Foi ao ar mais um episódio de RuPaul’s Drag Race All Stars 10! Leia a seguir a resenha. Contém spoilers daqui em diante.
Após a previsibilidade entediante do episódio da semana passada, voltamos a nos deleitar com a possibilidade de um novo formato para RuPaul’s Drag Race All Stars. Esta semana apresenta um grupo totalmente novo de seis queens e um episódio repleto de personalidade, em vez de preocupações repetitivas com os Pontos Zoados. E, para isso, podemos agradecer principalmente a duas queens da casa Brooks.
O que seria o oposto de um indicador de recessão? Tina Burner retornando em prata em vez de sua paleta de cores de chama (vermelho-laranja-amarelo), tão criticada. Para os fãs de Drag Race, isso é como se o preço do aluguel caísse ou Katy Perry lançasse uma música decente novamente — é chocante e inesperado, como se nem toda esperança estivesse perdida. Tina está deixando claro que devemos esperar o inesperado e que ela ouviu as críticas que a perseguiram.
A própria Tranos, Kerri Colby, chega em um visual de confessionário repleto de Jóias do Infinito. Além de ser a primeira rainha da dinastia Colby a entrar em Drag Race, o legado de Kerri é o cuidado caloroso que ela ofereceu às suas colegas, mais do que seu desempenho no programa. Enquanto algumas queens estão entrando no All Stars julgando mal o que as impediu de vencer, Kerri está certíssima sobre seu problema: não demonstrar o mesmo cuidado consiga mesma e se abalar com as críticas. Se essa confiança continuar, acho que Kerri nos proporcionará uma temporada divertida.
Enquanto isso, eu estava guardando esses vales de torta de cereja há anos e estou pronta para usá-los. Entra em cena Nicole Paige Brooks, de Atlanta, Geórgia. Para quem pode ter esquecido sua breve passagem na segunda temporada (não esqueci!), ela imediatamente se apresenta como a Boca do All Stars 10. Seu vídeo de introdução é basicamente um currículo de indiretas: “Ainda consigo vestir tudo que usei na minha primeira temporada… não precisei mudar meu rosto para mudar minha carreira… algumas garotas precisaram”. O que é inegavelmente empolgante nela é sua autoconfiança e ego desenfreado (além de um toque de excentricidade), que contrastam fortemente com muitas queens das primeiras temporadas que duvidam de si mesmas ao voltar para o All Stars. Quem se importa com o desempenho dela com toda essa personalidade? Você sabe que quer a torta!
Também da família Brooks está Mistress Isabelle Brooks, o Satã de strass com sorriso de Drag Race. Assim como Bosco no grupo anterior, Mistress é a única finalista de sua chave. Sua personalidade polêmica e apresentação impecável também a tornam a maior ameaça, e ela deixa claro para o público e os jurados que veremos mais do mesmo, tanto em desempenho quanto em fofocas nos bastidores. Ela está exagerando o potencial de drama (na maioria das vezes irritante e leve) que ela criou com alvos fáceis? Bem, ainda há tempo para ela semear o caos que tanto promete.
Agora, digam o que quiserem sobre Lydia Butthole Kollins voltar para gravar All Stars antes mesmo de sua estreia na temporada principal, mas é justo dizer que seu retorno rápido a coloca firmemente na posição de zebra da chave. No entanto, leva apenas alguns momentos para perceber que veremos uma Lydia mais afiada desta vez, um Buttho— [alçapão se abre para um tanque de enguias elétricas]. Ela parece muito consciente do quanto errou antes, o que é mais do que se pode dizer sobre algumas queens deste All Stars.
Falando em retornos rápidos, Jorgeous está de volta para sua terceira participação em Drag Race em quatro anos. Talvez seja meu desejo de apagar da memória o All Stars 9, mas estou disposta a dar a ela uma chance justa. Me processem, não estou tão cansado de Jorgeous quanto parte da internet! À primeira vista, sua natureza tipicamente animada parece ter ganhado um pouco de objetividade — suspeito que ela finalmente está focada, mas, claro, melhor estar, já que é sua terceira tentativa (quase consecutiva).
Para o desafio, Ru está oferecendo um 8 Ball [Bola 8], e as queens devem criar um look que incorpore proeminentemente oito itens selecionados aleatoriamente. Eu sei que é tolo entrar em um debate semântico com RuPaul Andre Charles, mas não dá para chamar algo de ball se as queens estão mostrando apenas um look! Ainda assim, um desafio de design é uma escolha inteligente para esse grupo específico de queens, pois significa trancá-las na sala de trabalho para brigarem enquanto montam suas roupas.
Acho seguro dizer que a dinastia Brooks será o olho do furacão do drama desta temporada. A dinâmica entre as irmãs Brooks, MIB e NPB, revela como o drama de Drag Race evoluiu das temporadas antigas para as novas — é o estilo corte-verbo-sem-prisão de Nicole contra a provocação com piscadinha de Mistress. Mistress está sempre buscando maneiras de abalar as queens, mas Nicole faz isso com um único comentário casual que corta direto ao ponto.
