Foi ao ar mais um episódio estréia de RuPaul’s Drag Race 16! Leia a seguir a resenha. Contém spoilers daqui em diante.
Assistindo a este episódio de RuPaul’s Drag Race, me senti um pai orgulhoso. Eles finalmente entenderam como fazer um episódio digno de top 4! E bastou tratar aquilo como um episódio normal. Sério, este foi o melhor episódio de desafio final desde quando? Quinta temporada? Já se passaram anos de penúltimos episódios que esvaziam completamente o ímpeto da temporada, dando-nos enredos açucarados que removem todas as apostas e resultam em um trabalho terrível das rainhas (porque os desafios são ruins para começar). O Rumix tem tido retornos decrescentes há anos – especialmente desde a introdução dos desafios de girl group – assim como a presunção do top 4 indo para a final. Os desafios nunca parecem ser realmente desafiadores e as rainhas os tratam em grande parte como formalidades.
Nesta temporada, inspirada pela necessidade de divulgar o novo livro de RuPaul, o desafio final passa por uma reformulação completa. Você pode sentir a apreensão das rainhas ao perceber que o episódio final não é o que elas pensavam que seria. Elas ficam confusas, forçadas a descobrir como enfrentar um desafio que não aparecia desde a segunda temporada, e isso serve bom entretenimento. Combine isso com uma passarela temática (“finale eleganza” não produziu nenhum dos melhores looks desde talvez o All Stars 5) e, graças a Deus, uma eliminação real baseada nas performances das rainhas durante a semana, e você terá o encaixe final da peça de quebra-cabeça na parte pré-filmada da temporada.
E o desafio também funciona. As rainhas precisam ter uma ideia para um livro de memórias, fotografar uma capa, escrever histórias para o livro e dar uma entrevista à Matt Rogers sobre isso. Exceto as histórias, que obviamente não podemos ler e sobre as quais elas precisam nos contar, tudo isso funciona. Há muito tempo é um requisito subtextual do programa que as rainhas se mostrem vulneráveis, e elas fizeram isso de várias maneiras, em grande parte de forma até vexatória. (Fotos de bebê, não sentirei sua falta.) Tecnicamente, uma rainha poderia optar por não ser vulnerável, mas está implícito que isso desperdiça sua chance de vitória. Ao organizar uma entrevista de memórias, o requisito de vulnerabilidade passa do subtexto para o texto.
(Há um argumento por aí de que as rainhas não deveriam ser vulneráveis, com o qual não concordo. A vencedora da temporada representará não apenas a si mesma, mas também a marca Drag Race por um ano, lançada em situações publicitárias em que ela terá que ser engraçada, acessível e falar bem. No ano passado, conversei com Sasha Colby por uma hora no Zoom no dia seguinte à sua vitória, e sua abertura foi o que fez aquela entrevista valer o tempo de qualquer leitor. Você não precisa ser vulnerável para ser uma boa drag queen, mas você precisa ser vulnerável para vencer Drag Race, e está tudo bem.)
O episódio começa com alguns tiroteios agradáveis entre as garotas, com Q no ataque. É claro que ela não obteve o sucesso que queria (esperava?) nesta temporada, apesar de várias vitórias e de ter chegado no top 4. Tenho sido duro com Q – e não retiro nada – mas agora olhando pelo retrovisor, ela tem um ótimo arco. Ela é uma rainha talentosa que ainda não se conhece como artista e fica confusa com o fato de aqueles que estão mais avançados em seu desenvolvimento estão sendo mais bem sucedidos que ela. Parte da minha frustração com ela nesta temporada é que eu não tinha certeza se a série iria fazer alguma coisa com aquela tensão; assim que ficou claro que ela era uma das quatro finalistas, parecia que Drag Race serviria um tradicional Drag Race e a levaria para a final, e então a eliminaria sem cerimônia antes de uma dublagem final. Isso não é satisfatório, mas é obrigatório neste programa. Mas com a eliminação final, Q, a concorrente de reality show, torna-se um personagem totalmente completo.
