Foi ao ar a Grande Final de RuPaul’s Drag Race All Stars 8! Leia a seguir a resenha. Contém spoilers daqui em diante.
RuPaul’s Drag Race All Stars 8 chegou ao fim, e o que todos esperávamos que acontecesse… aconteceu. Jimbo ganhou a coroa, e de verdade: Parabéns a Jimbo! Ela é uma rainha única, uma artista cuja presença valida a própria ideia de Drag Race. Sem esse show, não há como um palhaço drag queer com uma queda por seios gigantes, um senso de moda excêntrico, um timing cômico matador e uma sensibilidade distorcida seria celebrado em escala mundial. Sua vitória é um triunfo. É uma pena que tenha que acontecer desse jeito.
E por “desse jeito”, quero dizer, “em um episódio que ela claramente perdeu, depois de uma temporada chata ela claramente ganhou”. Está tudo bem, honestamente. Jimbo mereceu a vitória. Ela comeu a temporada; ela é uma artista verdadeiramente única e uma ótima adição ao Hall of Fame. Só parece um pouco anticlimático ver Kandy dizer que RuPaul é sua maior fã, ser o melhor dubladora (duas vezes) e depois perder.
Honestamente, considero isso um problema de produção. O programa decidiu há muito tempo que o formato definitivo de apresentação em Drag Race é a dublagem e a performance musical. Estruturalmente, faz sentido! Essas apresentações são normalmente divertidas de assistir, facilmente editáveis e algo que muitas drag queens fazem todas as noites. Mas quando você quer coroar uma vencedora que é notavelmente pior em dublagem do que sua oponente – como eles fizeram em duas temporadas consecutivas do All Stars agora – essa escolha torna a decisão final muito menos emocionante e faz o episódio final parecer sem sentido.
Vamos recuar um pouco, certo? Este é um episódio muito celebrativo de Drag Race, do início ao fim. Todas as rainhas eliminadas estão de volta e extremamente felizes por mais tempo de tela. Quando o episódio começa, elas falam sobre o quão bom foi seu show de variedades, elogiam uma à outra e aplaudem as duas finalistas – e não há um pingo de drama para ser visto. Pessoas felizes sendo felizes podem ser legais, mas depois de uma temporada que não foi particularmente animada, não parece que eu possa participar da empolgação delas. Como espectador, eu estava fora disso. Quando você tem tanto conteúdo retrospectivo, especialmente apresentado com um tom tão positivo, envia a mensagem de que a temporada acabou – e para a maioria das rainhas, acabou. Mas a folia delas parece vazia, visto que a temporada não é algo com que a maioria do público possa concordar, então não se conecta emocionalmente. É todo um conteúdo bastante descartável.
Há um breve momento de drama na manhã seguinte, quando Naysha diz que não acha que Jaymes deveria ter vencido o show de variedades. Jaymes responde dando de ombros.
Uma observação sobre o Fame Games: estou obcecado com o fato de que esse programa minimizou qualquer pretensão de existir em um continuum sensato de tempo-espaço. O anúncio do vencedor é feito no episódio, um reconhecimento tácito de algo que a maioria dos fãs já sabe: todas as opções de vencedora são filmadas e a reação da vencedora é totalmente encenada. Como o Fame Games foi votado pelos fãs, não há como acreditar que a eventual vitória de Lala foi a única filmada durante a temporada, a menos que você acredite que o show é filmado enquanto está no ar, o que claramente não é verdade, já que todas as rainhas estão se apresentando em todo o mundo enquanto a temporada é exibida. Isso não é tanto uma crítica, mas um pequeno detalhe estranho que me chamou a atenção. (Nota aos editores: Divulgue a versão vencedora de Monica Beverly Hillz!)
O desafio final para as duas finalistas é apresentar uma música escrita para elas pelo compositor geral de Drag Race, Leland. Jimbo recebe um número engraçado; Kandy consegue um número feroz. A grande “tensão” do episódio é se Jimbo consegue pegar a coreografia, o que ela consegue fazer bastante bem. É uma prova de quão baixas são as expectativas quando Naysha diz: “Honestamente, o fato de ela se lembrar da coreografia é impressionate”, todos concordam. Kandy, por sua vez, parece ótima nos ensaios. Este é o truque dela.