Embora Nicole reserve suas farpas mais afiadas para Jorgeous, a verdadeiro treta rola entre Tina e Mistress. Após um tweet em que Mistress zombou da estética questionável de Tina, as duas se detestam abertamente (e cordialmente). Normalmente, quando brigas das redes sociais invadem Drag Race, é um momento de rolada de olhgo, mas o embate delas é um deleite tanto por sua autenticidade quanto pelo par inesperado de queens.
As leituras falsamente descontraídas de Mistress me fizeram rir, mas ela pode estar um pouco iludida ao inflar dramas passados. Como sempre, Mistress acha que está atacando uma booger que é o alvo mais fácil. Desta vez, ela basicamente falha, suas táticas de provocação não combinam com a confiança inabalável de Tina. Quando Tina revida, Mistress se irrita tão rapidamente que parece que ela é mais provocada do que a provocadora. O que é preciso para Mistress encontrar seu par? Provocar alguém totalmente indiferente! Ela acha que está queimando Tina, mas nem está fumegando.
Falei que o grupo Rosa seria o CAOS! Já temos treta entre Tina e Mistress. AMO!!!! Cheirinho de #DragRace do velho testamento #AllStars10 pic.twitter.com/fT6iSSlO8g
— draglicious.com.br (@dragliciouz) May 23, 2025
Ainda assim, Mistress é a personagem principal do episódio e secretamente complexa. Seus materiais são provavelmente os piores — tons de cobre dowdy, estampa animal —, mas ela prevalece e fica linda, como sempre. Michelle a critica por ficar muito em sua zona de conforto do high drag texano. A resposta de Mistress — “Não mudei porque sempre fui perfeita” — é ótima para uma risada, mas uma mentalidade que se recusa a evoluir (mesmo minimamente) não é o que é recompensado no All Stars. Acho que Mistress está em uma ótima posição para vencer, mas essa arrogância específica pode ser sua queda se os jurados ficarem entediados.
Mistress entregando o esperado também ajuda as zebras Tina e Lydia a se destacarem. Tina nunca pareceu tão refinada em Drag Race, especialmente quando remove o casaco bem ajustado, mas em um marrom muddy. O dourado e o bronze de seu look também remetem a suas cores assinatura, elevando sua estética em vez de abandoná-la. Lydia, finalmente, acerta o alvo que seus looks anteriores erraram, capturando a intenção tão errada que fica certa que ela sempre prometeu. Sua fantasia neon-e-leopardo dos anos 1980 é inpiradoramente estúpida e chique pra caralho.
Entre as queens menos destacadas, Idina Menzel Paige Brooks está em um maiô como a estrela de Esther Williams na Calçada da Fama, Jorgeous pediu uma fantasia lavanda-e-limão, e o sutiã de tranças de Kerri ajuda a distrair da cortina de miçangas simplesmente amarrada em sua cintura. O segredo dos desafios de design é criar algo que uma queen usaria no mundo real, e é exatamente isso que coloca Lydia, Tina e Mistress na consideração para o lip-sync.
Perdoaremos Tina por voltar aos seus looks antigos para o lip-sync, mas, mesmo assim, Lydia a arrasa em “Love Sensation”. Depois de vencer Arrietty em “Boogie Wonderland” na 17ª temporada, o ponto forte de Lydia pode ser simplesmente… ser uma total freak em uma música disco? Não espero que Tina ou Lydia dominem como Irene fez na primeira chave, mas o episódio é um sucesso completo para ambas, redefinindo suas narrativas: Lydia silenciou os céticos de seu retorno rápido com seu melhor desempenho até agora, e Tina apresentou um look muito polido.
Ep4: Lipsync de Lydia Vs Tina
Quem merece shantay e sashay?#AllStars10pic.twitter.com/gJxiPPq3zT— draglicious.com.br (@dragliciouz) May 23, 2025
Por enquanto, diremos que a “pré-aliança” de Miss Flame e a Sphincter são as pré-favoritas — nas palavras de Tina, elas poderiam “se candidatar a ser as front-runner”. Mas, enquanto a primeira chave chegou a uma conclusão pré-ordenada (embora correta), esta pode seguir em várias direções. E vários confrontos cheios de indiretas…
DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Untucked finalmente ficou bom nesta temporada? Tudo o que precisou foi tornar Nicole a personagem principal. Ela está superando Mistress nas indiretas e Bosco nas frases de efeito. “Não confio em feitiçaria”, ela diz sobre os jogos da Magic 8-Ball.
“Isabella? … Isabella? …” Nicole não estava errando o nome de Mistress, apenas votando com atraso para Melhor Atriz Coadjuvante 2024.
O critério do desafio era que todos os oito itens deveriam ser destacados no look, mas os jurados não criticaram as queens que os esconderam em acessórios! Isabella literalmente usou um deles para encher uma bolsa como se fosse papel de presente!
“Ministério da Cuntfidence”, por Kerri Colby — dê a essa queen um desafio de branding, pelo amor!
Jorgeous brinca que “veio com o prédio” após tantos retornos, o que me faz imaginar que ela é o Fantasma da Ópera da sala de trabalho. Tragam de volta o desafio do barco! Sério, [mãos da Jorgeous], “o camarote cinco deve ficar vazio, querida!”
Foi uma boa chegada do grupo Rosa, então merece 5 coroas.
