O dia 11 de janeiro de 2019 não é uma data qualquer para Apiyarnan Jongpakdee, um tailandês nascido no dia 26 de agosto de 1991, em Nakhon Si Thammarat, um dos municípios mais antigos da Tailândia, com pouco mais de 100 mil habitantes.
Espera aí, meu caro. Você não sabe de quem eu estou falando? Minha convidada de hoje é uma das 14 concorrentes da segunda temporada de Drag Race Thailand, competição da qual ela saiu em sétimo lugar. Tormai é a estrela desta Who’s That Queen?
Atualmente radicada em Bancoque, onde concilia sua agenda de rainha com o Tormai Studio, especializado em design e moda, com foco em vestuário e roupas no geral, esta Rugirl fora a antepenúltima a entrar na sala de trabalho na estreia deste spin-off tailandês.
Confirmando que os últimos serão os primeiros, Tormai se assegurou de garantir a famosa boa primeira impressão logo de cara, no episódio um, Re-Born This Way. Encarregadas de fazerem um ensaio fotográfico como desafio principal, as drags também confeccionaram roupas para a categoria dez e 60 anos de idade. Tormai não ganhou, mas ficou entre as três melhores, algo que aconteceria novamente em sua segunda semana competitiva.
Em seguida, no episódio três, Thai Beauty, Tormai escapa por pouco do bottom dois ao ficar entre as três piores. Salva no episódio quatro, Mother and Daughter, ela chega perto da dublagem de novo, nos episódios cinco e seis, até finalmente fazer um lip sync pela vida, porém, não sozinha: na companhia de Genie e Vanda Miss Joaquim.
Este trio protagonizou a segunda dublagem tripla da segunda edição de Drag Race Thailand, na qual três lip syncs em trio foram feitos. De qualquer forma, elas tiveram seus destinos selados após falharem no desafio da passarela, que pedia uma roupa inspirada na culinária tailandesa. No fim do dia Genie foi eliminada e Tormai recuperou seu fôlego para o que viria pela frente.
Heavenly Snatch, exibido originalmente em primeiro de março de 2019, é o episódio do indefectível Snatch Game e, mais do que isto, a despedida de Tormai deste reality show. Um adeus com gosto amargo, visto que ela venceu o desafio interpretando Thapanee Ietrisrichai, entretanto, na passarela, seu desempenho no desfile de “cobrir e revelar” mostrara-se insuficiente e mais uma vez a dublagem pela vida bateu a sua porta. Desta vez contra Srimala, ao som de Lady Marmalade, com Christina Aguilera, Pink, Lil ‘Kim e Mya.
Aqui acaba a história de Tormai em Drag Race Thailand, todavia, no mundo real ela continua plena, ativa e disponível. Foi assim que fizemos a entrevista que você pode ler logo abaixo. Confira!
Tormai: você é natural de Nakhon Si Thammarat, um município do sul da Tailândia. Por falta de referências, não consigo imaginar como é morar lá. Você ainda mora nesta cidade? Como foi crescer como uma pessoa LGBTQIA +?
Sim, nasci em Nakhon Ratchasima. Depois de me formar no ensino médio me mudei para estudar na universidade em Bancoque. Minha vida de infância foi bem diferente da atual, pareço um nerd, hahaha! Não cresci muito no ambiente com os LGBTQIA+ ao meu redor. Mesmo estando na escola ou na comunidade, os LGBTs estavam bastante disponíveis no restrito naquela época, então, decidi focar nos estudos e nas atividades da escola. Todo verão eu ia à Bancoque para dar aulas particulares e por causa disso explorei meu mundo para conhecer mais a comunidade LGBTQIA+. Esse é o ponto de virada da minha vida. Comecei a me questionar e tentei aprender mais sobre mim até conseguir entrar para estudar na universidade com especialização em design de moda em Bancoque.
O que você estava fazendo quando soube da existência de Drag Race Thailand? Em que ponto você decidiu fazer o teste?
Depois que me formei em design de moda na universidade consegui um emprego como estilista em uma área da indústria do entretenimento, em Bancoque. Naquela época havia um Drag Race da Tailândia pela primeira vez. Meus amigos tiveram a chance de trabalhar nos bastidores lá, então eu também comecei a acompanhar o concurso desde esse momento. Assim que a segunda temporada chegou, meus amigos me aconselharam a fazer um teste, pois normalmente trabalhava nos bastidores e eu queria saber como é estar sob os holofotes, logo, decidi fazer o teste. Além disso, queria superar meu medo e autoconfiança, portanto, poderia provar que sou confiante o suficiente para fazer tudo o que quero.
Como foi preparar seu guarda-roupa para a competição? Todos os looks que você tirou funcionaram perfeitamente na hora?
