Drag Race Holland

Dez erros: Drag Race Holland

Drag Race Holland deixou um gosto amargo na boca do fandom brasileiro, e agora você saberá quais são os 10 motivos que contribuíram para esta franquia ser tão impopular.

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Já são duas temporadas, 20 Rugirls lançadas e 17 episódios exibidos a contar com a reunião feita via podcast, porém, mesmo assim, a matemática não favorece em nada Drag Race Holland, a quinta franquia internacional de RuPaul’s Drag Race.

Estreada em 18 de setembro de 2020, esta versão holandesa da competição de RuPaul debutou na televisão no mesmo dia do aniversário de 44 anos da Fred, a apresentadora, entretanto, o que era para ser um motivo de felicidade e comemoração, no melhor estilo ‘You’re a winner, baby’, acabou gerando uma reação contrária, com a base de fãs brasileira dando, desesperadamente, seu justo Sashay Away para este spin-off.

Com a recepção fria e distante vinda aqui do Brasil, pelo menos pudemos respirar aliviados ao saber que durante sua transmissão, os episódios de Drag Race Holland eram disponibilizados com exclusividade na Holanda e Estados Unidos, e somente depois no restante do mundo, logo, as pessoas que vivem nestes países é que engoliram, de cara, o que em solo tupiniquim não emplacou de jeito algum.

Mas afinal, o que causa a má fama deste reality show no Ruverso? Por qual motivo o seu coração, frente a frente com a World of Wonder, não consegue dizer: “Shantay, You Stay?” É o que você descobre nas próximas linhas, Dragliciosa.

Legendas

Imagine a seguinte cena: a pessoa dá play em uma série, ansiosa para conferir o que todo mundo está comentando, mas quando ela inicia o áudio é em russo com texto em polonês, línguas que a sua fluência passa bem longe de ter intimidade, então, a experiência será a mesma de uma criança não alfabetizada ao ler um livro, restam as imagens e olhe lá. É o caso de Drag Race Holland e suas legendas, disponibilizadas pela WOWPresents+ em inglês, espanhol e português para não falantes do holandês, todavia, elas derrapam no quesito qualidade, o que interfere diretamente na experiência da audiência, afinal, com uma tradução muito ruim, que obviamente dificulta o entendimento do que se está assistindo, como as pessoas compreenderão piadas, frases de efeito, regras dos desafios, diálogos das drags e críticas dos jurados? O resultado é o afastamento delas.

Eliminações

Recheada de eliminações controversas, a primeira temporada de Drag Race Holland foi o palco para Patty Pam-Pam injustamente perder o lip sync pela vida do episódio dois, Give Face!, contra Madame Madness, que partiu tarde, em uma dublagem tripla ao lado de Ma’Ma Queen e Miss Abby OMG, no episódio quatro, Dancing Queens. Falando na Rugirl brasileira: ela estranhamente mandou Sederginne para casa, na semana seguinte, sendo que sua irmã, em termos de histórico competitivo, havia ficado quatro semanas consecutivas entre as três melhores. ChelseaBoy trilhou caminho parecido ao despedir-se de Drag Race após perder para Janey Jacké, que poderia ter levado seu Sashay Away no episódio seis. Uma situação estranha como o duplo Shantay de Ma’Ma e Abby, em Máxima – The Rusical, um veredicto sem coerência alguma, exatamente como vimos no quarto episódio da quarta temporada, Cinderella in Mokum, com The Countess vencendo, apenas por ser bonita e desfilar, o lip sync contra Ivy-Elyse Monroe. Na sequência, Thabitha deveria ter sido cortada ao lado de The Countess na dublagem tripla da semana posterior, Dearly Beloved (Family Resemblance), que teve também My Little Puny. Se tudo isto não é suficiente, o que você me diria sobre a não eliminação de Vivaldi no episódio seis, Spill The Coffee? E o que dizer a respeito dela eliminar Keta Minaj na semi-final? Não desce nem com coquetéis de frutas toda esta lambança.

Desafio sem pé e nem cabeça

O dia 25 de setembro de 2020 fez história no Ruverso com a exibição de Give Face!, da temporada inaugural de Drag Race Holland. Vencedoras do mini desafio que pedia para as rainhas decorarem tamancos e modelassem com eles, Envy Peru e ChelseaBoy receberam a vantagem de escolher suas parceiras de time para o desafio principal, um vídeo fitness com a sua assinatura pessoal. Divididas nos grupos Spice Up Your Sexlife e Gym Club 69, infelizmente, até hoje, mais de um ano depois, não se sabe qual foi o verdadeiro resultado produzido, porque simplesmente ele não entrou na edição final, com somente Fred e os jurados cientes de como os vídeos ficaram. Os poucos que assistiram este episódio ainda se perguntam o que aconteceu. Um erro completo, do início ao fim.