Sempre uma nova semana pra gente pensar: como pode ela ser assim? pic.twitter.com/i9yUQA0Xc9
— untuck3d (@untuck3d_) April 4, 2024
Em seguida, temos um mini-desafio deliciosamente bobo, onde as garotas têm que se afogar levemente e (pior ainda) dublar uma música de RuPaul. Coisa boa. Na verdade, de onde Safira conseguiu aquele novo peitoral? Eu quero saber.
O desafio é então revelado e espera-se que Nymphia entre em estado de pânico. Surpreendentemente, ela não entra. Ela é outra cujo arco se encaixa totalmente neste episódio. Observá-la descobrir como é sua voz faz com que toda aquela coisa de “não consigo escrever” valha a pena. Sim, foi um problema, mas de repente entendemos quem é Nymphia, a palestrante. Um desafio em que as rainhas devem falar seriamente é o único tipo que vai tirar isso delas, e não teríamos conseguido isso nem mesmo com uma entrevista com RuPaul.
Adorei ver Ru dirigir as garotas em uma sessão de fotos. Ela continua a ser a maior diretora do show. O ensaio fotográfico da Nymphia é fantástico, de longe o melhor. Sua roupa é gráfica, parece ela e combina bem nas fotos. Q é o oposto. Eu sabia que ela seria bottom no momento em que ela apareceu com um vestido babydoll bege em camadas com cabelo combinando, tornando todo o seu visual, da cabeça aos pés, um pesadelo bronzeado. Sapphira se sai muito bem, sem surpresa. Plane está bem, mas seu cabelo é simplesmente muito pequeno.
A Nymphia pro ensaio fotográfico, PQP! BABILÔNICA!!! #DragRace pic.twitter.com/RLTvSkaVck
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As entrevistas são conduzidas por Matt Rogers. Elas são, de novo, boas. Plane vai primeiro e estraga tudo exatamente da maneira que você sabia que ele poderia estragar tudo. Matt, que não conhece essas garotas, é um entrevistador experiente o suficiente para farejar onde ela dará uma resposta que não deveria, e Plane não é experiente o suficiente para seguir o outro caminho.
Plane mandando shade pras demais rainhas do top4 🗣️ #DragRace pic.twitter.com/jKo1S8fvcV
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Sapphira é ótima – extremamente charmosa e aberta. Se eu tivesse uma observação, vinda de alguém que faz entrevistas regularmente, é que às vezes você pode sentir que Sapphira está muito ligada. Q faz um ótimo trabalho sendo vulnerável, mas não a achei tão charmosa quanto algumas das outras rainhas; ela tem uma história comovente, mas ela precisa desenvolver mais seu carisma. Nimphya é simplesmente fantástica. Ela não é tão polida quanto Sapphira, mas isso é bom. Ela parece extremamente honesta e pessoal, e é capaz de passar rapidamente de uma história engraçada e charmosa para algo mais sério. Mais tarde, quando Ru disse que se apaixonou por Nymphia durante a entrevista, não fiquei surpreso.
“Meu livro chama Slue Foot porque ando como um pinguim” kkkkk como amo Sapphira #DragRace pic.twitter.com/kiqA5jwhjQ
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Tenho que dizer: Assistir as garotas gongando umas às outras enquanto se preparavam para subir ao palco pela última vez foi muito divertido. A melhor fala de Q no episódio (da temporada?) é a resposta dela quando Nymphia tenta dizer que ambas estão sendo gongadas. Ótimo shade, ri alto.
Eu amo esse clima descontraído de fim de temporada. Vou sentir saudades da S16, não me divertia com uma temporada dos EUA assim desde a S12 #DragRace pic.twitter.com/6wNoBHq1uF
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Há uma categoria de passarela esta semana! Todo mundo celebra! São leques!
O look da Q é realmente lindo, um dos meus looks favoritos de Q da temporada. A cor laranja é ótima, a dobra detalhada é ótima, fiquei encantado. Uma observação, porque adoro criticar: o centro esculpido de sua peruca não flui com as laterais em camadas, que se movem de uma maneira que considero bastante agradável. Essas perucas esculpidas podem ser a minha morte. Eu odeio elas.
