A primeira temporada de Drag Race Down Under será lembrada por todos os motivos errados. Mas ainda há uma decisão importante a ser tomada que realmente solidificará se Down Under é descartável ou merece outra chance.
A primeira vencedora da versão de Drag Race da Austrália e da Nova Zelândia deve ser alguém de quem possam se orgulhar. Alguém que representa o melhor que eles têm a oferecer e que seja uma embaixadora incrível dos valores da nação e da comunidade queer. Com isso em mente, resta apenas uma rainha que pode fazer isso.
Não precisava ser assim, e se o julgamento não parecesse tão cheio de favoritismo e decisões pré-planejadas, poderíamos ter um top 4 do qual nos orgulhássemos. Anita Wigl’it foi uma das primeiras favoritas dos fãs eliminada antes da hora depois de vencer o Snatch Game, acertando seu verso em Queens Down Under e, em seguida, injustamente indo para casa por um vestido feito de páginas de livro que foi considerado não original. Etcetera Etcetera merecia mais: ela era a rainha que chamou a atenção de Scarlet por ter feito blackface e trouxe um toque político atual e polido para a sala de trabalhos, foi uma ótima mistura de Drag Race Down Under trazendo novidade, e opinião e representatividade não-binária.
E então temos o Elektra Shock. Pobre, pobre Elektra Shock.
No sétimo episódio Elektra Shock mereceu a vitória. E ela merecia vencer a temporada.
Ela tinha o enredo definitivo de zebra. Uma rainha áspera e pronta que as outras competidoras nunca ouviram falar e subestimaram a cada chance que tinham. Scarlet e Etcetera foram francamente cruéis com ela na sala de trabalhos, mas ela perseverou. Ela recebeu críticas injustas no desafio de girlband depois de ARRASAR e foi dito que ela era “Beyoncé” demais. Porque, aparentemente, no mundo de Drag Race Down Under, ser comparado a Beyoncé é algo para ser criticado.
Mas a injustiça de Elektra nunca foi mais aparente do que depois do episódio do show de talentos do sétimo episódio. Elektra Shock foi a rainha mais talentosa no palco, fez uma das mais belas performances contemporâneas já realizadas em um show de talentos de Drag Race e com certeza trouxe isso com seu visual de passarela. E levou sashay away por isso. Mas não importava o que ela fizesse no palco naquela noite. Ela poderia ter feito o melhor drag que alguém já viu na vida, e a produção de Drag Race Down Under faria com que elafosse eliminada de qualquer maneira.
A produção estava se dirigindo para o top 4 que temos. Mas desses quatro, apenas uma delas merece uma coroa.
Não pode ser Scarlet Adams
Scarlet Adams é, sem dúvida, uma competidora feroz. No show de talentos, seu trabalho no pole [poste] foi de cair o queixo e seu desfile de showgirl emplumada foi drag de alta performance.
Mas seu passado racista ficou sem solução e sem consequências. Como alguém pode torcer por Scarlet em sã consciência? Drag Race Down Under tratou seu blackface e sua apropriação cultural como um obstáculo a ser superado no caminho para o final. Eles trataram como se ela estivesse superando clichês batidos de Drag Race como o “sabotador interno” ou “se sustentando em beleza”. Mas fazer blackface e ser criticado por racismo não é algo que pode ser ignorado, e isso torna Scarlet quase impossível de torcer.
Não sei por que Scarlet Adams foi escalada. Os diretores de elenco não examinaram os antecedentes das rainhas de antemão? Não é minha função perdoar o racismo de ninguém, mas se Scarlet está tomando medidas para educar e expiar seu passado, ela não deveria estar fazendo isso com uma coroa na cabeça.
Não pode ser Karen From Finance
Karen From Finance era uma rainha australiana que a maioria dos fãs de drag já conhecia. Trixie e Katya citaram seu nome várias vezes no UNHhhh e com um nome tão divertido quanto o dela é fácil dizer por que o interesse das pessoas foi despertado.
A produção de Drag Race Down Under claramente sabia disso ao lançar o elenco, e durante toda a temporada parecia que Karen já era esperada no top 4 e também para ser bem sucedida de modo geral em Drag Race
Mas o fato é que Karen não é tão grande quanto o legado de seu nome poderia ter deixado as pessoas esperando. Ela errou em vários desafios. Seu verso em Queens Down Under foi irrelevante e seu desafio de costura foi simples. Seu show de talentos foi ruim. Ela mereceu ser eliminada em várias ocasiões, mas parece ter uma passagem só de ida para o top 4, não importa seu desempenho.
Adicione ao passado a tatuagem e coleção de bonecos golliwog de Karen e sua tatuagem que ela orgulhosamente deu uma entrevista defendendo em 2016 que AINDA não foi abordada no programa e você teria uma vencedora que não é apenas indigna, mas que pareceria moralmente errado e em desacordo com os valores de Drag Race (leia sobre aqui).
Não deveria ser Art Simone
Art Simone é uma rainha talentosa, mas uma vitória para ela seria simplesmente injusta.
Ainda não tivemos respostas ou validação sobre por que ela foi trazida de volta à competição depois de ser eliminada, e ainda parece tão errado quanto foi no episódio quatro. Art não precisou vencer ou provar nada para voltar a entrar na competição, apenas… aconteceu.
Como isso é justo? É injusto para qualquer uma das rainhas eliminadas que não tiveram a mesma chance. É injusto para as rainhas que permaneceram na competição que Art tenha faltado uma semana e apenas continue competindo. E é insatisfatório para a televisão coroar um competidora quando não parece válido que ele ainda esteja lá.
Não é culpa de Art Simone e sinto pena dela porque é um movimento da produção que pesou contra ela. Mas isso não significa que ela deva ser uma vencedora de Drag Race.
Basta dar a coroa para Kita Mean
Neste ponto, a única campeã satisfatória é Kita Mean.
Ela teve um desempenho justo em toda a competição. Ela acertou o verso no desafio de girlband em Queens Down Under, ela aniquilou todas as outras competidoras em seu desafio de transformação. Ela tem sido uma presença divertida durante toda a temporada, tem um bom desempenho sem sentir que a produção a está influenciando e é uma embaixadora agradável e experiente da franquia.
Ela cair no bottom 2 no penúltimo episódio da temporada foi ultrajante para dizer o mínimo. Sua apresentação no show de talentos com várias truques e revelações de figurino foi incrivelmente impressionante, e seu visual futurista digno do clipe de Rain On Me, Chromatica realness, foi meu visual favorito em Down Under até agora.
A coroa merece ser de Kita. E se não for, a segunda temporada de Drag Race Down Under pode muito bem ser esquecida no churrasco.
Artigo por The Tab. Para ler mais notícias da S1 de Drag Race Down Under clique aqui.