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Snatch Game

Sabe o que as duas edições holandesas do Snatch Game têm em comum? Ambas são sofríveis pelo conjunto da obra: personagens distantes da realidade brasileira, nível grande de despreparo para o improviso, piadas que não fazem rir e, claro, a cereja no bolo, a tradução de ponta que joga contra o próprio desafio. Não é à toa que o Snatch Game de Drag Race Holland 1 poderia ter rendido uma dublagem tripla com Miss Abby OMG, Sederginne e Ma’Ma Queen, no episódio cinco. Já na temporada seguinte, caso você a tenha assistido, é certo o seu sofrimento com a Cardi B de Ivy-Elyse Monroe e a Grace Jones de Love Masisi. Quando as Rugirls entenderão que cantoras são problemáticas no Snatch Game? Nós, o público, deveríamos ser ressarcidos ao passarmos por este tipo de constrangimento.

Passarela datada

No mesmo episódio do Snatch Game, transmitido em 16 de outubro de 2020, aconteceu a infame e ultrapassada passarela Half Man, Half Queen. Ora, sabemos que estas definições já não mais dão conta de acompanhar a evolução do mundo, sendo assim, o desconforto foi generalizado para ChelseaBoy e Ma’Ma Queen, que se identificam como pessoas não binárias, portanto, para esta categoria elas foram nos temas dançando com o diabo e metamorfoses. A discussão sobre este assunto teve um lado bom? Sim. Isto deve se repetir? Não, porque drag acompanha as transformações da sociedade, como tal, deve se atualizar, como RuPaul fez ao passar a dizer: “Racers, start your engines and may the best drag queen win”, devido a Ma’Ma Queen e ChelseaBoy.

Vivaldi

A pessoa realiza o sonho de virar Rugirl, vence um desafio principal, chega à final e fica no terceiro lugar. Até aí tudo bem, correto? Não se estivermos falando de alguém que, denunciada por Vanessa Van Cartier, admitiu utilizar um aparelho celular durante as gravações da segunda temporada de Drag Race Holland, com o qual buscava inspiração e comunicava-se com estilistas, o que é terminantemente proibido no Ruverso. A farsa fora descoberta no dia dez de setembro deste ano, no episódio Spill the Coffee, a última pá de terra jogada nesta franquia, porque é impossível torcer para quem trapaceia e apenas fingir que nada aconteceu. Vivaldi atrapalhou muito o programa e também é a terceira a quebrar as regras, depois de Willam, na quarta temporada americana, e Miss Gimhuay, na segunda de Drag Race Thailand.

Atuação

Definitivamente, o mundo das artes cênicas não é o safe space das rainhas de Drag Race Holland. Seja no fatídico Snatch Game ou qualquer outro desafio que exija atuação, os resultados são sempre desastrosos. Drama Queens, da primeira temporada, não me deixa mentir, não, assim como a versão do misterioso assassinato “De Moord op de Hak”, feito pelo elenco da segunda temporada no episódio sete, Whodunnit. Duas provas de que muitas Rugirls deviam apenas desfocar do lado atriz.

Lip syncs

Para abrir este tópico, vou lhe propor um desafio: diga-me, de cabeça, qual dublagem de Drag race Holland você lembra? Como bem desconfiei, nenhuma, mas a que aconteceu entre Vanessa Van Cartier e My Little Puny, na final da segunda temporada, é digna de visualizações, e para por aí, porque, dos 16 lip syncs desta franquia, a maioria não rendeu e por si só isto já é péssimo e diz muito.

Críticas

Elas são inconsistentes, mal editadas e não chegam a lugar algum na maior parte das vezes. Estou falando do elenco de Drag Race Holland, deve estar passando pela sua cabeça, mas não, refiro-me as críticas gerais de Fred, do corpo de jurados e convidados especiais. As análises ainda sofrem do mesmo problema que já falamos por aqui algumas vezes: a tradução péssima. Tudo isto junto ajuda a explicar a impopularidade desta competição.

Elenco

A Holanda não é um país grande, correto, porém, querer utilizar este argumento para não escalar pessoas trans em Drag Race Holland não tem cabimento algum. Veja só: são duas temporadas e 20 drag queens, com apenas uma delas sendo mulher trans, Vanessa Van Cartier, vencedora da edição mais recente. Transgêneros deviam fazer parte do programa desde o princípio e, por mais representativa que seja a presença de Vanessa, devemos admitir que isto tinha que ter acontecido antes, até mesmo porque é um tremendo absurdo o apagamento que transexuais sofrem dentro da arte drag, logo, a ausência do T da sigla da comunidade é devidamente sentida.

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Concluindo, Drag Race Holland ainda não mostrou a que veio e precisa, urgentemente, de uma reformulação para ter vida longa, afinal, qual é a função de um programa televisivo que não é assistido pelas pessoas? E você, qual é a sua relação com esta franquia?

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