Quando se trata de números, o de Jimbo é muito fofo. Ela faz a coreografia, que é, como diria Naysha, impressionante por si só quando se trata de Jimbo. Ela está em uma versão de cor invertida de sua roupa de entrada da Drag Race Canada, que é uma escolha fofa. Mas, no final das contas, Jimbo é muito menos expressiva e interessante nesse tipo de situação do que quando ela está fazendo uma palhaçada para um show de talentos ou interpretando Shirley Temple no Snatch Game. Não é que ela faça um trabalho ruim; simplesmente não é o tipo de desempenho de superestrela que vimos em outros desafios. Em vez disso, nós, espectadores, temos que concordar com “bom o suficiente” porque ela é muito boa em outros desafios.
Kandy consegue uma faixa que soa como um lado B do álbum The Fame de Lady Gaga e uma coreografia muito mais pesada. No início do número, ela tem um pouco de problema com a conexão do rosto, mas no final ela está totalmente envolvida. É uma ótima performance e Kandy faz um trabalho admirável com uma pergunta difícil. Ela é ótima nisso, e é exatamente isso que Drag Race normalmente recompensa: drag feroz, carismática e estrela pop. Quando não é o suficiente para empurrá-la para a vitória, isso realmente me obriga a perguntar se esse tipo de número é a melhor maneira de mostrar o talento das rainhas em uma final.
Todas as garotas saem para a passarela final em seus melhores looks glamorosos. Monica está com o seu melhor look de toda a temporada. Poderia ter usado cabelos mais altos? Talvez sim. Naysha é natural nesse tipo de desafio, e ela parece ótima, mas a ilusão de nudez visível é uma implicância minha. Kasha está fazendo Cruella de Vil, apropriada para a idade, drag da velha Hollywood. Bom! Eu não amo a história das cores de Darienne. Jaymes claramente pensava “quanto maior, melhor”, e ela estava certa. Ainda assim, a ilusão de nude incomoda. Kahanna teria meu look favorito se não fosse pelo zíper gigante nas costas, mas ainda é fantástico. O vestido da Lala é ótimo. Sua rede de peruca ainda poderia ter tido um trabalho melhor. Em uma temporada de grandes vestidos, Alexis guardou o melhor para o final. Jessica parece ótima – que temporada para ela.
Quanto às duas finalistas: Jimbo parece ótima, mesmo que ela tenha usado looks mais criativos no passado. O vestido é maravilhoso e estranho, mas esse cabelo de drag tão na moda é meio decepcionante para uma rainha que é tão original. Kandy é provavelmente a mais polida que ela já pareceu. RuPaul às vezes pergunta por que você reinventaria a roda quando ela funciona bem, e Kandy prova esse ponto.
As duas finalistas são elogiadas por seu trabalho neste episódio e em geral nesta temporada. Lala Ri vence o Fame Games, provavelmente devido ao seu (bem merecido, na minha opinião) multiplicador de três vezes da semana anterior. Feliz por ela! O Fame Games sempre foi apenas uma desculpa para mostrar todas as rainhas em toda a sua extensão, mas estou feliz que Lala conseguiu algum dinheiro.
Na dublagem final, para “Do Ya Wanna Funk?” de Sylvester e Patrick Cowley, Jimbo tem peitos grandes, uma bunda grande e uma tonelada de adereços, enquanto Kandy serve uma dublagem que está mais de acordo com a simples interpretação da música. Embora eu goste da versão de Kandy, acho certo que Jimbo vença a temporada. Ela merece isso! É uma pena que não tenhamos uma final que mostre isso.
DESAQUENDANDO AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
O formato All Stars simplesmente não funcionou nesta temporada e, honestamente, fiquei ansioso por um retorno às regras normais de Drag Race. Ainda não entendo por que o All Stars precisa de uma reviravolta no formato quando você está obtendo retornos decrescentes e o formato original é vitorioso. Além disso, eu realmente espero que a solução seja não fazer outra temporada sem eliminação. Isso só funciona com All Winners e, mesmo assim, às vezes é duvidoso.
Espero que Jessica Wild vire uma mulher muito rica por causa desta temporada. Então tudo terá valido a pena.
Drag Race Down Under é o próximo da lista, o que me leva a dizer a todos vocês que, apesar do show de merda que foi a primeira temporada dessa franquia, a segunda temporada é muito charmosa! Eu recomendo que você fique chapado em algum domingo e assista a nova temporada. Além disso, uma das rainhas da terceira temporada se chama Ashley Madison, que representa uma nova fronteira em nomes de drag queen não pesquisáveis, ganhando o título sobre a rainha de Drag Race Canada, cujo nome era apenas “Beth”.
No fim foi uma ótima final e merece 5 coroas!
