sonho, depois de algumas voltas ela levanta várias suspeitas até que decide, por conta própria, dar um jeito na situação.

Uma maldição judaica, uma lição do universo, uma droga pesada… Várias hipóteses são consideradas pela protagonistas para explicar suas repetições, o diferencial da série já é mostrado nesse assunto, o motivo não é tão importante para a narrativa e sim a lição que a Nadia Vulvokov, nossa protagonista ruiva, tira de cada suspeita. Outro diferencial notável é que conhecemos a protagonista através das pessoas a sua volta, o que sua melhor amiga, seu ex namorado, sua segunda mãe e o atendente da loja dizem sobre Nadia é a maior referência que temos sobre a personagem, que demora um tempo para mostrar sua real motivação além de trazer seu gato, Aveia, de volta para casa.

A fotografia escolhida já é um scape batido de hollywood, iluminação indireta de neon com cores complementares e planos com a perspectiva do personagem, mas tudo isso é bem encaixado no trama e ajuda a contar a história de forma satisfatória. A trilha sonora faz isso de forma literal, nas letras das músicas sempre tem uma dica sobre o que a série se trata e a repetição com que escutamos por causa dos loops ajudam a evidenciar esse detalhe.

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O ritmo da série nos primeiros episódios vai abaixando e ficando um pouco tedioso para acompanhar, o que é comum dentro do formato “maratona”, desde os primeiros episódios temos pistas que só fazem sentido quando juntamos as peças do quebra-cabeça e a curiosidade é o que nos segura para continuar assistindo. Na metade da produção, assim como a personagem, ela morre e tudo recomeça numa metamorfose opulenta explicando as pontas soltas e nos apresentando um novo drama.

Como é impossível falar disso sem spoilers a nota já fica por aqui, caso você já tenha visto e queira ler o resto da resenha ela continua logo abaixo.

Com uma mensagem emocionante ligada a um ritmo ascendente, Russian Doll cumpre bem sua proposta e conquista a nota máxima: 5 Coroas!

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Daqui para baixo contém vários spoilers sobre a série, estejam avisados!

A partir do meio da temporada temos a entrada de um novo protagonista, Alan é o oposto de Nadia e assume satisfação com as repetições para que se sinta no controle de sua vida. Quando os personagens percebem sua dependência a série evolui para uma aventura introspectiva de cada um, a necessidade de descobrir onde estão errando e qual pecado cometeram para que ficassem presos nessa sequência de mortes.

Bem, as dicas estavam ali, as mortes eram alertadas algumas cenas antes com um “ei, cuidado com a escada”. Todas as teorias de Nadia podem ser levadas em conta, uma vez que os loops se tratam de uma grande metáfora para nos ensinar sobre interdependência humana. As repetições são a nossa rotina e a forma com que os protagonistas precisam se perder em seus significados mostram como os outros nos enxergam e nos apresentam para o público é uma visão rasa do nosso interior, isso fica claro na cena em que Alan pergunta para sua vizinha o que ela acha sobre ele. A medida com que as coisas somem e se desfazem nos mostra a essência dessa dependência e integra a desconstrução dos ideais personificados de cada um.

Os protagonistas dependem um do outro para voltar as suas vidas normais, para que isso ocorra eles precisam aprender com os erros do outro e no meio dessa convivência enxergar a bondade entre eles e por isso à prova. No final os problemas que eles precisam resolver estão ligadas a consciência particular dos protagonistas, quem somos na nossa sociedade e como nos enxergamos. Alan precisava se desprender do controle e para isso precisou ver a total falta dele em Nadia, que por sua vez precisava perdoar seu passado sem medo, assim como ela desenvolveu a coragem de Alan e enfim conseguir se olhar no espelho.

Com uma mistura inusitada e ao mesmo tempo genial envolvendo quarta dimensão dos jogos e auto redenção, nós aceitamos a explicação e recebemos um show de montagem de cenas onde os personagens vivem realidades paralelas para colocar seus ensinamentos à prova. Tudo isso junto a um último episódio de ritmo frenético dá um fechamento positivo para a série, que só faz sentido no final. Todo o clichê do começo são justificadas para que essa conclusão apoteótica fosse possível.

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Por isso reitero, Russian Doll vale 5 coroas!

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