Sapphira está ótima, com ela revelando a peça central do look. Antes da revelação, porém, o visual é uma longa coluna azul, e Sapphira usa muitos looks predominantemente azuis. Se Nymphia está recebendo críticas por isso, talvez ela também devesse. Nymphia parece ótima, embora, como Michelle, eu pudesse aceitar ou abandonar Maria Antonieta como um conceito na passarela neste momento. Ninguém jamais fez isso melhor do que Raja. Sim, isso inclui temporadas internacionais. Suas unhas são um ótimo detalhe. Gosto do visual de Plane, mas não inspira. Fico feliz em vê-la de vestido.
A categoria é Fandango! Quem merece TOOT ou BOOT? #DragRace
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Nas capas dos livros: Q é horrível, embora eu suponha que o design gráfico não seja culpa dela. Ainda assim, o que mais eles iriam fazer com a Sopa de Letras? O de Sapphira é ótimo, e Slew Foot é exatamente o tipo de jogo estratégico focado em Ru no qual ela se mostrou muito adepta. O da Nymphia é perfeito. Sem notas. Na verdade, compraria um livro com essa capa. Plane é cafona e não parece que nenhuma de suas histórias obrigatórias realmente aborde o tema de seu título, que é “afastar-se do desastre”.
No final das contas, Nymphia vence o desafio. Eu acho que a Nymphia poderia vencer a temporada com esse ímpeto? Talvez! Ainda é uma batalha difícil, embora eu ache que Plane saiu da corrida esta semana. Parece que o arco de Nymphia está praticamente completo com esta vitória – se esta revelação tivesse vindo no início da temporada, ela teria uma chance melhor. Se ela realmente fizer a dublagem final, eu posso ver sua vitória.
Plane e Q dublam como esperado, e Plane vence imediatamente. Não é uma dublagem épica, mas é boa o suficiente. Então Q vai para casa e Drag Race se compromete com seu primeiro top três desde a oitava temporada. Não é realmente justo, mas não se trata de justiça. É uma boa TV.
E temos um top3, para quem vai sua torcida: #TeamNymphia, #TeamPlaneJane ou #TeamSapphira?#DragRace
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DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Que desafio nostálgico, lembrou a primeira temporada em que Mama Ru era super envolvida em cada desafio, super engajada em dirigir e auxiliar as rainhas no que fosse preciso. Saudades dessa véia mais envolvida com o show.
Eu amo esse clima descontraído de fim de temporada. Vou sentir saudades da S16, não me divertia com uma temporada dos EUA assim desde a S12.
Em uma temporada com poucas brigas, não temos nenhuma no Untucked.
Estou a bordo do trem Sapphira para a escolha da vencedora. Mesmo assim, considerando o quanto Nymphia foi boa esta semana… mas seus pontos cegos são grandes demais para eu prever uma vitória.
Embora eu esteja muito entusiasmado com este episódio (claramente), não tenho certeza se fazer exatamente esse desafio a cada temporada funcionaria. As entrevistas começariam a parecer enlatadas, os títulos dos livros seriam pré-planejados, etc. Talvez apenas… fazer um novo desafio final a cada ano?
A produção deveria colocar online as histórias que as rainhas escreveram. Deixe-me julgá-las!
Breve resenha de DRUK vs the World 2: Feliz por Tia, desculpe, as pessoas têm sido tão vadias com ela online ultimamente. No geral: a temporada foi fofa! Não é de longe a minha favorita, mas claramente o melhor vs. the World até aqui. Mostra como o formato poderia funcionar, eventualmente.
Mama Ru anunciou que próximo episódio será um Lipsync Lalaparuza Smackdown das eliminada que premiará a campeã com 50 mil dólares. Para quem vai sua torcida???
Mama Ru anunciou que próximo episódio será um Lipsync Lalaparuza Smackdown das eliminada que premiará a campeã com 50 mil dólares. Para quem vai sua torcida??? #DragRace
— draglicious.com.br (@dragliciouz) April 6, 2024
Esse episódio merece 4.5 coroas.