Nas competições, quase todo mundo já preparou seus vestidos acabados, mas eu apenas preparei o pano e os materiais em vez do que era vestido inacabado antes de entrar no jogo, haha! Como eu gostaria de trabalhar colocando minha inspiração naquele momento para fazer uma função, eu posso fazê-la em um limite de tempo, e estou dizendo com segurança que ninguém pode me vencer com certeza. Se você está prestes a perguntar, os resultados sempre saem bons ou não, pode não ser porque há muitos fatores, no entanto, eu tento fazer tudo da melhor maneira possível e não me arrependo de ter feito isso.
No episódio sete você participou de uma dublagem tripla. Como ficou sua mente quando soube disto? Quantas vezes este lip sync foi gravado? Muito não foi mostrado ao público ou quase tudo foi mostrado?
Fiquei chocada na hora porque tinham três competidoras dublando, porém, tentei não pensar em nada, só queria fazer tudo da melhor forma. Em todas as fitas gravamos apenas uma dublagem somente uma vez. Tudo mostrado na transmissão era tão real.
Será lançado um livro sobre sua vida, uma biografia. No capítulo que fala sobre Art Arya e Pangina Heals, o que os leitores descobrirão?
Art Arya é minha professora desde que estudei design de moda e tive a oportunidade de fazer um estágio no meu último ano de estudo com ela. Ela me ensinou e abriu minhas novas perspectivas desde então. É meu modelo e inspiração para o meu trabalho como sempre, porém, Art não sabia bem que eu tinha interesse em fazer drag. A primeira vez que me conheceu e me viu como drag foi no dia da audição, haha! O que quero dizer é que P’Art não é só minha professora, mas também minha irmã e uma mamãe muito fofa. Obrigada por todos os conhecimentos que foram ensinados, todo o amor e todas as oportunidades que você me deu. Tormai ama muito P’Art. Também Pangina Heals, tenho seguido ela e tive a oportunidade de vê-la muito antes da minha competição. Estava realmente impressionada com sua habilidade até que tive a chance de assisti-la no programa. Ela me deu muitos conselhos, perspectivas e orientações. Eu fico maravilhada cada vez que vejo o show dela, é uma inspiração muito boa para mim. Muito obrigada e eu também a amo.
Passaram-se pouco mais de dois anos desde que a segunda temporada de Drag Race Thailand foi ao ar. Você se assiste nela?
O tempo voa tão rápido que ainda sinto que terminei de filmar ontem. Desde que a competição acabou, reassisti algumas vezes porque estou muito ocupada e não tenho muito tempo para assistir, no entanto, sempre vou me encontrar e festejar com essas garotas da competição quando tiver tempo.
Infelizmente, poucas drags de Drag Race Thailand lançaram canções. Você acompanha a drag music que é feita na Tailândia?
Tenho seguido algumas quando tenho tempo livre do trabalho. Sempre atualizarei as informações das minhas amigas. Embora a comunidade LGBTQIA+ seja aceita na Tailândia, ainda não há muito espaço para mostrarmos nossas habilidades quando não temos apoio suficiente. Também é o fator que nos impede de mostrarmos nossa capacidade ou ideias. Esperançosamente, haverá mais oportunidades e espaços no futuro para nós mostrarmos nossos talentos na sociedade tailandesa.
Se você pudesse formar um grupo pop de garotas com outras quatro drag queens tailandesas, quem você escolheria e por que motivo?
Se eu posso escolher quatro pessoas é bastante difícil também. Como cada uma tem forças diferentes, se eu realmente tiver que decidir, a primeira opção é a Angele Anang porque ela é uma pessoa muito boa e tem grandes intenções ao fazer tudo. A segunda eu escolho Kana Warrior porque ela tem um poder de atuação muito bom e pode me ensinar como atuar. A terceira seria a Maya B’halo porque nos entendemos perfeitamente e temos um bom trabalho em equipe. A última seria Srimala porque ela tem um senso de humor que tornaria o ambiente de trabalho mais colorido e agradável.
Há quanto tempo você trabalha como drag? Você se lembra exatamente quando começou? Qual é a sua primeira lembrança deste dia?
A primeira vez que fiz drag foi quando eu estava no terceiro ano de faculdade, evento naquela época. Ainda me lembro que estava tão nervosa e a peruca estava muito pesada, hahaha!
O que as pessoas precisam saber urgentemente sobre a cena drag tailandesa?
Para mim, drag é uma das artes que expressa quem somos e o que queremos dizer através do vestir, maquiar ou atuar. Como uma drag queen tailandesa, quero representar as artes, a cultura tailandesa e nossa identidade através de mim o máximo possível, permitindo que todos vejam nossas perspectivas e entendam a cultura tailandesa como a beleza da comunidade LGBTQIA+ na Tailândia. Se a situação dos surtos da Covid-19 for resolvida, espero que vocês queiram ter uma boa experiência na Tailândia, então vocês se apaixonarão por ela.
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